Modernização das Ceasas Diretor da Frente Parlamentar em Defesa das Centrais de Abastecimento Interno, Junji elabora projeto para reformular existentes e implantar novas unidades






Pinheiro, Junji, Coringa e Tachibana: importância da mobilização das bases para viabilizar esperados avanços



Reformar, ampliar e modernizar as centrais de abastecimento, assim como garantir a implantação de novas unidades é o objetivo de um projeto de Lei a ser apresentado pelo deputado federal Junji Abe (DEM-SP). A proposta, em fase de elaboração, visa “compensar mais de meio século de atraso estrutural e operacional” dos entrepostos, conhecidos Ceasas, que funcionam de forma precária em prejuízo da cadeia produtiva completa – desde os produtores até os consumidores.

Integrante da diretoria da Frente Parlamentar em Defesa das Centrais de Abastecimento Interno – Ceasas, Junji antecipou que o projeto deverá ter autoria conjunta dele e do presidente do grupo, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). As unidades sob a responsabilidade do governo federal estão nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Os transtornos causados pelo péssimo estado das instalações paulistas centralizaram as discussões  em (12/08/2011), quando Junji se reuniu com cerca de 50 pessoas, entre dirigentes classistas, produtores rurais, permissionários e comerciantes na sede do Sincaesp - Sincaesp – Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo.

Mesmo precisando de reforma, o complexo mineiro é bem avaliado, o que motivou o deputado a sugerir a formação de uma comissão para conhecer as instalações de Minas. Já o paulista, comparou Junji, registra uma “situação tenebrosa que é um flagrante contraste com a importância do Estado para o agronegócio brasileiro”. Ele apontou que a Ceagesp – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo, inaugurada há 52 anos, não recebeu uma única melhoria.

Questionado pelos participantes do encontro, se o deputado defendia a reforma e ampliação da central paulista, na Vila Leopoldina, ou a instalação de uma nova unidade, Junji foi enfático: “Já faz 30 anos que isto está inviável para a atividade”. Ele observou que não há condições para ampliar o local e lembrou que de três a quatro vezes por ano, “as mercadorias ficam boiando nas águas das enchentes e o que se salva vira risco à saúde dos consumidores, porque a maioria dos produtos é ingerida in natura”.

Como exemplo de estrutura obsoleta, “que vocês estão carecas de saber”, Junji apontou os espaços internos, projetados para veículos de carga com um eixo traseiro – capacidade para oito toneladas. Contudo, completou, desde 1990, os caminhões têm três eixos traseiros para comportar 40 toneladas.

Megacomplexo
O deputado federal Junji Abe defende a implantação de um megacomplexo na Grande São Paulo, à altura da força do agronegócio paulista, que concentraria uma série de atividades. O esboço da proposta foi apresentado pelo parlamentar, no início do ano, ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, que recebeu a ideia com entusiasmo.

Junji pretende envolver o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e instituições agrícolas para desenvolver o anteprojeto do megacomplexo do agronegócio. Ele quer juntar, num único local, as operações de comercialização e distribuição de produtos agrícolas e também de insumos – sementes, fertilizantes, defensivos, embalagens e afins. Segundo a proposta do parlamentar, a unidade seria dotada de estruturas física e operacional adequadas, incluindo sistemas para leilões eletrônicos, entre outros dispositivos.

A ideia do parlamentar é mais ousada. Inclui a instalação de um centro de formação técnica de lideranças e multiplicadores no segmento da policultura. O treinamento de profissionais especializados na difusão de técnicas de plantio, estratégias de comercialização, organização em cooperativas e outros temas relacionados à atividade faz parte de mais uma meta de Junji: a revolução no conceito de reforma agrária.

Defensor incondicional do direito de propriedade e combatente feroz das invasões de terras, Junji sempre criticou o modelo usado pelo governo para promover a reforma agrária. “Não adianta dar um pedaço de terra a uma família, proporcionar o capital inicial e deixá-la lá. Por mais boa vontade que tenha o beneficiado, não conseguirá garantir nem o próprio sustento e, em pouco tempo, terá desistido da atividade e voltado para os bolsões urbanos de miséria”, apontou.

Os futuros beneficiados com a cessão de terras por parte do governo federal precisam receber, antes, todo treinamento e, depois, assistência técnica para produzir com eficiência e rentabilidade, como recomenda Junji. O melhor modelo, na opinião dele, é o da policultura que gera bons resultados em pequenas áreas e pode incluir a criação de pequenos animais. Os agentes de formação rural viriam do megacomplexo idealizado por ele.

Reforçando a necessidade do empreendimento, Junji argumentou que “seria um passo gigantesco para fortalecer o agronegócio, impulsionar a expansão da atividade, atender às necessidades de toda a cadeia produtiva, beneficiando e muito o consumidor final, além de gerar capital humano para corrigir o equivocado modelo de reforma agrária usado pelo governo”.

O anteprojeto deverá incluir sugestões de áreas que poderiam abrigar o megacomplexo na região metropolitana de São Paulo. A meta é escolher um local próximo do Rodoanel ou de grandes rodovias que facilitem os deslocamentos dentro do Estado e também interestaduais.

Mobilização
“Mas, não se enganem. Um empreendimento como este não sai só com recursos públicos. Poderá ser viabilizado por meio de uma PPP – Parceria Público-Privada. E o principal: qualquer avanço ocorrerá somente com a participação efetiva de vocês que vivem o drama das péssimas condições da Ceagesp”, alertou o deputado federal Junji Abe sobre a proposta que tanto agradou os participantes do encontro.

Reiterando sua total disposição de contribuir no sentido de garantir ao agronegócio um complexo adequado de entrepostos, Junji cobrou o efetivo envolvimento dos atores das cadeias produtivas envolvidas.

O deputado lembrou que, por melhor que seja o empreendedor, se ele virar refém de determinadas tarefas, sem “a visão do todo em torno do seu negócio, está fadado a perecer” diante da concorrência no mundo globalizado. “Gente, a casa de vocês está caindo. Não adianta só reclamar”, sublinhou, rebatendo argumentos como falta de tempo para participação.

Diante de dirigentes, como os presidentes do Sincaesp, José Robson Coringa, e do Sindicato Rural de Ibiúna, Maurício Tachibana, além do vice-presidente do Sindicato dos Carregadores, Mário Pinheiro, Junji criticou a postura de transferir a responsabilidade pelas reivindicações aos representantes classistas. “Eles fazem o melhor que podem, mas, por melhor que trabalhem, não conseguirão avançar sem a mobilização das bases”.

Chamando a atenção da categoria para a necessidade de ter representantes nas três esferas do Legislativo, Junji assinalou o desperdício de votos oferecidos a candidatos que nada conhecem da atividade e, pior, não têm qualquer compromisso de batalhar por melhorias voltadas ao setor.

Ambos os dirigentes concordaram com as considerações do parlamentar. Pinheiro revelou que conheceu Junji no mês passado, no lançamento da Frente Parlamentar em Defesa das Centrais de Abastecimento Interno – Ceasas. “Fiquei muito impressionado com o discurso dele, característico de um profundo conhecedor dos nossos problemas e disposto a buscar soluções”, comentou. Coringa completou: “Junji foi o único que teve coragem de falar a verdade sobre o sucateamento da Ceagesp”.

O vice-presidente do Sindicato dos Carregadores rememorou que Junji dissera no evento sobre a importância da mobilização das bases. “Ele falou e é verdade: não importa se você é o maior barraqueiro daqui ou o puxador de carrinho. Estamos todos no mesmo barco e temos de lutar porque a Ceagesp não pode ficar como está”. Mal sabia o dirigente que o deputado é um grande do seu pai, Zé Pinheiro, presidente da entidade e companheiro de muitas batalhas em defesa do setor desde a década de 90, quando o parlamentar atuava na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Vigilância
Embora deputado federal, Junji Abe agendará uma reunião com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, para tratar de um problema levantado durante o encontro no Sincaesp. Os representantes da categoria contestam a forma de atuação do Convisa, órgão municipal de Vigilância Sanitária.
De acordo com os permissionário da Ceagesp, os técnicos do Convisa iniciaram a fiscalização e monitoramento das ações no entreposto, porém, têm feito exigências que extrapolariam o contexto de preservação da saúde pública. A pedido dos dirigentes do Sincaesp, Junji intermediará o encontro, levando representantes da categoria para apresentarem a situação ao prefeito paulistano.
Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286

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