Junji quer interligação de modais Membro da Frente das Ferrovias , deputado pede mobilização para viabilizar expansão e modernização da malha ferroviária dotada de conexões com os demais sistemas de transporte

Junji conversa com o presidente Uczai: “Precisamos tratar da questão com visão macro, exercitando o modelo intermodal que garante utilização planejada dos serviços integrados de mais de um modo de transporte”
 
A interligação dos modais de transporte para acelerar os deslocamentos de cargas e reduzir os custos de produção nos diversos setores da economia é o objetivo de mais uma jornada empreendida pelo deputado federal Junji Abe (PSD-SP). Membro da Frente Parlamentar Mista das Ferrovias, ele pediu a mobilização do colegiado para viabilizar, junto ao governo federal, obras que compatibilizem a expansão e modernização da malha ferroviária com as necessárias conexões com os sistemas rodoviário, hidroviário, aeroviário e dutoviário. 

“Precisamos tratar da questão com visão macro, exercitando aqui o que já se faz em países desenvolvidos onde o modelo misto ou intermodal garante a utilização planejada dos serviços integrados de mais de um modo de transporte, de acordo com as necessidades do mercado e peculiaridades da carga”, justificou Junji nesta quarta-feira (27/02/2013), durante reunião da frente presidida pelo deputado Pedro Uczai (PT-SC).

A utilização racional dos serviços integrados no deslocamento é, segundo Junji, “um dever elementar para o País que não quer ter um Pibinho” e almeja registrar crescimento real de 4% a 5% ao ano, no mínimo. Ao destacar a importância da Frente Parlamentar na sensibilização do governo para a retomada dos investimentos no sistema ferroviário, de cargas e passageiros, em pontos estratégicos do País, ele pediu esforços do colegiado no sentido de cobrar a interligação das ferrovias – em expansão e das projetadas para os próximos anos – com os demais modais de transporte. 

Ainda que o sistema ferroviário seja o mais importante para o País, ponderou Junji, “sem o devido planejamento para ligar as ferrovias aos portos fluviais e marítimos, o Custo Brasil, com certeza, não se reduzirá”. O deputado sugeriu, por exemplo, que os portos projetados com base no modelo de PPP – Parceria Público-Privada, como prevê a MP – Medida Provisória 595/2012, tenham obrigatoriamente a interligação com o sistema ferroviário.

Sem essas conexões, observou Junji, permanecerão vitimados pelos altos custos os deslocamentos de grandes commodities da agricultura, responsáveis pelo superávit da economia brasileira, e dos minérios. Atividades do agronegócio, com foco no comércio exterior, estão concentradas nas regiões centro-oeste e norte, extremamente distantes da costa brasileira. “Precisam do modelo intermodal rodo-ferro-hidroviário tanto para receber os insumos necessários à produção como para o transporte do produto final”. 

Falhas na logística
Na definição do deputado federal Junji Abe, “a letargia que ainda persiste no sistema de transportes é uma afronta à população”. Ele frisou que as combinações de serviço integrado nos deslocamentos passam longe do interesse público, “porque a realidade nacional está na contramão do desenvolvimento”. Aqui, o modo rodoviário concentra 54% dos deslocamentos. Já ferroviário, quatro vezes mais barato que o primeiro, detém parcos 21%; enquanto o hidroviário, que inclui os portos e é o mais econômico de todos, responde por apenas 17%. “É um cenário de arrepiar qualquer técnico em logística”, pontuou, ao citar os números. 

Em outras grandes nações, prosseguiu Junji, as combinações são bem diferentes. Nos Estados Unidos, o modo rodoviário detém apenas 25%, o ferroviário lidera com 50% e os 25% restantes cabem ao hidroviário. No Canadá, são 13% por rodovias, 52% por trem e 35% pelas hidrovias. A Rússia opera com somente 4% pelo modo rodoviário, deixando 83% a cargo dos trens e 13% pelas hidrovias. Na França, pela ordem, a distribuição é assim: 28% (rodoviário), 55% (ferroviário) e 17% (hidroviário). A Alemanha segue a composição 18%, 53% e 29%. 

A malha viária brasileira apresenta situação insustentável, agravada pelo crescimento diário da frota de veículos em contraste com o despreparo da estrutura. Para completar, disse ele, as ferrovias amargam o esquecimento. “Trem e metrô não recebem a prioridade que merecem do poder público para serem melhores e mais eficientes a ponto de conquistarem a preferência dos passageiros. Quem anda de carro, amarga engarrafamentos, gastos e revolta. O usuário de ônibus sofre com os atrasos diários, acumula mau humor, indignação, tempo e descanso perdidos”, enumerou o parlamentar.

Sob o ponto de vista dos setores produtivos, o quadro só se agrava. “Quem planta soja em Mato Grosso, Goiás e outros rincões do País tem como aliados terra fértil e clima adequado. No entanto, paga muito mais caro por sementes, fertilizantes, defensivos e outros insumos”, apontou Junji, creditando os prejuízos aos milhares de quilômetros que a carga viaja pelas rodovias. “Por falta de hidrovias e ferrovias, a safra colhida faz o caminho inverso a bordo de caminhões e todo dinheiro gasto neste vai e vem pelas estradas acaba indo para a conta do consumidor na hora em que ele compra o produto final”, descreveu para evidenciar que o impacto dos fretes exorbitantes não fica só nas lavouras.

Dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais mostram que é preciso desembolsar U$ 85 por tonelada para que os grãos cheguem da lavoura ao porto. Nos Estados Unidos, o custo gira em torno de US$ 23; na Argentina, não ultrapassa US$ 20. “É assim que a nossa competitividade vai para o ralo”, protestou Junji. 

De um lado, o Brasil tem dimensão continental – ideal para ferrovias – e acolhe rios e mais rios, além de uma faixa litorânea que figura entre as maiores do mundo – sob medida para hidrovias. De outro, concentra o transporte no modal rodoviário e falha na execução de um modelo intermodal para os deslocamentos. Assinalando o paradoxo, Junji ponderou que consumidor, agricultor, industrial, comerciante, gente de todos os setores produtivos arca com custos cada vez maiores. Quando o empreendedor não suporta, alertou, vem a insolvência e, junto com ela, mais desemprego. 

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Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
E-mail: mel.tominaga@junjiabe.com

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