Educação deve fazer as pessoas se conectarem com seus talentos, diz Ken Robinson
A vontade de aprender não é o problema principal nas escolas, mas a
própria organização dos sistemas de ensino. É o que defende um dos
educadores mais populares do mundo, Ken Robinson, declaradamente contra
qualquer forma de padronização do ensino.
Com o vídeo Será que as escolas matam a criatividade
Robinson foi visto mais de 43 milhões de vezes na plataforma TED [sigla
para Tecnologia, Entretenimento e Design], organização global que tem
por objetivo disseminar boas ideias. Robinson participou da British
Educational Training and Technology (BETT) Show em Londres, onde falou
para mais de mil educadores, estudantes e visitantes da feira.
“A educação tem um papel fundamental e profundo em fazer as pessoas se conectarem com os próprios talentos”, defende Robinson.
Para ele, as escolas devem ter autonomia para desenvolver as próprias formas de abordagem e dar ênfase a conteúdos que considerarem fundamental para estudantes de determinada região e realidade.
Segundo o especialista, a maior parte dos sistemas educacionais do mundo vão na contramão de valorizar o indivíduo, com massificação e padronização excessiva do que deve ser ensinado e quando se deve ensinar. “Nos últimos 20 anos, os governos têm tentado melhorar a educação e não têm sido bem-sucedidos.
Isso ocorre, em parte, porque as pessoas que fazem as reformas não sabem muito de educação e, em parte, porque querem padronizar, tomar controle de tudo, do currículo e outros aspectos. E ainda porque incentivam a competição, seja entre professores, seja entre alunos”, criticou.
Ken Robinson é autor, palestrante e consultor internacional em educação e artes. Por 12 anos foi professor de educação em artes na Universidade de Warwick, no Reino Unido.
Ele liderou projetos nacionais e internacionais de educação criativa e cultural no Reino Unido, em outros países da Europa, e também na Ásia e nos Estados Unidos.
Para o consultor, uma vez que as pessoas são diferentes e estão inseridas em contextos diferentes, as escolas deveriam ser capazes de identificar as melhores maneiras de ensiná-los e de fazer com que cada estudante avance em ritmo próprio. “As crianças amam aprender.
Aliás, todos amam aprender, mas alguma coisa acontece na maneira como organizamos a nossa escola. Muitas pessoas vão à escola e acabam por não se sentir inteligentes ou capazes. Não porque não sejam, mas porque o sistema não foi capaz de identificar no que eles são bons.”
De acordo com Robinson, todo o sistema educacional deve ser revisto, desde as questões mais fundamentais, como a divisão do aprendizado por idade. “Educamos por idade. Por que?
A escola é o único lugar em que separamos as crianças e adolescentes assim. Quando eles saem, não vivem assim.
O sistema cria um problema. Alguns aprendem mais rápido ou mais devagar e poderiam ser agrupados independente da idade”, sugere. “A escola é uma comunidade para o aprendizado, para que pessoas aprendam de e com outras.
O coração de uma boa escola não é a escola em si, mas a relação entre estudantes e professores. Em termos de espaço físico, as escolas podem ser em qualquer lugar”, acrescenta.
Ciência no Youtube
O youtuber Charlie McDonnell, dono do canal charlieissocoollike e do projeto Fun Science (Ciência Divertida) também esteve no BETT Show. Ele começou a disponibilizar vídeos online sobre ciências quando tinha 16 anos. Hoje, nove anos depois, conquistou mais de 2,3 milhões de seguidores após ser o primeiro youtuber do Reino Unido a conquistar um milhão de assinantes.
“Quero despertar nas pessoas a mesma paixão que eu tenho por ciências. Quando estava na escola, ciências era uma matéria como qualquer outra. Um dia, entendi que não é apenas uma disciplina, mas a forma como o ser humano entende o mundo ao redor e do qual faz parte”, diz. “Se as pessoas se importassem e tivessem um conhecimento mínimo de ciências poderíamos mudar questões como o aquecimento global.”
Para McDonnell, o segredo para conquistar seguidores e despertar o interesse dos espectadores é primeiro estar apaixonado pelo que se está explicando. “Se eu entendo e tenho interesse, esse é o primeiro passo para fazer com que os outros também se interessem. Depois eu tenho simplificar e explicar de uma forma que eu mesmo entenderia”, resume.
McDonnel não foi o único a ganhar fama com conteúdos educacionais no Youtube. Entre os canais da plataforma mais populares no Brasil está Manual do Mundo, com mais de 7,4 milhões de seguidores. O canal se descreve como um lugar para aprender de tudo. Os vídeos ensinam desde fazer uma melancia ter a forma de um tubarão a entender como se faz um skate elétrico.
O BETT Show ocorreu em Londres de 25 a 28 de janeiro. O evento é um dos maiores encontros de educação e tecnologia do mundo, onde diversas empresas e educadores se reúnem para discutir educação e apresentar as tendências de mercado. Conta também com a participação de políticos e ministros da Educação de diversos países.
*A repórter viajou a convite da Ascential, organizadora da Bett Educar no Brasil
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Ken Robinson é autor, palestrante e consultor internacional em educação e artes |
“A educação tem um papel fundamental e profundo em fazer as pessoas se conectarem com os próprios talentos”, defende Robinson.
Para ele, as escolas devem ter autonomia para desenvolver as próprias formas de abordagem e dar ênfase a conteúdos que considerarem fundamental para estudantes de determinada região e realidade.
Segundo o especialista, a maior parte dos sistemas educacionais do mundo vão na contramão de valorizar o indivíduo, com massificação e padronização excessiva do que deve ser ensinado e quando se deve ensinar. “Nos últimos 20 anos, os governos têm tentado melhorar a educação e não têm sido bem-sucedidos.
Isso ocorre, em parte, porque as pessoas que fazem as reformas não sabem muito de educação e, em parte, porque querem padronizar, tomar controle de tudo, do currículo e outros aspectos. E ainda porque incentivam a competição, seja entre professores, seja entre alunos”, criticou.
Ken Robinson é autor, palestrante e consultor internacional em educação e artes. Por 12 anos foi professor de educação em artes na Universidade de Warwick, no Reino Unido.
Ele liderou projetos nacionais e internacionais de educação criativa e cultural no Reino Unido, em outros países da Europa, e também na Ásia e nos Estados Unidos.
Para o consultor, uma vez que as pessoas são diferentes e estão inseridas em contextos diferentes, as escolas deveriam ser capazes de identificar as melhores maneiras de ensiná-los e de fazer com que cada estudante avance em ritmo próprio. “As crianças amam aprender.
Aliás, todos amam aprender, mas alguma coisa acontece na maneira como organizamos a nossa escola. Muitas pessoas vão à escola e acabam por não se sentir inteligentes ou capazes. Não porque não sejam, mas porque o sistema não foi capaz de identificar no que eles são bons.”
De acordo com Robinson, todo o sistema educacional deve ser revisto, desde as questões mais fundamentais, como a divisão do aprendizado por idade. “Educamos por idade. Por que?
A escola é o único lugar em que separamos as crianças e adolescentes assim. Quando eles saem, não vivem assim.
O sistema cria um problema. Alguns aprendem mais rápido ou mais devagar e poderiam ser agrupados independente da idade”, sugere. “A escola é uma comunidade para o aprendizado, para que pessoas aprendam de e com outras.
O coração de uma boa escola não é a escola em si, mas a relação entre estudantes e professores. Em termos de espaço físico, as escolas podem ser em qualquer lugar”, acrescenta.
Ciência no Youtube
O youtuber Charlie McDonnell, dono do canal charlieissocoollike e do projeto Fun Science (Ciência Divertida) também esteve no BETT Show. Ele começou a disponibilizar vídeos online sobre ciências quando tinha 16 anos. Hoje, nove anos depois, conquistou mais de 2,3 milhões de seguidores após ser o primeiro youtuber do Reino Unido a conquistar um milhão de assinantes.
“Quero despertar nas pessoas a mesma paixão que eu tenho por ciências. Quando estava na escola, ciências era uma matéria como qualquer outra. Um dia, entendi que não é apenas uma disciplina, mas a forma como o ser humano entende o mundo ao redor e do qual faz parte”, diz. “Se as pessoas se importassem e tivessem um conhecimento mínimo de ciências poderíamos mudar questões como o aquecimento global.”
Para McDonnell, o segredo para conquistar seguidores e despertar o interesse dos espectadores é primeiro estar apaixonado pelo que se está explicando. “Se eu entendo e tenho interesse, esse é o primeiro passo para fazer com que os outros também se interessem. Depois eu tenho simplificar e explicar de uma forma que eu mesmo entenderia”, resume.
McDonnel não foi o único a ganhar fama com conteúdos educacionais no Youtube. Entre os canais da plataforma mais populares no Brasil está Manual do Mundo, com mais de 7,4 milhões de seguidores. O canal se descreve como um lugar para aprender de tudo. Os vídeos ensinam desde fazer uma melancia ter a forma de um tubarão a entender como se faz um skate elétrico.
O BETT Show ocorreu em Londres de 25 a 28 de janeiro. O evento é um dos maiores encontros de educação e tecnologia do mundo, onde diversas empresas e educadores se reúnem para discutir educação e apresentar as tendências de mercado. Conta também com a participação de políticos e ministros da Educação de diversos países.
*A repórter viajou a convite da Ascential, organizadora da Bett Educar no Brasil
Mariana Tokarnia - Enviada especial da Agência Brasil*
Edição: Luana Lourenço