Lula enquadra Zuckerberg: “não pode um cidadão ferir a soberania de uma nação"


Lula enquadra Zuckerberg: “não pode um cidadão ferir a soberania de uma nação"

Presidente diz que fará reunião para discutir a questão da Meta, fato que ele considerou “extremamente grave”; veja vídeo

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Lula. Créditos: Reprodução/TV Globo

Por Julinho Bittencourt
POLÍTICA9/1/2025 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado bem claro nesta quinta-feira (9), para as pretensões de Mark Zuckerberg, CEO da Meta (das redes WhatsApp, Instagram e Facebook), de achar que pode operar no Brasil sem obedecer às leis do país.

Em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, o presidente disse:

  • Moraes envia duro recado para Mark Zuckerberg: "O Brasil tem lei"

"Vou fazer reunião hoje para discutir questão da Meta. Acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha a mesma responsabilidade do cara que comete crime na imprensa escrita", afirmou.

"Como se um cidadão pudesse ser punido porque faz coisa na vida real e pudesse não ser punido porque faz a mesma coisa na digital. O que nós queremos na verdade é que cada país tenha sua soberania resguardada. Não pode um cidadão, dois cidadãos, três cidadãos acharem que podem ferir soberania de uma nação", encerrou Lula.

  • Zuckerberg anuncia fim de sistema de checagem de fatos pela Meta

Fala de Lula foi resposta a pronunciamento de Zuckerberg divulgado na última terça-feira (7), afirmando que vai acabar com os sistemas de checagem de fatos da plataforma.

Segundo Zuckerberg, o sistema de checagem, que tinha como objetivo impedir a circulação de notícias falsas na plataforma, será substituído pelas "notas da comunidade", ferramenta similar à utilizada pelo X, rede social do bilionário Elon Musk. O recuso permite que a moderação de conteúdo seja feita pelos próprios usuários, e não mais por profissionais de checagem de fatos. 

Tribunais secretos

Zuckerberg ainda declarou que os países da América Latina têm “tribunais secretos” que excluem conteúdos silenciosamente. O Secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação do governo federal, João Brant, afirmou que a declaração do dono da Meta se refere ao Supremo Tribunal Federal (STF), que vem trabalhando para conter a circulação de fake news e discursos de ódio nas redes sociais, especialmente no X.

Brant também afirma que o anúncio "antecipa o início do governo Trump e explicita aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que ‘promovem censura’)".

"É uma declaração fortíssima, que se refere ao STF como ‘corte secreta’, ataca os checadores de fatos (dizendo que eles ‘mais destruíram do que construíram confiança’) e questiona o viés da própria equipe de ‘trust and safety’ da Meta – para fugir da lei da Califórnia", diz o secretário.

Alexandre de Moraes também respondeu

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também respondeu a Zuckerberg, sem o citar nominalmente. Moraes afirmou que o Brasil tem lei e que as empresas que quiserem operar no país terão de seguir a Constituição. O magistrado também classificou a declaração de Zuckerberg como "bravata irresponsável". A declaração foi feita durante conversa com a imprensa nesta quarta-feira (8) em Brasília.

"Aqui no Brasil, a nossa justiça eleitoral e o nosso STF, ambos já demonstraram que aqui é uma terra que tem lei. As redes sociais não são terra sem lei. No Brasil, [as redes sociais] só continuarão a operar se respeitarem a legislação brasileira. Independentemente de bravatas de dirigentes irresponsáveis das big techs", disse Moraes. 

https://revistaforum.com.br/politica/2025/1/9/lula-enquadra-zuckerberg-no-pode-um-cidado-ferir-soberania-de-uma-nao-172237.html

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