Janot pede investigação de Lula, Cunha, três ministros e mais 26 pessoas

André Richter - Repórter da Agência Brasil

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de três ministros do governo, do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e de parlamentares do PMDB, entre outros acusados, no principal inquérito da Operação Lava Jato.
Brasília - O presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho; o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o procurador-geral da República, Rodrigo Janot; o conselheiro do CNJ, Guilherme Calmon; e o vice-presiden
Procurador-geral da República, Rodrigo JanotElza Fiuza/Agência Brasil
A petição chegou ao Supremo no dia 28 de abril, mas só foi tornada público hoje. Janot pediu ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo, a inclusão das seguintes pessoas no inquérito que investiga os supostos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha:

- Ex-presidente Lula;
- Ministros Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e Edinho Silva;
- Senadores Jader Barbalho e Delcídio do Amaral;
- Deputados Eduardo Cunha, Eduardo da Fonte, Aguinaldo Ribeiro e André Moura; Arnaldo Faria de Sá, Altineu Cortes, Manoel Junior e Henrique Eduardo Alves;
- Assessor especial da presidência da República Giles Azevedo;
- Ex-ministros da Casa Civil Erenice Guerra e Antônio Palocci.


O procurador solicitou abertura de investigação contra o pecuarista José Carlos Bumlai, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto e o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual; Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da estatal, e Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia.

Ao pedir a inclusão de novos envolvidos no inquérito, que está em andamento desde o ano passado, Janot sustenta que houve um aprofundamento nas investigações. 

As acusações estão baseadas, principalmente, nas afirmações feitas pelo senador sem partido Delcídio do Amaral (MS) nos acordos de delação premiada.

“Esse aprofundamento das investigações mostrou que a organização criminosa tem dois eixos centrais. O primeiro ligado a membros do PT e o segundo ao PMDB. No caso deste, as provas colhidas indicam para uma subdivisão interna de poder entre o PMDB da Câmara dos Deputados e o PMDB do Senado Federal, disse.

Janot explicoou que estes dois grupos, embora vinculados ao mesmo partido, ao que parece, atuam de forma autônoma, tanto em relação às indicações políticas para compor cargos relevantes no governo quanto na destinação de propina arrecadada a partir dos negócios escusos firmados no âmbito daquelas indicações”, argumentou Janot. 

Nos novos elementos colhidos pela PGR, estão as delações de dirigentes da empreiteira  Andrade Gutierrez, além dos fatos relatados por Delcídio do Amaral. Segundo Janot, as provas apuradas até o momento “indicam a existência de um esquema ilícito comandado e articulado por políticos integrantes especialmente do PT, do PMDB, e do PP”
PMDB da Câmara e no Senado
Segundo Janot, liderado pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha, a cúpula do partido atuou na venda de requerimentos e emendas parlamentares para beneficiar empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato.

“Conforme se verá, além de atuarem diretamente na indicação política de pessoas para postos importantes da Petrobras e da CEF [Caixa Econômica Federal] há evidências de que esse grupo o atuou também na 'venda' de requerimentos e emendas parlamentares, seja para beneficiar empresas, tais como o Grupo OAS, a Odebrechet e o Banco BTG, argumentou Janot.
Para o procurador, houve participação do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) na nomeação de diretores da Petrobras em troca de pagamentos. Janot cita no pedido um dos acordos de delação premiada do senador Delcídio do Amaral.


“Em um jantar na casa de Jader Barbalho, em Brasília, na qual estavam presentes também Renan Calheiros, Sérgio Machado e Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró comprometeu-se a dar US$ 6.000.000,00 aos políticos do PMDB, cujo dinheiro das propinas seria proveniente dos contratos firmados pela Petrobras nas aquisições dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000”, diz o texto.
PP
Segundo Janot, o PP precisa ser incluído na investigação por participar do pagamento de propina na diretoria de Abastecimento da Petrobras, na gestão de Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Lava Jato.

“Com relação a integrantes do Partido Progressista, deve-se incluir na presente investigação os deputados Eduardo da Fonte e Aguinaldo Ribeiro que, preteridos na distribuição de vantagens indevidas, assumiram, a partir de 2011, o comando da agremiação partidária e o consequente controle da repartição de valores relativos ao esquema de corrupção da Diretoria de Abastecimento da Petrobras.”

PT
De acordo com Rodrigo Janot, a prática do PT “ao que tudo indica, era especialmente voltada à arrecadação de valores ilícitos, por meio de doações oficiais ao diretório nacional.
“As provas apontam para o envolvimento da seguinte autoridades com prerrogativa de foro: Edinho Silva, Ricardo Berzoini, Jacques Wagner e Delcídio do Amaral. Além destes, Luiz Inácio Lula da Silva, Antônio Palocci, Giles de Azevedo, Erenice Guerra, José Carlos Bumlai, Paulo Okamoto e José Gabrielli tiveram contra si colhidos inúmeros indícios de envolvimento no esquema criminoso objeto desta apuração.”


Lista completa dos envolvidos

1 - Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
2- Jaques Wagner (ministro do gabinete pessoal da Presidência da República);
3- Ricardo Berzoini (ministro da secretaria de governo)
4-  Edinho Silva (ministro da secretaria de Comunicação Social (Secom);
5 – Senador Jader Barbalho (PMDB-PA)
6 – Delcídio do Amaral (sem partido – MS)
7 – Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados (PMDB-RJ)
8 - Eduardo da Fonte – deputado federal (PP-PE);
9 -  Aguinaldo Ribeiro - deputado federal (PP-PB) – já é investigado no inquérito
10 - André Moura – deputado federal (PSC-SE)
11 – Arnaldo Faria da Sá – deputado federal (PTB-SP)
12 - Altineu Cortes – deputado federal (PMDB-RJ)
13 – Manoel Júnior – deputado federal (PMDB-PB)
14 -  Henrique Eduardo Alves – deputado federal (PMDB-RN);
15 - Giles de Azevedo – assessor especial da presidência da República;
16 - Erenice Guerra (ex-ministra da Casa Civil);
17 - Antônio Palocci (ex-ministro da Casa Civil);
18 - Jose Carlos Bumlai (empresário);
19 - Paulo Okamoto (presidente do Instituto Lula);
20 - André Esteves (sócio do banco BTG Pactual)
21 - Silas Rondeau (ex-ministro de Minas e Energia)
22 - Milton Lyra (lobista);
23 - Jorge Luz (lobista)
24 - Sergio Machado (ex-presidente da Transpetro)
25 – José Gabrielli (ex-presidente da Petrobras);
26 - Lúcio Bolonha Funaro (doleiro);
27 - Alexandre Santos (ex-deputado federal);
28 - Carlos Willian (ex-deputado);
29 – João Magalhães (ex-deputado-federal)
30 - Nelson Bornier (prefeito de Nova Iguaçu (RJ).
31 - Solange Almeida (ex-deputada federal e prefeita Rio Bonito - RJ)



Edição: Beto Coura






Veja a resposta dos citados

Edinho Silva
Em nota, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, afirmou que a campanha presidencial de Dilma em 2014 foi conduzida "de maneira ética e dentro da legalidade". 

"Todas as doações foram devidamente registradas na prestação de contas, aprovada por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral", informou a assessoria de imprensa do ministro.

Jaques Wagner
O ministro da Chefia de Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, disse que não conhece o "conteúdo e as razões" do pedido de inclusão do seu nome no inquérito, e que por isso "não poderá se posicionar" sobre as investigações.

"O ministro está seguro sobre suas atividades sempre motivadas pelo interesse público. 

Ele está tranquilo e não acredita na aceitação definitiva do seu nome no processo", informou a assessoria de imprensa de Wagner, por meio de nota.

O ministro disse ainda que vai aguardar o resultado definitivo das investigações e que está à disposição das autoridades.


Edinho Silva
Em nota, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, afirmou que a campanha presidencial de Dilma em 2014 foi conduzida "de maneira ética e dentro da legalidade". 

"Todas as doações foram devidamente registradas na prestação de contas, aprovada por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral", informou a assessoria de imprensa do ministro.

Jaques Wagner
O ministro da Chefia de Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, disse que não conhece o "conteúdo e as razões" do pedido de inclusão do seu nome no inquérito, e que por isso "não poderá se posicionar" sobre as investigações.

"O ministro está seguro sobre suas atividades sempre motivadas pelo interesse público.

 Ele está tranquilo e não acredita na aceitação definitiva do seu nome no processo", informou a assessoria de imprensa de Wagner, por meio de nota.

 O ministro disse ainda que vai aguardar o resultado definitivo das investigações e que está à disposição das autoridades.

Paulo Okamotto
O advogado de defesa de Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, disse que não teve acesso integralmente ao pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Ainda não tivemos acesso à integralidade do pedido do procurador-geral para verificar a legalidade.

 Quanto a seus fundamentos, o Supremo deverá impedir investigações sem justa causa e fora dos contornos legais.

 No entanto, respeitados o juiz natural e a Constituição, não se receia qualquer investigação”, disse, em nota, a defesa de Okamotto, representada pelo criminalista Fernando Augusto Fernandes.

José Carlos Bumlai
A defesa do pecuarista José Carlos Bumlai também disse que não teve acesso ao pedido de Janot. 

“Não tivemos acesso ao inteiro teor do pedido do Ministério Público, do procurador-geral, não sabemos as razões da inclusão do nome dele nas investigações, nem tivemos acesso aos documentos que a embasaram.

 Então, por enquanto, sobre o mérito, nós não temos como nos manifestar”, disse, por telefone, a advogada Daniella Meggiolaro, que trabalha na defesa de Bumlai.

Instituto Lula
O Instituto Lula ainda não divulgou nota sobre a inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no inquérito.

* Colaboraram Paulo Victor Chagas, Camila Boehm (SP)

Edição: Carolina Pimentel

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