Haddad defende taxar ricos: “Pessoa está num paraíso fiscal só dela”. - Metrópoles Entrevista - Fernando Haddad


Haddad defende taxar ricos: “Pessoa está num paraíso fiscal só dela”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu entrevista ao vivo, no estúdio do Metrópoles,, nesta quarta-feira 

 atualizado 

Haddad defende taxar ricos: "Pessoa está num paraíso fiscal só dela"

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), comentou em entrevista ao Metrópoles a proposta de taxação de fortunas dos chamados “super-ricos”. Essa classe tem uma tributação diferenciada, sem pagamento do chamado “come-cotas”. Segundo o ministro, o “super-rico” é uma “pessoa que está em um paraíso fiscal só dela”. E emendou: “O Brasil criou uma espécie de conta paradisíaca para essas 2 mil famílias [de super-ricos]. Não faz sentido”.

“Estamos falando de 2.400 fundos, que envolvem um patrimônio da ordem de R$ 8 bi. Se fosse 1% da população, dois milhões de pessoas… estou falando de 2 mil pessoas”, defendeu o ministro.

Haddad ainda ressaltou que a não taxação das grandes fortunas faz parte de uma legislação anacrônica. “Ninguém está querendo tomar nada de ninguém, estamos cobrando o rendimento desses fundos como qualquer trabalhador. Você recebe o salário, você paga o Imposto de Renda”, observou.

Metrópoles entrevistou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (26/7). A entrevista aconteceu no estúdio da redação, em Brasília.

Participaram da entrevista os colunistas Igor Gadelha e Guilherme Amado, além da repórter Flávia Said.

Ao Metrópoles, Haddad ressaltou que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024 será “equilibrado”.

“Orçamento equilibrado é orçamento equilibrado”, explicou o ministro. “Estou usando o termo para dizer que o déficit primário é igual a zero. Orçamento equilibrado é déficit zero”.

O orçamento do próximo ano deverá ser apresentado até 31 de agosto deste ano. de acordo com Haddad, supondo que o Congresso não o aprove, “o relator vai ter que ajustar a peça orçamentaria à luz do que foi acordado”.

Taxa Selic

O ministro voltou a afirmar que o governo não mede esforços para derrubar a taxa básica de juros, a Selic. Mas voltou a citar o Banco Central, na pessoa de Roberto Campos Neto, como “um pressuposto”. Haddad ressaltou que uma queda dos juros de 0,5%, na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) é o que o mercado espera.

“A inflação dos últimos 12 meses está abaixo de 3,2%. Isso com toda a reoneração de combustiveis”, observou. “As projeções de final do ano estão todas em menos de 5%, quando no começo do ano estavam todas acima de 6%. Caiu mais de um ponto percentual a inflacão projetada para esse ano. Ou seja: você vai manter os juros na casa dos 10% em termos reais?”.

O ministro calculou que seriam necessárias oito reuniões do Copom para o Brasil chegar na segunda maior taxa de juros do mundo, que é a do México. “Então, às vezes fica parecendo uma coisa pessoal. O Haddad quer, o Haddad está torcendo. Não é isso. Eu estou falando de dados objetivos. Não trabalho com outra coisa que não sejam dados objetivos.

Obstáculos junto ao mercado

Na entrevista, Haddad ressaltou que sua relação com o chamado mercado melhorou bastante, mas ainda vê “muitos obstáculos” a serem vencidos.

“O mercado, por definição, se sobressalta às vezes. É da natureza do mercado operar por sobressalto”, destacou. “O mercado é sempre uma coisa que você tem que saber conduzir, porque não existe um mercado. São pessoas que estão nas mesas de operação, seguindo seus valores, visão de mundo, o que elas entendem que é o rumo correto.”

“É muito difícil avaliar de uma semana para outra a atuação de uma pessoa. Hoje, já temos seis meses. Está tudo resolvido? Não, estamos longe. Tem muita coisa que inspira cuidado. Eu sou uma pessoa otimista, mas eu sei que tem muitos obstáculos a serem vencidos. Não será tarefa fácil recolocar o Brasil em uma trilha de desenvolvimento sustentável.

“Orçamento equilibrado é déficit zero”, afirma ministro Haddad

O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) do próximo ano deverá ser apresentado até 31 de agosto deste ano 

https://www.metropoles.com/brasil/metropoles-entrevista-ministro-fernando-haddad

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