Miguel Nicolelis destaca os perigos dos avanços da Inteligência Artificial para o cérebro humano
Miguel Nicolelis destaca os perigos dos avanços da Inteligência Artificial para o cérebro humano
Por Maria Clara Alcântara
O neurocientista Miguel Nicolelis um dos mais respeitados da atualidade, discursou nesse segundo dia do Despertar 2025 neste sábado (20) e apresentou algumas de suas ideias sobre o que chamou de “um dos maiores engodos que a humanidade já produziu”: a inteligência artificial
Em tom crítico, apresentou o conceito que vem desenvolvendo — uma sigla afetiva: Nina — definida por ele como “nem inteligente, nem artificial”. O pesquisador explicou que o termo não se refere a uma pessoa, mas é uma forma de denominar o que ele considera um grande engodo contemporâneo: sistemas que se apresentam como “inteligentes” quando, segundo ele, reproduzem limitações fundamentais e não capturam a complexidade da mente humana.

Miguel Nicolelis discursa sobre inteligência artificial. Créditos: ICL
Segundo Nicolelis, a chamada inteligência artificial tem sido vendida com promessas que não podem cumprir: a própria inteligência humana é fruto de um processo evolutivo complexo e emergente, não passível de redução a uma lógica digital.
O neurocientista criticou a dependência crescente de sistemas digitais para funções cognitivas humanas, lembrando que a delegação contínua reduz o exercício do cérebro, com riscos de atrofia de capacidades como memória e raciocínio.
Ele também denunciou a cadeia produtiva por trás desses sistemas: a indústria lucra com dados e com trabalho humano barato usado para treinar modelos,”matéria-prima grátis”, nas palavras do pesquisador, e ainda produz respostas que frequentemente “alucinam”, sem compromisso com a verdade ou a acurácia.(Acurácia é a palavra utilizada para definir o nível de exatidão dos resultados obtidos em diversos processos. Com o avanço da área tecnológica, esse termo tem se tornado cada vez mais importante.)
“As donas das Inteligências Artificiais têm uma conta bancária exuberante e, ao delegarmos nossas funções cognitivas por conveniência, perdemos agência e corroemos o que nos tornou criadores de cultura e conhecimento”, afirmou.
O discurso terminou com um apelo: resistir à delegação acrítica de nosso pensamento e reconhecer os limites do que as máquinas podem oferecer.