O X está morto. Vida longa ao Bluesky
Uma plataforma que serve aos interesses políticos e econômicos do seu dono está fadada ao fracasso. É o caso do X, de Elon Musk
O X está morto. Ainda não foi completamente errado, mas caminha para o desaparecimento ou a completa irrelevância. Pode não ser hoje, nem amanhã, mas o fim fatalmente virá.
A rede social, na verdade, começou a morrer quando seu atual dono, o sociopata Elon Musk, decidiu matar a consagrada marca "Twitter", assim como o símbolo do pássaro azul que a identificava, para substituí-lo pelo X.
Desde a aquisição, que ocorreu no fim de 2022, até hoje, a empresa perdeu cerca de 70% do seu valor de mercado, quando ficou claro que Musk, em nome da "liberdade de expressão absoluta", abandonaria qualquer tipo de moderação de conteúdo e passaria a abrigar discursos racistas, misóginos e golpistas. A permissividade, naturalmente, provocou a fuga de anunciantes, levando ao tombo das ações.
Ainda assim, o X vinha resistindo porque muitos acreditavam que, mal ou bem, a plataforma poderia resistir como um mecanismo eficiente de informação rápida, com utilidade para jornalistas, atores políticos e influenciadores de modo geral.
Entretanto, o tiro de misericórdia ocorreu nesta semana, quando Musk deixou claro que o X não é uma plataforma minimamente neutra, mas sim uma empresa que tem proprietário e que serve aos interesses econômicos e políticos do dono.
O palco desse suicídio empresarial foi o Brasil, em que Musk rasgou sua fantasia de neutralidade e, numa ação coordenada com a extrema direita neofascista do País, passou a disseminar ataques às instituições brasileiras, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a endossar mentiras grotescas, como a que tentava associar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, à morte do ex-ministro Teori Zavascki. Mais do que isso: ele tentou se colocar acima da legislação brasileira e estimulou seus funcionários no Brasil à desobediência legal – o que pode levá-los à prisão.
Com tais ações, Musk revelou ao mundo que é um dos principais protagonistas da Internacional Fascista, a rede de extremistas que une figuras como Donald Trump, Jair Bolsonaro, Javier Milei e Viktor Orbán. Não por acaso, ele foi uma das primeiras celebridades, durante a pandemia da covid-19, a estimular o tratamento da doença com cloroquina e ivermectina.
Além de rasgar sua fantasia, Musk também determinou que o X ampliasse o alcance de perfis de extrema direita e eliminasse seguidores de comunicadores comprometidos com a democracia, a soberania nacional e a defesa dos direitos humanos.
Por isso mesmo, é uma questão de tempo para que os usuários de redes sociais comprometidos com a civilização, que são a maioria da população brasileira e mundial, abandonem a rede social de Elon Musk. É também urgente que autoridades brasileiras abandonem uma plataforma que ataca a soberania nacional e propaga mentiras grotescas sobre o Brasil. Afinal, qual é o sentido de trabalhar gratuitamente, fornecendo dados e conteúdos, para um sociopata de extrema-direita?
Coincidentemente, a morte do X ocorre no momento em que uma nova plataforma, o Bluesky, está nascendo. Uma plataforma que foi apoiada por ninguém menos que Jack Dorsey, o fundador do Twitter, nos seus estágios iniciais. E que passa a ser a grande aposta também do Brasil 247 e de sua equipe de jornalistas, justamente por estar comprometida com os valores da civilização.
O X está morto. Vida longa ao Bluesky.
Por Leonardo Attuch
Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.
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