Número de pessoas em situação de extrema pobreza cresce 17,9% no Alto Tietê em um ano, segundo dados do CadÚnico

Por g1 Mogi das Cruzes e Suzano

Família em situação de extrema pobreza cresce no Alto Tietê — Foto: Profissão Repórter
Família em situação de extrema pobreza cresce no Alto Tietê — Foto: Profissão Repórter

O levantamento inclui informações de 

Ferraz de Vasconcelos, 

Itaquaquecetuba, 

Mogi das Cruzes, Poá, Santa Isabel e Suzano. 

Arujá, Biritiba Mirim, Guararema e 

Salesópolis também foram questionadas sobre o assunto, mas não enviaram respostas.

A pesquisadora Renata Bichir, do Centro de Estudos da Metrópole, diz que embora sejam alarmantes, os números podem esconder preocupações ainda maiores de quem vive nessa faixa da população, como a fome, a baixa escolaridade e vulnerabilidade habitacional. 

Para ela, é preciso considerar aspectos além da renda para criar políticas públicas capazes de combater a pobreza.

Moradores em situação de extrema pobreza


Fonte: Prefeituras com dados do CadÚnico

Foi em Suzano que o número de pessoas em situação de extrema pobreza teve o maior crescimento.

 Cerca de 35,4% a mais na comparação entre janeiro do ano passado e o mesmo mês de 2022. 

O aumento também foi significativo em Itaquaquecetuba, com 24,9% a mais.

Em seguida está Ferraz de Vasconcelos, o total de moradores com renda familiar per capita de até R$ 105 avançou em 18,7%.

 Em Mogi das Cruzes foram 12% a mais, enquanto Santa Isabel, com o menor aumento, teve alta de 6,7%.

Entre os índices de pobreza houve queda de 7,5% considerando as cidades que responderam o levantamento, o que pode ser uma consequência da elevação no número de moradores em situação de extrema pobreza.

A maior redução foi em Itaquaquecetuba, com 20,9%, na sequência está Suzano, com 0,04%. Em contrapartida, houve aumento em Santa Isabel (+11,1%), Ferraz de Vasconcelos (+2,8%), Mogi das Cruzes (+0,7%) e Poá (+0,2%).

O que diz a Prefeitura de Suzano

A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de Suzano, cidade que registrou o maior aumento, disse que os números não mostram se a cidade tem mais ou menos pessoas em situação de pobreza ou de extrema pobreza na comparação aos outros municípios, mas sim a capacidade de identificar a população mais vulnerável.

"Ou seja, quanto mais eficiente o Cadastro Único, mais pessoas serão identificadas, aparecerão no levantamento e, consequentemente, serão incluídas em programas de renda e outros atendimentos para fazer o enfrentamento da situação em que se encontram"

A cidade destacou que só no Auxílio Brasil, por exemplo, há mais de 17 mil famílias beneficiadas em Suzano. 

No Cadastro Único, como um todo, são 40 mil.

 “Nosso trabalho garante uma participação maior do município no diagnóstico, na percepção e no cadastramento da população que precisa ser atendida”, destacou o secretário Geraldo Garippo.

Definição de extrema pobreza

O critério do governo brasileiro para definição de extrema pobreza difere do utilizado pelo Banco Mundial.

 Para a instituição, considera-se nesta faixa quem tem renda diária per capita de US$ 1,90, ou cerca de R$ 274,50 mensais.

Já o CadÚnico classifica como extrema pobreza aquelas famílias com renda per capita mensal de até R$ 105. 

O valor é estabelecido pelo Governo Federal, por meio de um decreto do presidente da República.

 A última atualização das faixas de renda foi realizada em março.

Quem se enquadrar no conceito definido pelo governo passa, então, a ter direito a receber benefícios sociais, como o Auxílio Brasil, que paga a partir de R$ 400 para famílias em extrema pobreza.

Renda baixa não mostra o tamanho da pobreza

Renata Bichir, que também é professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), destaca que o recorte de renda definido pelo CadÚnico pode esconder outras vulnerabilidades da população que vive na pobreza.

Além disso, ela lembra que é preciso considerar que os dados podem estar desatualizados, pois durante a pandemia muitas prefeituras ficaram fechadas e não conseguiram coletar ou acompanhar informações sobre as famílias cadastradas no programa.

“Ter esses dados é um desafio no Brasil, porque a gente tem uma linha de pobreza social que é muito limitada e não pensa em todos os aspectos do assunto.

 O próprio CadÚnico faz isso quando define essa faixa a partir de uma renda específica, porém, tem muito mais no meio disso”, explica.

“Uma das questões é que essa renda estipulada pelo CadÚnico é muito baixa. Outro que a renda dessas famílias é muito volátil, porque tem a questão da economia informal, os bicos, trabalhos temporários... Então é muito fácil migrar para cima e para baixo na questão socioeconômica”.

Apesar disso, se os dados indicam aumento da pobreza, há motivo para se preocupar. 

Renata diz que, como é de se imaginar, o cenário é resultado da crise provocada pela pandemia, que alia desemprego e crises econômicas.

 Porém, esses não são os únicos problemas.

A especialista destaca que a vulnerabilidade vai além e que, por isso, também é preciso entender onde e como essas pessoas estão vivendo. 

“Além de analisar a questão da renda, precisamos entender o perfil das famílias. Precisamos saber se tem criança pequena, se a criança está na escola, se estão em área de risco”.

“É possível fazer uma série de diagnósticos pra gente pensar. Os gestores municipais têm que olhar esses dados e pensar no diagnóstico detalhado do perfil das famílias. A pobreza é fenômeno multidirecional. Afeta empregabilidade e renda, mas também envolve outros setores”.

“Não basta dizer se está na faixa da pobreza. Também faz diferença dizer se a criança está na escola, se a família tem moradia digna, se tem ou não tem onde morar”.

Ações de combate

Para além das questões de renda, a professora defende que o poder público crie ações integradas. 

Renata diz que a transferência de renda, realizada por programas como o Auxílio Brasil, é essencial, mas não pode ser a única medida.

“A gente deveria integrar outros aspectos. A questão da fome, por exemplo, foi ampliada no Brasil. O próprio fechamento das escolas, que é um equipamento de proteção social, é muito importante para segurança das escolas, garantir a merenda das crianças”.

“A insegurança alimentar é só um dos fatores. Por exemplo, agora, a gente tem também um aumento do trabalho infantil. A criança que fica no farol pedindo comida, vendendo bala, tinha saído do mapa. Isso voltou nesse cenário de crise”, completa.

“Os municípios sozinhos não conseguem. É preciso de apoio dos governos Estadual e Federal. Políticas nacionais que coordenem essas ações são importantes, pois orientam a agenda desses municípios”. 

https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2022/06/17/numero-de-pessoas-em-situacao-de-extrema-pobreza-cresce-179percent-no-alto-tiete-em-um-ano-segundo-dados-do-cadunico.ghtml 

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