Ações de varejistas fecham com perdas nesta quinta-feira (22) após decisão sobre taxa de juros


Setor reagiu mal à manutenção da Selic em 13,75% e às incertezas do comunicado em relação a um possível corte na Selic em agosto

Setor de varejo é um dos mais sensíveis a taxas de juros
Setor de varejo é um dos mais sensíveis a taxas de juros 19/10/2021REUTERS/Amanda Perobelli
22/06/2023 às 19:35 | Atualizado 22/06/2023 às 22:01 
Amanda Sampaio da CNN*

Em São Paulo

As ações de varejo reagiram mal ao anúncio do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de manter a Selic em 13,75%. Nesta quinta-feira (22), os papéis do setor fecharam entre as maiores baixas do Ibovespa.

O dia já começou no vermelho para vários papéis, como os da Alpargatas (ALPA4), que puxava as baixas do setor. O ativo permaneceu em perdas constantes até o fechamento e encerrou o dia no posto de segunda maior baixa, com queda de 5,95%, a R$10,43.

Os ativos da Magazine Luiza (MGLU3) também despencaram logo nas primeiras duas horas de negociação. Quase no fim do dia, os papéis da empresa começaram a se recuperar, mas a subida não foi suficiente para evitar o fechamento negativo em 5,05%, a R$ 3,57.

Entre as perdas do setor também se destacam Via (VIIA3), com -3,83%; Hypera, com -2,06%; e Arezzo (ARZZ3), com -2,31%.

setor de varejo é um dos mais sensíveis a taxas de juros. Números mais altos, por exemplo, acabam diminuindo o poder de compra do consumidor e dificultando o acesso ao crédito.

Breno Francis de Paula, analista de varejo do Inter, explica que as incertezas do comunicado em relação a um possível corte nos juros em agosto pegou parte dos investidores de surpresa.

“Com isso, um número massivo de companhias varejistas operou em queda no pregão desta quinta-feira. A Selic atual mantém a economia restrita, isso impacta diretamente a renda, o crédito e o consumo da sociedade, o que consequentemente afeta o desempenho das ações de varejo”, afirma.

Além disso, o especialista também destacou que, historicamente, o setor de varejo se relaciona de forma inversa à Selic.

“Durante os ciclos de corte de juros, as varejistas geralmente têm um desempenho superior ao mercado. O inverso também é verdadeiro, com o setor sofrendo mais do que o mercado quando a taxa básica da economia brasileira está ascendente ou em patamar elevado”, diz.

O analista da Empiricus Research, Matheus Spiess, relembra que, recentemente, o Brasil passou por momentos de “estresse” na curva de juros, o que impactou negativamente os papéis do setor.

“Do final de março para cá, com as perspectivas de queda dos juros, essas ações foram muito bem, mas agora estão sendo mais sensibilizadas novamente”, avalia.

Um levantamento da Ável Investimentos mostrou que, nos últimos 12 meses, varejistas do país registraram o fechamento de mais de cem lojas.

Segundo a pesquisa, os fechamentos de loja são puxados pelo Magazine Luiza. Além de ter reduzido expressivamente suas unidades, a varejista registrou prejuízo de R$ 361,2 milhões somente no primeiro trimestre deste ano.

*Com informações de Danilo Moliterno

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