Depoimento à PF: Bolsonaro diz que não se lembra quem o avisou sobre as joias

 Ex-presidente também afirmou que só ficou sabendo a respeito dos supostos presentes da Arábia Saudita um ano depois de Bento Albuquerque trazê-las ao país

Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente do Brasil
Bolsonaro mostra caneca Bic em um dos inúmeros intentos de criar a imagem de homem simples e desapegado. Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente do Brasil Créditos: Carolina Antunes/PR

Por Raphael Sanz

POLÍTICA 5/4/2023  

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve na sede da Polícia Federal em Brasília, nesta quarta-feira (5), onde afirmou em depoimento que só teve conhecimento da existência das joias as quais é acusado de adicionar de forma irregular ao seu acervo pessoal em dezembro de 2022, um ano depois da entrada das mesmas no país. Além disso, o líder da extrema direita brasileira também afirmou que não se lembra quem o teria avisado sobre o pacote de joias avaliado em R$ 16,5 milhões que estaria retido na Receita Federal do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O depoimento de Bolsonaro durou cerca de 3 horas. O ex-presidente falou a respeito dos 3 pacotes de joias dados supostamente a ele e sua esposa Michelle pela ditadura da Arábia Saudita. Após a sessão, foi para a mansão onde está morando em Brasília.

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O primeiro pacote, endereçado à ex-primeira-dama, continha um jogo de joias de alto luxo avaliado em R$ 16,5 milhões e acabou apreendido pela Receita Federal quando o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentava trazê-lo ao país sem fazer a devida declaração.

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Um segundo pacote, que Bento Albuquerque e sua comitiva conseguiram contrabandear na mesma ocasião, foi entregue a Bolsonaro em dezembro do ano passado. Avaliado em cerca de R$ 400 mil, o pacote continha peças como abotoaduras, caneta, relógio e rosário da marca Chopard – a mesma do primeiro pacote. O ex-presidente entregou este segundo pacote recentemente.

Logo após a entrega dele, surgiu um terceiro e mais antigo pacote de joias, que remonta de sua primeira visita ao país, em 2019. Dentro dele, um relógio Rolex de ouro e diamantes acompanhado de outras joias. O valor avaliado é de aproximadamente R$ 500 mil. Somados, os 3 pacotes beiram os R$ 18 milhões, uma quantia e tanto para alguém que sempre vendeu a imagem de homem simples e desapegado de itens de luxo.

Entre as explicações de Bolsonaro à PF nesta tarde, uma delas vem justamente para “corrigir” essa contradição. O ex-presidente afirmou que tentou reaver as joias para evitar um suposto “vexame diplomático com a Arábia Saudita”. Seu principal medo era que caso os sauditas tomassem conhecimento da apreensão das joias na Receita Federal, o governo e a diplomacia brasileira seriam constrangidos com a situação.

Em teoria, presentes desta natureza deveriam ser enviados ao acervo da Presidência da República ao invés do acervo pessoal do presidente. O inquérito da PF sobre o qual Bolsonaro foi ouvido busca justamente investigar possíveis crimes de peculato do ex-presidente nas suas tentativas de ficar com as joias.    

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