Hoje no governo de SP, ex-CGU atacou relatório que validou urnas

 Guilherme Amado

Hoje no governo de SP, ex-CGU atacou relatório que validou urnas


“Uma merda”, disse Wagner Rosário, então ministro da CGU, a Bolsonaro em reunião golpista no Planalto; governo engavetou documento

 atualizado 

Na reunião com dinâmica golpista que embasou a operação da PF contra Jair Bolsonaro e aliados, o então ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, chamou de “uma merda” um relatório técnico que não encontrou fraude no sistema de votação e que foi engavetado pelo governo Bolsonaro. Naquela reunião ministerial em julho de 2022, Rosário defendeu a Bolsonaro uma “força-tarefa urgente” com a PF e as Forças Armadas para criticar as urnas eletrônicas.

O documento citou as 20 milhões de linhas a que Rosário fez alusão na reunião ministerial: “Os referidos sistemas são desenvolvidos em diversas linguagens de programação, incluindo linguagens em nível de máquina, totalizando quase 20 milhões de linhas de código”.

Depois de criticar o relatório, Rosário sugere recorrer às Forças Armadas, que estavam na comissão fiscalizadora do Tribunal Superior Eleitoral, e à Polícia Federal, que respondia ao então ministro da Justiça, Anderson Torres.

“A gente tem que procurar as Forças Armadas, junto com a Polícia Federal. A Polícia Federal também fez um trabalho. Que eu sei que fizeram uma coisa mais profunda. […] Essa junção PF, Forças Armadas e CGU, a gente tem que fazer urgente, urgente. Monta as equipes… A gente chegar ao consenso: ‘Isso aqui tem que ser porque não temos garantia disso. E aí já não é mais as Forças Armadas falando. São três instituições. A gente tem que se preparar para atuar em força-tarefa nesse negócio”, seguiu Rosário, dirigindo-se a Bolsonaro. 

Logo depois dessa fala, Wagner Rosário hesitou e perguntou se a reunião estava sendo gravada. “A reunião está sendo gravada? Tá? Hein, presidente? Está sendo gravada?, ao que Bolsonaro respondeu: “Não, eu mandei gravar a minha fala”, fazendo sinal de positivo.

Reunião teve “dinâmica golpista”, diz PF 

A reunião ministerial de 5 de julho de 2022 foi usada pela Polícia Federal nas investigações que apontaram as articulações do governo Bolsonaro para dar um golpe de Estado. O vídeo da reunião foi encontrado pelos investigadores nos arquivos do tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro.

Nesse encontro fechado, que contou com a presença dos comandantes das Forças Armadas, Bolsonaro e ministros deram declarações que mostram o esforço do governo para impedir a derrota para Lula na eleição, que aconteceria dali a três meses. 

O então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, disse que a pasta estava em “linha de contato com o inimigo”, em referência à comissão de fiscalização no TSE.

O general Augusto Heleno, que chefiava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e tinha sob o ministério a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), disse que se “tiver que virar a mesa é antes das eleições”, e que era preciso agir “contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”.

Bolsonaro endossou o argumento de Heleno e afirmou: “Nós não podemos deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado. Vocês estão vendo agora que eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes”. 

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