Deputados querem mais pela ajuda –
O Bastidor
O governo estava certo de que a PEC Kamikaze seria aprovada em dois turnos ontem mesmo pela Câmara.
Estava tão convicto que, no meio da tarde, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, ligou para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para pedir que ele promulgasse a emenda à Constituição nesta sexta mesmo.
Não foi assim.
Mesmo com 427 deputados em plenário, o presidente da Câmara, Arthur Lira, adiou a votação para terça-feira, 12.
Segundo um interlocutor, Lira preferiu segurar a votação por mais uma semana para "aumentar a capacidade de negociação" dos deputados com o governo.
Nas últimas duas semanas, o governo liberou 6 bilhões de reais em emendas justamente para assegurar a votação da PEC.
Com a manobra, Lira aumentou as chances para que seus pares cobrem mais algumas emendas do governo.
São mínimas as chances de a PEC ser derrotada.
Pois, como o Bastidor informou, até a oposição se comprometeu a votar a favor após acordo com Lira: em troca da PEC Kamikaze, ele colocará em votação a PEC da Enfermagem, que estabelece um piso para a categoria.
A estratégia do adiamento, portanto, é apenas uma manobra para favorecer Lira em sua campanha à reeleição no comando da Câmara.
Afinal, ele agrada seus pares ao dar prioridade a eles, não ao governo.
O adiamento para votar na próxima semana a criação de benefícios e a ampliação de outros foi uma derrota que desceu torta no Palácio do Planalto.
O próprio presidente Jair Bolsonaro reclamou com Arthur Lira.