Após lobby nos bastidores, ONU comemora voto contra marco temporal

Jamil Chade 

Colunista do UOL

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 Indígenas comemoram do lado de fora do Supremo a derrubada da tese do marco temporal
Indígenas comemoram do lado de fora do Supremo a derrubada da tese do marco temporal Imagem: EDUARDO F S LIMA/FUTURA PRESSESTADÃO CONTEÚDO


O esforço do Brasil de se reposicionar no mundo tem pautado as ações do governo no âmbito internacional. Mas a decisão do STF de derrubar a tese do marco temporal credencia o país para falar de direitos humanos e foi amplamente comemorada nos bastidores da ONU e de organismos que lidam com direitos de minorias.

A questão estava sendo acompanhada de perto por governos estrangeiros, organizações internacionais e por ativistas. Para muitos no exterior, o destino que se daria aos povos indígenas no Brasil seria o termômetro do vontade política real do país em confrontar seu passado e lidar com os atuais desafios.

Oficialmente, essas instituições ainda não se pronunciaram. Mas planejam declarações para os próximos dias. Ainda assim, a notícia de que o STF formou maioria contra a tese do marco temporal foi aplaudida tanto pela cúpula dos órgãos de direitos humanos da ONU em Genebra, relatores das Nações Unidas como na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, vinculada à OEA.

Ao longo dos últimos meses, entidades, políticos e personalidades pelo mundo cobraram do Brasil que a tese não fosse aprovada.

A própria ONU, em cartas confidenciais, havia feito lobby e alertado que a aprovação do marco temporal teria um impacto negativo para a imagem do Brasil no mundo. José Francisco Calí Tzay, relator da ONU para a questão indígena, também enviou uma comunicação ao país para alertar que a aprovação do marco temporal "violaria os compromissos internacionais assumidos pelo país".

Na União Europeia, o tema passou a ser usado por parlamentares que tentam impedir que o acordo comercial entre Mercosul e a UE seja assinado, alegando que a medidas seria uma sinalização do desrespeito do Brasil por minorias.

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Para as entidades, as violações cotidianas de direitos humanos no Brasil e, em especial, na questão indígena estão longe de uma solução. Mas, ao optar por invalidar a tese do marco temporal, a interpretação é de que o país manda um sinal positivo e forte.

Reportagem

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JAMIL CHADE

Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente. 

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