A principal razão para o impeachment foi a inabilidade de Dilma - É um fim melancólico.

Kennedy Alencar | A Política Como Ela É
Brasil confirma hoje que é semiparlamentarista
O impeachment será usado como um instrumento para tirar do poder um governo ruim e impopular.
As acusações são pretextos para um golpe parlamentar que teve a supervisão do STF e que será julgado pela história sem a paixão do momento.
O Congresso, que se fortalece com o impeachment, será o grande desafio de Temer, que quer aprovar uma reforma trabalhista pontual, fazendo com pontos negociados pelas partes possam se sobrepor à legislação.Também quer realizar uma reforma política pontual, criando regras que ajudem a reduzir o número de partidos e combater a fragmentação partidária que dificulta a formação de maioria no Congresso.
Deve propor uma cláusula de desempenho e o fim das coligações proporcionais.
Dilma vai reforçar a narrativa de que sofreu um golpe e agradecer o apoio de segmentos da população e dos movimentos sociais que combateram o impeachment.
Deverá dizer que a luta continua e anunciar o recurso ao Supremo Tribunal Federal.
Depois disso, deve sair de cena e ir para Porto Alegre descansar.
A principal razão para o impeachment foi a inabilidade de Dilma para conduzir o país.
Ela fracassou nessa missão, plantando no primeiro mandato as sementes da sua queda.
Diz que Temer a traiu, mas ignorou todos os conselhos de Lula para manter o vice perto dela e ter boa relação.
Pelo contrário.
Quando Temer virou articulador político em 2015, ela o boicotou. Dilma jogou Temer no colo do PSDB de Aécio Neves e da ala peemedebista que queria derrubá-la, que era chefiada por Eduardo Cunha.
Errou na política econômica e não admite que foram decisões dela que levaram o país à ruína fiscal, ao alto desemprego, a uma taxa de inflação alta, a juros nas alturas e à perda de confiança do empresários.
É fato que a crise econômica internacional atrapalhou. O Congresso a boicotou.
E o PSDB de Aécio Neves, que hoje fala em moderação, agiu com agressividade de mau perdedor.
Dilma demorou a enxergar que a Lava-jato causaria a sua ruína, avaliando que as investigações atingiriam apenas Lula e o PT.
As últimas revelações mostram que ela será atingida por delações da Odebrecht, que apontarão conhecimento de caixa 2 da parte dela. É um fim melancólico.