Também houve protestos do lado de fora do prédio em que passa a
funcionar a embaixada americana. A polícia tentou conter e afastar os
manifestantes, e 14 pessoas foram detidas.
A cerimônia de abertura foi conduzida pelo embaixador americano em Israel, David Friedman.
Em uma mensagem gravada em vídeo, o presidente Donald Trump
disse que era necessário "admitir o óbvio": que a capital de Israel é
Jesusalém. Também afirmou que os EUA estão comprometidos com a paz na
região.
"Os
EUA continuam totalmente comprometidos em facilitar um acordo de paz
duradouro. Os EUA sempre serão um grande amigo de Israel e um parceiro
na causa da liberdade e da paz", disse Trump.
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que estava "profundamente emocionado e profundamente grato".
"Que dia glorioso. Lembrem este dia. Que dia histórico!", afirmou.
"Este é um momento histórico. Presidente Trump, ao reconhecer o que pertence à história, você fez história", disse Netanyahu.
Entre as personalidades israelenses também estavam presentes o
presidente de Israel, Reuven Rivlin, e o prefeito de Jerusalém, Nir
Barkat. Entre a delegação americana, Ivanka Trump e Jared Kushner, filha
e genro e conselheiros do presidente americano, e Steven Mnuchin,
secretário de Tesouro dos EUA.
A nova embaixada está no bairro de Arnona, em Jerusalém Ocidental, num
prédio construído em 2010. Parte do terreno era considerada, até a
Guerra dos Seis Dias (1967), terra de ninguém.
Confrontos em Gaza
Na fronteira com a Faixa de Gaza, milhares de palestinos se reuniram em
diversos pontos e pequenos grupos se aproximaram da cerca de segurança
vigiada por soldados israelenses. Os grupos tentaram avançar contra a
barreira e lançaram pedras na direção dos soldados, que responderam com
tiros.
Após os confrontos, o Exército de Israel anunciou que lançou
bombardeios contra alvos do Hamas, o movimento islâmico palestino que
governa a Faixa de Gaza. "Os aviões atacaram os postos militares do
Hamas perto de Jabalia, depois que as tropas receberam disparos vindos
do norte da Faixa. Nenhum soldado ficou ferido", indicou o exército em
comunicado.
A Autoridade Palestina acusou Israel de cometer um "massacre horrível"
na fronteira. A Anistia Internacional pediu a Israel o fim da
"abominável violação" dos direitos humanos na Faixa de Gaza. A OLP
(Organização para a Libertação da Palestina) anunciou uma greve geral
nos territórios palestinos para esta terça, em luto pelo "martírio" na
Faixa de Gaza.
A União Europeia pediu "máxima moderação" depois das mortes em Gaza.
A decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e
de transferir a representação diplomática de Tel Aviv para essa cidade é
muito polêmica e foi criticada pela União Europeia e por países árabes
porque rompe com o consenso internacional de não reconhecer a cidade
como capital da Palestina ou de Israel até que um acordo de paz seja
firmado entre as duas partes.
A liderança da Autoridade Palestina se recusa a conversar com os
representantes do governo Trump desde o anúncio da transferência da
embaixada, nem sequer com o genro do presidente, Jared Kushner, que
havia sido designado para estimular o processo de paz.
Nesta segunda, o governo do Reino Unido ressaltou seu desacordo em
relação à transferência da embaixada americana e deixou claro que a
delegação britânica continuará em Tel Aviv.
A Rússia expressou o temor de que a tensão aumente em toda a região do
Oriente Médio. O Líbano classificou a mudança como uma "nova catástrofe"
para os palestinos.
O Irã condenou a mudança da embaixada e advertiu que esta medida só
fortalecerá "a determinação da nação palestina oprimida para resistir à
ocupação" de Israel.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar "profundamente
preocupado" e pediu uma "necessária contenção" perante as notícias
sobre a morte de um "número significativo" de pessoas.
No conflito entre Israel e palestinos, o status diplomático de
Jerusalém, cidade que abriga locais sagrados para judeus, cristãos e
muçulmanos, é uma das questões mais polêmicas e ponto crucial nas
negociações de paz.
Israel considera Jerusalém sua capital eterna e indivisível. Mas os
palestinos reivindicam parte da cidade (Jerusalém Oriental) como capital
de seu futuro Estado.
Apesar de apelos por parte de líderes árabes e europeus, e de
advertências que a decisão poderia desencadear uma onda de protestos e
violência, Trump resolveu adotar uma nova abordagem sobre o tema,
considerando que mesmo com a postura anterior dos EUA, a paz na região
até hoje não foi atingida.
Atualmente, a maioria dos países mantém suas embaixadas em Tel Aviv,
justamente pela falta de consenso na comunidade internacional sobre o
status de Jerusalém. A posição da maior parte da comunidade
internacional é a de que o status de Jerusalém deve ser decidido em
negociações de paz.