Após 3 anos, Marta Suplicy se desfilia do MDB e anuncia que não disputará reeleição
Em carta, senadora afirmou que, neste momento, atuará na sociedade civil, não mais no parlamento. Blog informou que ela estava entre cotados para compor chapa de Henrique Meirelles.
A assessoria da senadora Marta Suplicy (SP) divulgou uma carta nesta sexta-feira (3) na qual informou que ela se desfiliou do MDB, não disputará a reeleição e passará a atuar na sociedade civil, deixando o Congresso Nacional.
Ex-prefeita de São Paulo (2001 a 2004), Marta se filiou ao MDB em setembro de 2015 após 33 anos no PT. 
"Anuncio que não concorrerei à reeleição a senadora da República pelo estado de São Paulo e comunico a minha desfiliação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB)", afirmou.
 Pouco antes de a carta de Marta Suplicy ser divulgada, o MDB já havia informado a desfiliação: 
"O presidente do MDB, senador Romero Jucá, confirma o pedido de desfiliação da senadora por São Paulo, Marta Suplicy, que sai por motivos pessoais".
>>> Leia mais abaixo as íntegras da carta de Marta Suplicy e da nota do MDB
 Mais cedo, nesta sexta, o colunista do G1 e da GloboNews Valdo Cruz informou que Marta estava entre os cotados para compor a chapa de Henrique Meirelles, candidato do MDB à Presidência. 
 Na ocasião em que se filiou ao MDB, em um evento em São Paulo, Marta se
 dirigiu ao presidente Michel Temer, à época presidente do partido, e 
afirmou que ele era a pessoa capaz de reunificar o país. 
 "A gente quer um Brasil livre da corrupção [...]. Michel, conte comigo 
para reunificar os sonhos, reunificar o país. Vamos todos unir o 
Brasil", disse Marta, à época. 
Íntegra
>>> Carta de Marta Suplicy 
 Leia abaixo a íntegra da carta de Marta Suplicy, enviada pela assessoria da senadora: 
CARTA AOS PAULISTAS
Muitas
 vezes, vi-me em tempos de travessia. 
Em alguns deles, acreditei ter 
luzes no outro lado do rio.
Agora, com toda a energia necessária para 
continuar remando, tomei a decisão sobre o futuro da minha vida 
política, encarando a realidade de frente, para poder seguir com 
coerência, ousadia e coragem.
Anuncio
 que não concorrerei à reeleição a senadora da República pelo Estado de 
São Paulo e comunico a minha desfiliação do Movimento Democrático 
Brasileiro (MDB).
Não
 é novidade que os partidos políticos brasileiros, de forma geral, 
encontram-se fragilizados, acuados e sem norte político. 
Não mais 
conseguem dar respostas à crise de credibilidade que se abateu sobre 
eles e nem tampouco estão empenhados na mudança de posturas que os 
levaram à mais grave crise de suas histórias. 
Orientam suas 
movimentações políticas pela lógica exclusiva de fazerem crescer suas 
bancadas parlamentares com o objetivo perverso e mesquinho de 
fortalecerem-se na divisão e loteamento de cargos e espaços de poder.
A
 relação de grande parte dos partidos e de parlamentares com o Executivo
 na base de nomeações e vantagens levou ao insuportável “toma lá dá cá”,
 afrontando todos os padrões de dignidade e honradez da sociedade. Esse 
sistema faliu e precisa ser, urgentemente, reformado.
O
 Congresso Nacional, hoje, na sua maioria, não tem se colocado a favor 
das causas progressistas, fundamentais para o avanço da sociedade. Ao 
contrário, tornou-se refém de uma agenda atrasada dos costumes da 
sociedade, negando-se a reconhecer e a regulamentar as relações entre as
 pessoas de forma a contemplar as diversidades das sociedades modernas e
 a respeitar os direitos individuais do ser humano. 
Quero
 agradecer aos 8,3 milhões de paulistas que me deram a oportunidade de, 
nos últimos 8 anos, trabalhar como senadora defendendo as bandeiras que 
me levaram à vida pública: o combate às desigualdades e às injustiças 
sociais, a militância pelos direitos de cidadania das mulheres e da 
população LGBTI e pela igualdade de oportunidades para todos.
Neste
 momento, creio que poderei contribuir mais para mudanças atuando na 
sociedade civil do que continuando no parlamento. 
Permanecerei 
participando politicamente da vida pública brasileira. 
A partir de 2019,
 não mais como parlamentar, mas em todas as trincheiras que me levem ao 
lado da defesa dos interesses dos mais pobres, dos injustiçados e na 
luta pelo empoderamento das meninas e das mulheres.
Estou
 convencida de que o Brasil precisa de um projeto nacional de 
desenvolvimento estruturado que abranja setores fundamentais para o 
crescimento do país. Temos de aumentar, significativamente, a produção e
 a riqueza. 
Isso possibilitará todo brasileiro e toda brasileira terem 
educação de qualidade, saúde, segurança e um emprego para trabalhar e 
viver com dignidade. 
 São Paulo, 03 de agosto de 2018.
Senadora Marta Suplicy 
Por Delis Ortiz, Filipe Matoso e Gustavo Garcia, TV Globo e G1, Brasília