Copom - Banco Central mantém taxa básica de juros em 6,5% ao ano - A decisão surpreendeu o mercado, que esperava uma redução
Banco Central mantém taxa básica de juros em 6,5% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu hoje (16) manter os juros básicos da economia brasileira em 6,5% ao ano. A decisão surpreendeu o mercado, que esperava uma redução da taxa.
A decisão interrompeu um ciclo de 12 quedas consecutivas e foi tomada
por unanimidade entre os integrantes do Conselho. A taxa Selic, no
entanto, permanece no menor nível desde o início da série histórica do
Banco Central, há 32 anos.
Analistas financeiros e o próprio BC sinalizavam que poderia haver
ainda mais um corte na taxa, de 0,25%, antes da interrupção da queda,
mas o cenário externo mais volátil influenciou a decisão do Copom de não
reduzir os juros dessa vez.
"O cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou
volatilidade. A evolução dos riscos, em grande parte associados à
normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu
ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve
redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes", diz um
trecho da ata do Copom.
A decisão ocorre dias depois do país enfrentar uma valorização expressiva do dólar
no mercado de câmbio. Em quatro dias seguidos de pregão, a moeda
norte-americana sofreu valorização de 3,71% e encerrou o dia
de hoje negociada a R$ 3,694. Para o governo, a alta é um movimento de
curto prazo.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao
ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em
julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros
básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março, o
nível mais baixo até então. Quanto menores os juros básicos, menores são
os custos do crédito com incentivos para a produção e o consumo.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob
controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o IPCA acumula 2,76% nos 12 meses terminados em
abril, abaixo do piso da meta de inflação, que é de 3%.
O centro da meta
de inflação em 2018 é de 4,5%, com limite inferior de 3% e máximo de
6%. Para 2019, a meta é 4,25% com intervalo de tolerância entre 2,75%
e 5,75%.
No comunicado em que anunciou a decisão de hoje de manter a taxa
Selic em 6,5% ao ano, o Copom informou que o comportamento da inflação
permanece em uma tendência favorável, com preços mais sensíveis aos
juros e ao ciclo econômico em níveis baixos.
"O Comitê julga que o
comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de
inflação subjacente em níveis ainda baixos, inclusive os componentes
mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária", afirma a
nota.
O ritmo de corte já vinha caindo. Entre abril de setembro do ano
passado, o Copom havia reduzido a taxa em 1 ponto percentual a cada
reunião. Em outubro, o corte foi de 0,75, passando para 0,5 ponto em
dezembro e para 0,25 ponto percentual nas reuniões seguintes, entre
fevereiro e março, até a interrupção de queda agora.
Inflação
O mercado financeiro também reduziu essa semana
a projeção para a inflação, medida pelo IPCA, de 3,49% para 3,45%, para
este ano. Para 2019, a estimativa foi ajustada de 4,03% para 4%.Do fim
de 2016 ao fim de 2017, a inflação começou a diminuir por causa da
recessão econômica, da queda do dólar e da supersafra de alimentos.
Depois de uma pequena subida no fim do ano passado, por causa dos
reajustes dos combustíveis, os índices voltaram a cair no início deste
ano. O recuo foi motivado por novas quedas nos preços dos alimentos e
dos serviços, setor ainda afetado pela demora na recuperação da
economia.
Crédito e crescimento
A taxa Selic é o índice que modula os juros cobrados na economia e
tornam o acesso ao crédito mais ou menos caro, podendo estimular a
economia por meio do aumento da produção e do consumo. Para o Copom, no
comunicado em que oficializou a manutenção dos juros em 6,5% ao ano, "os
últimos indicadores de atividade econômica mostram arrefecimento, num
contexto de recuperação consistente, mas gradual, da economia
brasileira".
Segundo o boletim Focus mais recente, os analistas econômicos
projetam crescimento de 2,51% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a
soma dos bens e serviços produzidos pelo país, em 2018.
A estimativa
decrescente coincide também com a queda de 0,13% no Índice de Atividade
Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, anunciado também hoje.
Nos 12 meses encerrados em março, o indicador apresentou crescimento de
1,05%. No próximo dia 30, é a vez do IBGE anunciar o resultado oficial
do PIB no trimestre encerrado em março.
Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil