A família Bolsonaro - A realidade, escancarada pelas investigações da Polícia Federal, é um retrato de falência moral.
 A família Bolsonaro sempre se vendeu como o epítome dos valores tradicionais: hierarquia, respeito aos mais velhos e autoridade paterna. Jair Bolsonaro, o patriarca, construiu sua imagem pública como o “capitão”, o homem de pulso firme que colocaria ordem na casa. Mas a realidade, escancarada pelas investigações da Polícia Federal, é um retrato de falência moral.
O “mito” que prometia salvar o Brasil da desordem não consegue nem manter o respeito dentro do próprio quartel-general.
As mensagens apreendidas mostram que o ensinamento mais eficaz de Bolsonaro-pai não foi sobre patriotismo ou civismo. Foi uma masterclass em autoritarismo, arrogância e falta de respeito. Lições tão bem aprendidas que o aluno, no caso o deputado Eduardo Bolsonaro, agora devolve ao professor com juros e correção monetária.
Na noite de 15 de julho, o deputado federal enviou um “VTNC seu ingrato do caralho” para Jair após ler uma entrevista que o ex-presidente concedeu ao portal Poder 360.
“Ele [Eduardo Bolsonaro] apesar de ter feito 40 anos de idade agora, né... Ele não é tão maduro assim, vamos assim dizer, talhado para a política... Tá bem. Ele acerta 90% das vezes, 9% quando meio e 1% está errando”, disse Jair à imprensa.
As mensagens demonstram irritação do deputado com as declarações do pai sobre ele, que acalenta o sonho de ser candidato à Presidência da República em 2026. Bolsonaro correu para dar declarações aos jornalistas a fim de acalmar o filho. Só aí Eduardo pediu desculpas. A estratégia de comunicação da direita depende de faniquitos familiares.
Eduardo Bolsonaro aprendeu com o mestre. Aprendeu que a força bruta, a ameaça e a chantagem são linguagens válidas. E agora, o pupilo usa as mesmas armas contra o mentor.
“Você ensina autoritarismo e eles crescem para te dominar”, afirmou à coluna Christian Dunker, psicanalista e professor titular do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP.
Ele lembra a cena de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, no qual um pai repreende o filho na frente dos outros, mas o aprova em particular. Isso termina com uma pessoa criando tiranos que o dominam 
