Embaixada de Israel pede que menções ao Holocausto fiquem fora de debate político - Manifestação da embaixada acontece após ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparar ação da PF no inquérito das 'fake news' à perseguição de judeus pelo nazismo.

A embaixada de Israel divulgou nota nesta quinta-feira (28) nota na qual pede para que o Holocausto, o povo judeu e o judaísmo “fiquem à margem do diálogo político cotidiano e as disputas entre os lados no jogo ideológico” no Brasil.
Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília
A nota não cita o ministro da Educação, Abraham Weintraub, mas foi divulgada um dia após o integrante do governo declarar em uma rede social que a quarta-feira (27) será lembrada como a Noite dos Cristais brasileira. Entidades judaicas reagiram contra a publicação do ministro.

A "Noite dos Cristais" foi uma onda de violência contra os judeus, ordenada pelo regime nazista de Adolf Hitler, na Alemanha. O evento revelou ao mundo a violência antissemita.

Na nota, a embaixada de Israel, país com o qual o presidente Jair Bolsonaro intensificou as relações do Brasil, registra que houve aumento do uso do Holocausto no “discurso público”, o que de “forma não intencional banaliza sua memória e a tragédia do povo judeu”.

“Em nome da amizade forte entre nossos países, que cresce cada vez mais há 72 anos, requisitamos que a questão do Holocausto como também o povo judeu ou judaísmo fiquem à margem do diálogo político cotidiano e as disputas entre os lados no jogo ideológico”, diz trecho da nota. Leia a íntegra da nota ao fim desta reportagem.

Na Alemanha nazista, nas décadas de 1930 e 1940, o Holocausto levou à morte de cerca de 6 milhões de judeus. Segundo a nota, a embaixada reforça que o Holocausto não deve ser “usado cotidianamente, mesmo em casos que sejam considerados extremos”.

“Nada é tão extremo como o Holocausto, não apenas para os judeus, mas também para outras minorias que sofreram na Europa e no mundo”, diz a nota.

Publicações do ministro da Educação

Weintraub se referiu na rede social ao fato de a Polícia Federal ter cumprido mandados de busca e apreensão no inquérito que apura ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal e a disseminação de "fake news". Entre os alvos estavam empresários e youtubers que apoiam o presidente Jair Bolsonaro.

"Cresci escutando como os Weintraub foram caçados e como sobreviveram ao inferno de Hitler. Escutei como a SS Totenkopft entrava nas casas das famílias inimigas do Nazismo. Nesse momento sombrio, digo apenas uma palavra aos irmãos que tiveram seus lares violados: LIBERDADE!”, publicou Weintraub, que acrescentou:

"Hoje foi o dia da infâmia, vergonha nacional, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!".

Nesta quinta, Weintraub voltou a publicar comentário no mesmo sentido.

"Primeiro, nos trancaram em casa. Depois, brasileiros honestos buscando trabalho foram algemados. Ontem, 29 famílias tiveram seus lares violados! Sob a mira de armas, pais viram suas crianças e mulheres assustadas terem computadores e celulares apreendidos! Qual o próximo passo?”.

Leia a íntegra da nota divulgada pela embaixada de Israel

​​Houve um aumento da frequência de uso do Holocausto no discurso público, que de forma não intencional banaliza sua memória e também a tragédia do povo judeu, que terminou com o extermínio de 1/3 do nosso povo por ódio e ignorância dos nazistas e seus colaboradores.

Em nome da amizade forte entre nossos países, que cresce cada vez mais há 72 anos, requisitamos que a questão do Holocausto como também o povo judeu ou judaísmo fiquem à margem do diálogo político cotidiano e as disputas entre os lados no jogo ideológico.

O Holocausto é algo que não desejamos a nenhuma nação, e enfatizamos que isso não seja usado cotidianamente, mesmo em casos que sejam considerados extremos. Nada é tão extremo como o Holocausto, não apenas para os judeus, mas também para outras minorias que sofreram na Europa e no mundo.


Holocausto nunca mais!​

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