Jacutinga confecciona cachecol de 62 KM e protesta contra importações Associação Comercial pede condições iguais de competição no mercado. Peça pode ser a maior do mundo e até entrar para o ‘Guiness Book’.


 Jéssica Balbino e Samantha Silva

Do G1 Sul de Minas

importação de roupas do Oriente fez com que a Associação Comercial de Jacutinga  (MG) confeccionasse o que pode ser o maior cachecol do mundo, com  61.888 metros, quase 62 KM. Segundo o presidente da Acija, Dennys Bandeira, além da possibilidade de entrar para o Livro dos Recordes, eles esperam chamar a atenção do país para um problema que a indústria têxtil brasileira vem sofrendo: a concorrência injusta com o mercado oriental. Com este protesto, a associação prepara um documento para solicitar ao governo brasileiro condições igualitárias de competição no mercado.
“Não temos as mesmas condições trabalhistas, tributárias, de controle ambiental, que as indústrias orientais têm no Brasil”, afirma Bandeira. Segundo ele, com a abertura gradual do Governo ao mercado chinês e oriental, as empresas têm subsídios para venda no país que tornam a concorrência no mercado brasileiro e internacional desigual.
Cachecol gigante funciona como protesto contra importações chinesas (Foto: Nathália Assis/ EPTV)Cachecol gigante funciona como protesto contra importações chinesas (Foto: Nathália Assis/ EPTV)
“O custo da produção do fio na China é mais barato, não há o controle ambiental que é necessário aqui, sem contar o pagamento de funcionários. Enquanto um trabalhador chinês ganha cerca de US$ 60 para a produção mensal, um brasileiro tem o custo de cerca de R$ 1 mil. Além de tudo isso, ainda há a questão do câmbio desvalorizado, que torna o custo de produção muito mais baixo em relação ao Brasil”, explicou Bandeira, calculando que esse custo seria 60% mais barato para o mercado chinês em comparação com o brasileiro.
Para tentar competir com o mercado oriental, as indústrias têxteis de Jacutinga investiram nos últimos anos na modernização da produção, hoje somando cerca de dois mil teares eletrônicos. Apesar das dificuldades, a produção e rendimento da produção local não para de crescer através dos anos, com um índice de cerca de 15%, segundo a Acija. Somente no ano passado, por reflexo da crise econômica e de um inverno mais brando no país, que a produção local não conseguiu atingir essa mesma margem.
Por outro lado, nos últimos cinco anos – entre 2007 e 2012 – as importações crescem em torno de 500% em Jacutinga, no entanto, 21% delas vêm da China. Com isso, a competição com os produtos orientais provocou uma que da de 15% nas vendas do que é produzido no chamado Circuito das Malhas, que envolve mais de mil lojas e cerca de 650 lojas que trabalham com malhas. Atualmente, Jacutinga exporta para mais de 30 países e é responsável por 30% da produção nacional de malha retilínea. Cidades como Monte Sião (MG), Ouro Fino(MG), Borda da Mata (MG) e Inconfidentes (MG) também englobam este circuito.
Queremos competir de forma igual com o mercado oriental"
Dennys Bandeira
presidente da Acija
Mas segundo o presidente da Acija, o baque em relação ao mercado oriental começou a ser sentido e prejuízo mais significativo é principalmente no mercado varejista. “A indústria têxtil é a segunda que mais emprega no mundo, por isso há muito incentivo no mercado internacional. Além do Brasil, nós exportamos para cerca de 30 países, mas lá fora nós temos, principalmente, produção para grifes, com peças mais elaboradas, que vendem em menor quantidade. O mercado oriental, por todos os fatores já citados, domina o mercado varejista”, pontuou.
O grande problema é que o mercado varejista é justamente o que mais movimenta a economia. “Eu acredito que, pelos meus cálculos, nos últimos cinco anos deixamos de gerar cerca de 12 mil novos postos de trabalho por causa da entrada do mercado oriental. Em Jacutinga, temos uma queda na renda de cerca de R$ 15 milhões ao ano”, afirmou Bandeira.

Com todos esses dados, um documento será enviado ao governo brasileiro para pedir condições igualitárias de competição no mercado. As principais solicitações da indústria são a desoneração da carga tributária, inclusive em cima da folha de pagamento, aumento de tributação para a produção que vem de fora, numa forma de valorizar a produção nacional.
“Queremos uma salvaguarda do governo para podermos competir de forma igual com o mercado oriental”, completa o representante da Acija. O documento, que tem apoio de sindicatos da indústria têxtil e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), será encaminhado para deputados, senadores e para o Ministério do Desenvolvimento, numa busca por apoio.
Além do protesto, cachecol pode ser o maior do mundo e até entrar para o 'Guiness Book' (Foto: Nathália Assis/ EPTV)Além do protesto, cachecol pode ser o maior do mundo e até entrar para o 'Guiness Book' (Foto: Nathália Assis/ EPTV)
O cachecol e o Livro dos Recordes
Durante mais de dois anos, cinco funcionários empenharam-se em confeccionar o cachecol na sede da própria associação. Na peça ofram usados cerca de 2,5 quilos de fios e o comprimento total é de quase 62 quilômetros, o que pode render o título de maior cachecol do mundo. “Nós conseguimos uma boa margem além do último recorde registrado pelo ‘Guiness Book’, portanto pode se dizer que já conseguimos”, declarou o presidente da Acija. O último registrado pelo livro dos recordes foi um cachecol de 54 KM do País de Gales, no Reino Unido.

Neste sábado (6), o cachecol terminou de ser esticado na quadra do Estádio Municipal Luiz Moraes Cardoso para medição. Foram necessárias 35 pessoas contratadas e cerca de 15 voluntários. A operação levou quase uma semana, os voluntários se reúnem na quadra desde a segunda-feira (1º).
A medição não teve a presença de um auditor oficial do Guiness, já que o custo para a vinda do representante ficaria em R$ 30 mil e a associação não tinha esse valor. Por isso, durante os mais de 700 dias em que a associação se dedica a confecção,  eles cumprem um passo a passo necessário para provar todas as etapas da confecção da peça, que inclui uma espécie de diário de bordo da operação, registro fotográfico e de vídeo das etapas de produção.
Segundo a gerente da Acija, Vânia Zanelatto Orru, o trabalho que teve início em fevereiro de 2011 é compensador. “Valeu a pena ficar mais de dois anos para fazer o cachecol, porque embora seja um trabalho cansativo, temos muito amor por nossa cidade”, disse.
A equipe do ‘Guiness Book’ pede até seis semanas para dar um retorno sobre o recorde, contadas a partir do recebimento da documentação. Após a conquista esperada pela associação, o grande cachecol, que fracionado poderá render até 30 mil cachecóis, será doado para instituições sociais da cidade, como o asilo e a Casa da Criança. Pequenas lojas já espalhadas por Jacutinga venderão os cachecóis, e o lucro ficará todos para as instituições.  “Quando conseguirmos alcançar o recorde, as peças poderão até ser vendidas como souvenires do maior cachecol do mundo”, completou Bandeira

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