Assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips na Amazônia repercute na imprensa internacional


A Al Jazeera destacou que o caso gera um alerta sobre o governo Bolsonaro. Jornais da França, Inglaterra e Estados Unidos também noticiaram a morte do indigenista e do jornalista

Bruno Pereira e Dom Philips

247 - confissão dos irmãos Oseney da Costa e Amarildo dos Santos pela morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips rodam o mundo desde quarta-feira (15), segundo o Estado de S. Paulo.


O jornal inglês The Guardian, para o qual Phillips trabalhou, destacou a localização de "remanescentes humanos" - que podem ser das duas vítimas - por parte da Polícia Federal, “Dom Phillips e Bruno Pereira: Polícia brasileira encontra dois corpos em busca de desaparecidos”.


A Al Jazeera jogou os holofotes sobre Jair Bolsonaro (PL), dizendo que o caso gera um alerta sobre seu governo, pressionado durante a Cúpula das Américas por mais agilidade nas buscas.


“Homem confessa ter matado jornalista e colega desaparecido, diz polícia”, dizia a manchete do estadunidense The Washington Post. O The New York Times e o francês Le Monde foram pelo mesmo caminho.


A TV britânica BBC News divulgou o trabalho da Interpol junto à polícia brasileira para confirmar a identidade dos corpos.

https://www.brasil247.com/brasil/assassinato-de-bruno-pereira-e-dom-phillips-na-amazonia-repercute-na-imprensa-internacional?amp

– O Bastidor -

Os irmãos Amarildo da Costa Oliveira e Oseney da Costa Oliveira confessaram à Polícia Federal ter matado o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Philips, que viajava com ele pelo Vale do Javari, no Amazonas.

 Os dois estão desaparecidos desde o dia 5.

O motivo mais provável é a vingança por uma ação de Bruno Pereira no passado recente: ele liderou uma apreensão de peixes de Amarildo, fruto de pesca ilegal na reserva indígena. 

De acordo com a PF, a venda dos peixes faz parte do esquema de lavagem de dinheiro do narcotráfico que atua na região. 

A apreensão causou prejuízo a Amarildo e aos traficantes. 

Nos próximos meses, o Brasil deve sentir os efeitos colaterais do crime, que irão muito além de protestos no exterior nos últimos dias e declarações como a do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que se disse “muito preocupado” com Philips.

Um dos mais óbvios é uma reação no mercado aos produtos agrícolas brasileiros, por conta do desmatamento na Amazônia. 

Não será surpresa uma campanha para evitar a compra de alguns produtos brasileiros, que fazem concorrência aos de outros países, em especial europeus.   

O fato de a morte da dupla estar relacionada ao narcotráfico abre um novo e delicado flanco contra o Brasil.

 A presença de traficantes trabalhando ao lado e se beneficiando de garimpos clandestinos, pesca ilegal e desmatamento mostra que a política de Bolsonaro de reduzir fiscalizações na Amazônia abriu terreno para o crime organizado que envia drogas aos países ricos. 

Não se trata apenas de preservação do meio ambiente, mas de uma questão bem mais delicada e com maior força de lobby. 

Poucas horas antes da confissão dos irmãos em Atalaia do Norte (AM), o presidente Jair Bolsonaro insinuou que a culpa foi de Bruno e Philips por irem a uma região perigosa

O presidente criticou Philips. 

Esse inglês, ele era malvisto na região. Porque ele fazia muita matéria contra garimpeiro, a questão ambiental... Então, aquela região lá, que é bastante isolada, muita gente não gostava dele. Ele tinha que ter mais do que redobrado a atenção para consigo próprio. E resolveu fazer uma excursão.”

Bruno Pereira era indigenista, estava licenciado da Funai e trabalhava na região há anos. Radicado no Brasil, Philips viajava com Bruno para fazer uma reportagem sobre as ameaças à terra indígena no Vale do Javari.

https://obastidor.com.br/politica/assassinatos-custarao-caro-ao-brasil-3562

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