Parque industrial de Mogi das Cruzes será ampliado
Jornal
O Diário de Mogi
Com 38 empresas – sendo 31 de grande porte – em fase de instalação, Mogi das Cruzes prevê criar mais cinco mil empregos no setor industrial em até três anos. A maior parte delas, pelo menos 17, deve ser instalada no Taboão. O Grupo Gerdau, por exemplo, abriu uma terceira unidade, esta voltada à comercialização de bobinas de aço pelo Alto Tietê e Região Metropolitana do Vale do Paraíba (RMVP). O faturamento anual da Gerdau Açominas S/A, divisão que foi criada oficialmente na última sexta-feira, é estimado em R$ 300 milhões.
O segmento é um dos mais promissores, na visão do prefeito Marco Aurélio Bertaiolli (PSD). Em entrevista exclusiva a O Diário, ele explicou que o Município tem se tornado atrativo às indústrias. “Nós estamos com uma parceria com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, que também é da Força Sindical, Miguel Torres, para mostrar às empresas – sobretudo aquelas recém saídas da Capital – podem se instalar aqui. Há pouquíssimo tempo trouxemos para o Taboão, a Ferrolene (corte de chapas de aço e fornecedora de montadoras de veículos). Estamos viabilizando a implantação desta empresa. Acesso e malha viária. Da mesma forma, trouxemos para Mogi o maior pólo logístico do trecho SP-RJ (MTO). Estamos tentando apoio do Estado para melhorar acesso à unidade (via Rodovia Mogi-Dutra/SP-98)”, explicou o chefe do Executivo mogiano.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Osvaldo Bolanho, aponta que de 2009 para cá 31 indústrias foram abertas em Mogi. “E até 2016, 2017, mais 38 devem ser criadas na Cidade. Algumas já compraram terrenos e acertam o processo de instalação, como é o caso da Multibrink, no Cocuera. Outras já estão mais adiantadas, finalizam a etapa das licenças ambientais, como a MTO, no Taboão”, explicou à reportagem.
No início de agosto, O Diário noticiou com exclusividade que a Multibrink, gigante do ramo de brinquedos, sediada em Guarulhos, deve transferir suas atividades para o Cocuera, às margens da Rodovia Mogi-Salesópolis (SP-88). A previsão é de que a nova fábrica que, de acordo com a diretoria da marca, vai gerar até mil empregos diretos, esteja funcionando até o início de 2017. O terreno, de 41 mil metros quadrados (m²), já foi adquirido.
Para Bolanho, as 38 novas empresas têm potencial de gerar, ao todo, até cinco mil vagas formais . “Só no Cocuera e Taboão são 6.087 empregos com registro em carteira, ou seja, mostram que são áreas industriais já estabelecidas, mas com potencial grande de crescimento”, informou.
Os campos de atuação variam bastante. Existe desde a General Motors (GM), voltada à fabricação das peças que são usadas nas linhas de produção de seus veículos, em São Caetano do Sul e São José dos Campos, produtos químicos, injeção plástica, fundição, entre outros.
O Taboão reúne a maior parte das empresas. Com as 17 que devem ser instaladas, o Distrito atingirá a marca de 32 fábricas. César de Souza, por sua vez, vem em segundo lugar com 13 estabelecidas de 2009 para cá e outras cinco a iniciarem as atividades por lá.
Outras sete, de pequeno porte, participam da Incubadora Tecnológica de Mogi das Cruzes. O projeto é uma parceria da Prefeitura, Agência de Desenvolvimento do Alto Tietê (Adrat) e da iniciativa privada e visa dar suporte às iniciativas do empreendedorismo e consultoria aos novos negócios.
Gerdau
Interessada no mercado de vendas de bobinas de aço, a Gerdau fez registro de uma terceira unidade que entrará em operação no Município, a Gerdau Açominas. Ela será destinada exclusivamente à comercialização deste material. O Cadastro de Contribuinte Mobiliário (CCM) da nova marca foi concluído e expedido na última sexta-feira. As bobinas a serem vendidas serão oriundas, sobretudo, da usina da Gerdau Açominas instalada em Ouro Branco, no Estado de Minas Gerais, que tem capacidade de produção de 4,5 milhões de toneladas deste material por ano. O escritório administrativo da nova empresa ficará no Centro de Distribuição da Gerdau Aços Longos, no Taboão.
Em 2010, a diretoria do grupo já havia feito um investimento da ordem de R$ 2,4 bilhões, na unidade mineira, para a aquisição de um laminador de bobinas a quente junto com a linha de chapas grossas.
Bolanho explica que o material deve chegar sobre trilhos. “Eles vão trazer para Mogi via linha férrea, descarregar no Terminal Intermodal Tinaga (no Taboão) e de lá as bobinas já saem em carretas para os clientes. Não é uma empresa geradora de empregos, já que contará apenas com uma equipe administrativa e pouca mão de obra para logística (que deve ser terceirizada), só que rende faturamento alto: a previsão é de R$ 300 milhões. Tudo o que comercializar, os impostos serão gerados para cá”, destacou o secretário. A vinda da nova unidade foi possível graças a uma parceria da Gerdau com a Prefeitura (leia mais na edição impressa) para isenção de alguns tributos.
O Diário procurou a assessoria de imprensa do grupo para obter outras informações como, por exemplo, valor de investimento e início efetivo de atividades, porém, foi informado que ele poderia se pronunciar a respeito somente a partir desta segunda-feira.
Terrenos revertidos
A Administração Municipal ainda tem na Justiça 17 ações para tentar retomar áreas antes cedidas a empresas interessadas em se instalar em Mogi. “São vários processos. Dezenas de empresas que receberam áreas em Mogi das Cruzes para se instalar. Esse é um programa que não existe mais . A Prefeitura não doa mais área porque não existe mais essa necessidade. Até por conta da valorização territorial. Temos outros mecanismos, como a isenção tributária. Infelizmente, são processos que demoram. As decisões não são imediatas. Em César de Souza, por exemplo, temos um exemplo clássico, a MaxLove. A construção foi feita, é um terreno maravilhoso, mas nenhum emprego é gerado. Estamos aguardando uma decisão favorável da Justiça para Mogi das Cruzes para que ele possa seguir para alienação (venda)”, disse Bertaiolli. Existe legislação federal que veta novos repasses de terras a empresas.
Depois que recuperado o terreno, a Prefeitura encaminha à Câmara Municipal um pedido de autorização – a ser votado em plenário – para conseguir abrir uma espécie de “licitação ao contrário”. “Estamos colocando na Câmara (nos próximos dias), a autorização para alienarmos uma área no condomínio industrial de César de Souza (Núcleo Industrial Vereador Alcides Celestino Filho. É para venda, não para doação. É um terreno (de 1,5 mil m²) que nós retomamos. Abrimos um processo, tipo licitação ao contrário. O terreno vale um valor mínimo e a empresa que der o lance maior, leva”, explicou o prefeito.
Bolanho lembra que uma área de 2,5 mil m², que fora cedida há alguns anos à Natair Esquadrias, também foi comercializada. A empresa não conseguiu se instalar e, por isso, decidiu devolver a área de forma amigável. (Lucas Meloni)