PF diz que venda de joias gerava dinheiro vivo para Bolsonaro


Colunista do UOL

Um dos casos ocorreu em uma viagem para os Estado Unidos em junho de 2022.

 Na ocasião, Cid se separou da comitiva presidencial e vendeu dois relógios de luxo por 68 mil dólares. Os valores foram depositados na conta de seu pai no exterior, o general Cid.

Em outra viagem realizada em 30 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro deixou o país pouco depois de perder as eleições, também foram transportadas joias posteriormente colocadas à venda nos Estados Unidos. 

Em diálogos obtidos no celular de Mauro Cid, a PF encontrou conversas a respeito da entrega de dinheiro vivo a Jair Bolsonaro. Em uma das mensagens, Cid afirmou:

Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em cash aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente, dar abraço nele, né? E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (...) Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né

Mauro Cid, em mensagem de áudio enviado por celular

Os indícios envolvendo Jair Bolsonaro no esquema também apontam que as joias foram levadas ao exterior durante viagens presidenciais em aeronave da Força Aérea Brasileira, enquanto ele ainda ocupava o cargo. 

Um dos casos ocorreu em uma viagem para os Estado Unidos em junho de 2022. Na ocasião, Cid se separou da comitiva presidencial e vendeu dois relógios de luxo por 68 mil dólares. Os valores foram depositados na conta de seu pai no exterior, o general Cid.

Em outra viagem realizada em 30 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro deixou o país pouco depois de perder as eleições, também foram transportadas joias posteriormente colocadas à venda nos Estados Unidos.

'120 mil dólares'

Nos diálogos, Cid conversa com um outro assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, sobre as restrições existentes a respeito da venda dos bens no exterior. O gabinete de documentação da Presidência havia informado que era necessário registrar oficialmente a doação do bem ao governo brasileiro e que a venda no exterior também precisaria ser comunicada.


Por isso, Câmara diz a Cid que desistiu de vender um determinado bem nos Estados Unidos e que sua ideia seria leiloar no Brasil posteriormente. Cid responde por mensagem de texto: "Só dá pena porque estamos falando de 120 mil dólares. Hahahahha". Câmara diz, então: "O problema é depois justificar e para onde foi".

O ministro Alexandre de Moraes afirma na decisão que esses diálogos "evidenciam que, além da existência de um esquema de peculato para desvio do acervo privado do ex-presidente da República Jair Bolsonaro os presentes de alto valor recebidos de autoridades estrangeiras, para posterior venda e enriquecimento ilícito do ex-presidente, Marcelo Câmara e Mauro Cid tinham plena ciência das restrições legais da venda dos bens no exterior".

Reportagem

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