'A questão da água está resolvida', diz Alckmin sobre crise hídrica em SP

Governador de São Paulo afirmou que não há mais riscos de falta de água.
Segundo ele, o Cantareira suportaria até 4 anos de seca com atual volume.

Vista aérea da Represa Atibainha, integrante do Sistema Cantareira, na cidade de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, no dia 5 de março (Foto: Luis Moura/WPP/Estadão Conteúdo)
Vista aérea da Represa Atibainha, integrante do Sistema Cantareira, na cidade de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, no dia 5 de março (Foto: Luis Moura/WPP/Estadão Conteúdo)   

 

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta segunda-feira (7) que a “questão da água está resolvida”, referindo-se ao término da crise hídrica no estado de São Paulo. “A questão da água está resolvida, porque nós já chegamos a quase 60% do Cantareira e 40% do Alto Tietê. Isso é água para quatro ou cinco anos de seca”, afirmou o governador. A declaração foi dada durante um seminário na Associação Comercial de São Paulo, no Centro da capital paulista. 

O nível de água do Sistema Cantareira registrou nova alta nesta segunda-feira (7) e opera com 58% da sua capacidade, considerando o volume morto, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). “Essa questão [da falta d’água] não tem mais risco, mesmo que haja seca.

 E teremos a partir do ano que vem uma superestrutura em São Paulo. O estado e a região metropolitana estarão bem preparados para as mudanças climáticas”, garantiu.


Por causa da crise hídrica, a reserva técnica do Cantareira, volume de água abaixo das comportas, começou a ser bombeada em maio de 2014. Na época, ainda havia água no volume útil. Em julho, porém, o sistema passou a operar somente com o volume morto.

O fim da dependência da reserva técnica ocorreu antes do previsto pela Sabesp. A expectativa era de uso até o fim do verão, com probabilidade de 98% de o Cantareira sair do volume morto até abril, mas o sistema opera sem a reserva desde o fim de dezembro de 2015. A chuva acima da média nos últimos meses acelerou o processo e as represas acumularam mais água por causa da precipitação intensa e entrada de água no manancial.

Por isso, o Cantareira voltou a ser, em janeiro deste ano, o principal sistema produtor de água da Grande São Paulo, e atende atualmente  5,7 milhões de pessoas na região.

O governador argumentou que o estado enfrentou a maior seca da histórica, em 2014, e se orgulhou de não ter sido decretado um rodízio oficial. Apesar disso, a população enfrentou torneiras secas em todas as regiões da cidade de São Paulo. Na ocasião, o governo paulista justificou a falta d’água como redução de pressão para evitar perdas.

“A maior seca tinha sido em 1953. Em 2014 choveu a metade de 1953 e não teve rodízio. Operamos com engenharia e interligamos sete sistemas e no ano que vem chega um sistema novo em São Paulo que é o São Lourenço, mais 6,4 metros cúbicos por segundo de água”, citou a Parceria Público-Privada (PPP) São Lourenço. Um metro cúbico corresponde a 1 mil litros de água.

O futuro sistema, que fica pronto em 2017, vai permitir a captação de 4,7 mil litros por segundo de água, volume que atende 1,5 milhão de moradores dos municípios de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. Desse total, cerca de 1,1 milhão de pessoas são abastecidos pelo Cantareira.

O governador também falou sobre outra medida para poupar ainda mais água do Sistema Cantareira. “Talvez ainda no ano que vem teremos a ligação do Paraíba com o Cantareira, que também é outro reforço super importante, água nova que nunca foi utilizada da bacia do Paraíba do Sul”, ressaltou Alckmin.

Governador de São Paulo Geraldo Alckmin (dir.) durante evento em São Paulo  (Foto: Tatiana Santiago/G1)Governador de São Paulo Geraldo Alckmin (dir.) durante evento em São Paulo (Foto: Tatiana Santiago/G1)
 
Cronologia do volume morto
- 15/05/2014: bombas flutuantes para retirada da primeira reserva técnica do Cantareira são inauguradas
- 16/05/2014: 182,5 bilhões de litros de água são disponibilizados para abastecimento da Grande São Paulo. Mesmo assim, a sequência de quedas no nível das represas continua.
- 11/07/2014: volume útil do Cantareira acaba e o abastecimento de parte da Região Metropolitana de São Paulo atendida pelo Cantareira é feito somente com a primeira cota.
- 24/10/2014: Sabesp consegue autorização para usar uma segunda cota do volume morto, com 105 bilhões de litros.
- 24/02/2015: segunda cota do volume morto é recuperada, mas a Sabesp ainda depende da primeira cota do volume morto para garantir o abastecimento de 5,4 milhões de pessoas atendidos pelo Cantareira na Grande São Paulo.
- 30/12/2015: sistema consegue recuperar as duas cotas do volume morto e volta a operar apenas com o volume útil.


Limite de vazão
A Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) manteve a vazão de retirada máxima de 23 m³/s do Sistema Cantareira para abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo para março. O limite de captação é o mesmo autorizado pelos órgãos reguladores em fevereiro. Para a bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), os órgãos liberaram a retirada máxima de 3,5 m³/s no mês.


Redução de pressão
Desde o fim de dezembro, a companhia diminuiu, em média, sete horas diárias o período de redução de pressão na rede na capital paulista e em cidades da Grande São Paulo. A empresa disse que a prática é usual desde a década de 1990 para reduzir perdas por vazamentos, mas com a crise hídrica no estado a ação de racionamento oficial foi intensificada.

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