- 'Bico' de assessor reforça gabinete de Carluxo como epicentro de maracutaia

 Leonardo Sakamoto 

Colunista do UOL
19/05/2023 09h14
Mobile - Cúpula do PL/Uerj:  Rogério Cupti (à esq.), assessor de Carlos Bolsonaro; Jair Bolsonaro e o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, (ao centro) e o senador Carlos Portinho (PL) (à dir.) - Reprodução/Arte UOL
Mobile - Cúpula do PL/Uerj: Rogério Cupti (à esq.), assessor de Carlos Bolsonaro; Jair Bolsonaro e o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, (ao centro) e o senador Carlos Portinho (PL) (à dir.) Imagem: Reprodução/Arte UOL

Um dos principais assessores de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) recebeu quase R$ 90 mil em meio a um esquema de pagamentos secretos do governo do Rio durante o período eleitoral do ano passado. Isso reforça as suspeitas de que o gabinete do filho 02 de Jair opera como um dos epicentros das maracutaias da República.

Além da grana recebida por Rogério Cupti diretamente da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, uma tia do assessor também levou outros R$ 91 mil da instituição. Questionado por Ruben Berta e Igor Mello, do UOL (que vêm, há meses, descascando esse abacaxi dos pagamentos secretos através de serviços de treinamento educacional inexistentes), ele não quis dizer qual serviço os dois prestaram à universidade.

A questão é relevante. O assessor estava mesmo dando aulas em projetos sociais ou o "bico" para a gestão do governador Cláudio Castro (PL) foi uma forma de complementar a sua renda por serviços prestados à família Bolsonaro?

A esse caso somam-se as investigações do Ministério Público que apontam que Carlos Bolsonaro recebeu R$ 129,5 mil em depósitos em dinheiro vivo, dos quais R$ 91 mil sem origem identificada, durante seu mandato como vereador da capital fluminense. Um dos créditos, segundo a Folha de S.Paulo, teria sido feito uma semana antes de ele ter comprado um imóvel em Copacabana.

O MP apura peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo e avalia se Carluxo pode ser o chefe do esquema. Juliana Dal Piva vem revelando no UOL como a segunda esposa de Jair e madrasta do vereador, Ana Cristina Valle, e sete de seus parentes, foram empregados como funcionários fantasmas no seu gabinete. Aponta que ela recebeu um total de R$ 385,8 mil em 177 depósitos em dinheiro entre 2005 e 2021, tendo sido chefe da equipe de Carlos entre 2001 e 2008.

É conhecida a preocupação de Jair com a possibilidade de decretação de uma prisão preventiva do filho 02, seu estrategista digital. Primeiro caso de "vereador federal" do país, e figura sempre presente no Palácio do Planalto, ele não tem foro privilegiado ao contrário dos irmãos, o deputado federal Eduardo e o senador Flávio.

Desde a postagem de um vídeo golpista na conta de Bolsonaro no Facebook, em 10 de janeiro, já circulava a avaliação por parte de aliados do ex-presidente que isso foi um tremendo erro de Carluxo e equipe, que controlam as redes do ex-presidente.

Para proteger o rebento e a si mesmo, Jair teve que se sujeitar a um "foi mal, tava doidão" para a Polícia Federal, afirmando que defendeu golpe de Estado porque estava sob efeito de morfina no hospital. Ser pai é padecer no paraíso, mas no caso de Jair, é afirmar estar chapadão para evitar que ele e filho se encaminhem à prisão.

Com o país ainda perplexo diante de uma horda de bolsonaristas que invadiu, vandalizou e roubou o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF, em 8 de janeiro, Bolsonaro acabou incentivando ainda mais a violência com a postagem. Por conta disso, o ministro Alexandre de Moraes determinou que fosse ouvido no inquérito da Polícia Federal que investiga os autores intelectuais dos atos golpistas a pedido da Procuradoria-Geral da República.

A série de reportagens de Ruben Berta e Igor Mello vem mostrando que o governo Cláudio Castro usou órgãos ligados à educação, como a Fundação Ceperj e a Uerj, para bancar pessoas ligadas a aliados políticos. As reportagens, que levaram a uma investigação do Ministério Público, contam um cenário de terra-arrasada: cargos secretos, funcionários-fantasma, alunos de mentira, vultuosos saques em dinheiro, rachadinhas, enfim, financiamento de cabos eleitorais e assessores de aliados com recursos que deveriam ser gastos na construção do futuro.

Enquanto isso, as rachadinhas continuam na moda, mesmo sendo uma tecnologia antiquada de desvio de dinheiro público. Além das evidências que apontam para a sua utilização nos gabinetes de Carlos, Flávio e Jair, investigação da Polícia Federal aponta que elas podem ter ocorrido também no Palácio do Planalto.

Reportagem de Aguirre Talento, no UOL, relevou indícios de que dinheiro de uma empresa com contratos com o governo federal pagava um cartão crédito usado pela ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, caía na conta de sua tia e bancava boletos do seu irmão. Diálogos descobertos no celular do ex-faz-tudo de Jair, mostravam o tenente-coronel Mauro Cid tentando avisar Michelle que esse tipo de movimentação desaguaria em denúncia.

A uma das assessoras da então primeira-dama, Cid foi claro: "O Ministério Público, quando pegar isso aí, vai fazer a mesma coisa que fez com o Flávio [Bolsonaro], vai dizer que tem uma assessora de um senador aliado do presidente, que está dando rachadinha, tá dando a parte do dinheiro para Michelle".

Não surtiu efeito. Hoje, Jair indica que pode abandonar Cid, como sempre faz com aliados para se proteger, e o tenente-coronel, que está preso, aponta que não vai aceitar arcar com a bomba sozinho. Um aviso que os demais assessores da família não deveriam ignorar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL 

https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2023/05/19/grana-de-assessor-reforca-gabinete-de-carluxo-como-epicentro-de-maracutaia.htm

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