Cid chorou ao ser confrontado por Alexandre de Moraes sobre plano de assassinato

 

Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.



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Cid chorou ao ser confrontado por 

Alexandre de Moraes sobre plano de assassinato

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro havia omitido da PF trama para matar Lula, Alckmin e Moraes 

A coluna apurou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, chorou ao ser questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre suas omissões em depoimentos à Polícia Federal durante sua colaboração premiada. Em especial, quando questionado sobre o plano que previa os assassinatos do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio ministro.

Cid já havia chorado ao falar do plano em depoimento à PF, após a deflagração da Operação Contragolpe. O militar havia desmaiado durante outro depoimento no STF quando foi informado de que seria preso após áudios dele indicarem que o militar estava quebrando sigilo da delação.

Cid não havia mencionado o conhecimento sobre o plano para a PF durante os depoimentos prestados para a colaboração premiada já assinada no ano passado. Por isso, a PF decidiu convocá-lo para depor novamente e, depois disso, também enviou um relatório ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, sobre as omissões para que fosse revisto o benefício previsto para o colaborador.

Por lei, quem assina uma colaboração precisa confessar todos os crimes, apresentar provas e ainda apontar todo o conhecimento sobre os demais envolvidos. Não são permitidas omissões, mentiras ou mesmo a quebra do sigilo do acordo.

Desde o início dos depoimentos, a PF sabia que Cid vinha omitindo dados. Periciando o celular dele, os investigadores tinham verificado uma série de áudios e documentos que demonstravam que o tenente não estava falando tudo que sabia. Contudo, eles aguardaram o momento da conclusão do inquérito para citar as omissões já que suspeitava que Cid estivesse vazando dados, o que é apontado no relatório final da PF.

Cid é visto como agente de ‘contrainteligência’

Um dos investigadores descreveu Cid para a coluna como um agente de contrainteligência dentro da investigação. A PF aponta no relatório final de inquérito ter encontrado um documento na sede do PL indicando que Cid estava relatando a pessoas próximas ao general Braga Netto, também investigado, detalhes do que estava contando nos depoimentos.

Na mesa do coronel Peregrino, assessor de Braga Netto, a PF achou um documento em que os investigadores apontam ser “perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial”. As respostas parecem vir do tenente e relatadas por um terceiro, porque usam verbos na terceira pessoa do plural como “aliviou” ou “não falou nada”.

No documento, o interlocutor quer saber se a investigação descobriu algo sobre a narrativa construída em torno da distorção do artigo 142 da Constituição, usado pelos golpistas para tentar justificar uma intervenção das Forças Armadas na vida política, promovendo a ruptura democrática. “Minuta do 142. Existia documento físico?”, pergunta o interlocutor não identificado. “Eles sabem de coisas que não estavam em lugar nenhum (e-mail, celular, etc.)”, responde, em vermelho, a pessoa que a PF acredita ser Mauro Cid ou a pessoa que falou com ele. 

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