Egito convidou Lula para cúpula sobre Gaza; presidente manda representante


Jamil Chade
Colunista do UOL
Lula conversa com o presidente da Autoridade Palestina Imagem: Ricardo Stuckert / PR / 14.out.23


O governo do Egito enviou um convite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o brasileiro participasse de uma cúpula para lidar com a crise no Oriente Médio. A reunião ocorrerá no sábado (21), no Cairo, e tem como objetivo ainda lidar com a questão humanitária, a saída de estrangeiros da Faixa de Gaza e a criação de corredores de abastecimento de alimentos e remédios.

Fontes de alto escalão do Palácio do Planalto confirmaram que o convite foi destinado ao presidente Lula. Mas, ainda se recuperando de uma cirurgia, ele não tem autorização para pegar aviões.

O governo brasileiro debate, neste momento, quem irá participar da cúpula. Mas já há uma definição de que o país estará presente.

Uma das opções poderia ser a ida do chanceler Mauro Vieira. Mas o diplomata viaja para Nova York para presidir reuniões do Conselho de Segurança. O Brasil é o presidente do órgão no mês de outubro e, portanto, a presença do ministro é considerada como indispensável.

Outra alternativa seria ainda a participação do assessor especial da Presidência, Celso Amorim. Amplo conhecedor da região e com contatos em todos os países no Oriente Médio, o embaixador esteve envolvido na costura das ligações de Lula para presidentes de países árabes, para Israel e Irã na busca de uma solução para os brasileiros que estão na Faixa de Gaza.

Além do Brasil, participarão governos como o do Catar, que tenta negociar uma liberação dos reféns israelenses feitos pelo Hamas, Iraque, Turquia, Jordânia e outros também foram chamados.


A Espanha, que preside neste semestre a a UE, também foi convidada. O Egito ainda consultou sobre a possibilidade da presença da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.

Nesta quarta-feira, porém, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, deixou claro que uma abertura indiscriminada de sua fronteira para refugiados palestinos não ocorrerá. Ele citou pelo menos três motivos para sua recusa.

A primeira seria o esvaziamento da causa palestina, caso essa população saia de Gaza. Outro elemento que ele alerta é o da segurança. Para o Egito, o temor é de que milhares de palestinos se instalem no Sinai, região que por anos foi alvo de forte instabilidade.


O temor é de que, se isso ocorrer, Israel passará a atacar o território egípcio cada vez que voltar a se sentir ameaçado por algum dos grupos islâmicos palestinos. Isso, portanto, reabriria a tensão entre Egito e Israel, um capítulo fechado na relação entre os dois países.

Outro argumento do Egito é de que o desembarque desses grupos no país poderia significar uma ameaça à própria estabilidade do regime.

Reportagem

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