Lula diz que vai se entregar e critica Judiciário
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São Bernardo do Campo (SP) - Discurso de Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O ex-presidente disse que ministro da Suprema Corte não deve dar declaração de como vai votar. |
Ao falar pela primeira vez publicamente após a decisão do juiz Sérgio
Moro que expediu sua ordem de prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse hoje (7) que irá cumprir a medida judicial, mas fez duras
críticas à Justiça, ao Ministério Público e à imprensa.
"Eu sou
o único ser humano processado por um apartamento que não é meu, e eles
sabem que a Lava Jato mentiu que era meu, o MP mentiu que era meu, e eu
pensei que o Moro ia resolver e também mentiu que era meu, e me
condenou", disse em discurso que durou 55 minutos.
"Esse pescoço
aqui não baixa eu vou de cabeça erguida e vou sair de peito estufado de
lá". Durante o discurso, Lula disse que "vou cumprir o mandado deles" e
"quero fazer a transferência de responsabilidade para eles".
Em seguida, acrescentou que: "Eu
tenho 72 anos. Mas eu não os perdoo por ter mentido que sou ladrão".
Lula fez o discurso para militantes concentrados em frente ao Sindicato
dos Metalúrgicos no ABC, em São Bernardo do Campo (SP), após missa em
memória de Marisa Letícia, que completaria 68 anos hoje.
Lula afirmou que ministro da Suprema Corte não deve dar declaração de como vai votar. "Quem
quiser votar com base na opinião pública largue a toga e vá ser
candidato. Escolha um partido político e vá ser candidato".
Em
referência a Sérgio Moro, Lula afirmou que: “O juiz tem que ter a
cabeça mais fria, mais responsabilidade de fazer acusação ou de
condenar".
Sem citar nomes, Lula criticou a atuação
do procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato.
"O que eu não posso admitir é o procurador que fez um Power Point e foi
para a TV dizer que o PT é uma organização criminosa que quer roubar o
Brasil e que Lula é o chefe. E que, se ele é o chefe, eu não preciso de
provas, eu tenho convicção. Eu quero que ele guarde a convicção dele
para os comparsas dele e não para mim".
Para Lula, o país vive hoje um ambiente dividido e bélico. "[...]
Deram a primazia de criar quase um clima de guerra negando a política
neste país. Nem Deus tem coragem ou dorme com a consciência tranquila e a
honestidade que eu durmo.
Eu não estou acima da Justiça. Se eu não
acreditasse nela, eu não tinha feito um partido político e proposto uma
revolução neste país. Acredito numa Justiça justa, que vota processo
baseado nos autos do processo, na defesa, na prova concreta do crime".
Após
o discurso, Lula deixou o caminhão de som e passou mal. Do carro do
som, solicitaram a entrada de um médico na sede do sindicato.
Da Agência Brasil*
Edição: Carolina Pimentel