Indulto pode ser última chance de uma real frente contra Bolsonaro - Movimento aberto pelo presidente com o episódio Daniel Silveira é o início de uma escalada que só vai parar com sua reeleição, ou não
Muito timidamente, e pela primeira vez, interlocutores de três partidos – PT, PSDB e PDT – abriram ontem uma conversa sobre a necessidade de se criar, de fato, uma frente ampla para derrotar Jair Bolsonaro em outubro.
A conversa entre os três – troca de telefonemas – foi motivada pelo arrojado decreto do presidente em favor do deputado brucutu Daniel Silveira.
O cenário que pintaram é ruim para todos que não se chamem Jair Bolsonaro, que, agora, deu o pontapé inicial de fato para a abertura da campanha eleitoral.
Foi tratado que, independentemente de o STF derrubar o decreto, o fato está consumado e a “tigrada” bolsonarista foi atiçada. E que o gesto pode trazer de volta um ou outro eleitor do “17” em 2018 e que estava arrependido. O indulto a Silveira elevou a temperatura e o clima vai radicalizar mais ainda. Para conter esse movimento, os três avaliaram que não há outra saída a não ser uma frente ampla real. O principal problema: aproximar Ciro Gomes de Lula e do PT. Mas acreditam num “cessar-fogo” em 40 dias.
Outro problema: parar com essa “brincadeirinha”, foi o termo usado, de terceira via. Dali, não vai sair nada, acreditam. Com Sergio Moro fora do baralho, caberia ao MDB mais que destruir a candidatura de Simone Tebet, convencê-la da gravidade da situação.
Nessa “confabulação”, os tucanos sensatos – Aloysio Nunes, Fernando Henrique e José Serra – entrariam no circuito para demover João Doria e Eduardo Leite de se abstiverem em disputar.
“O problema de Leite é ser teleguiado por Aécio Neves, cujo intuito na política é só um: derrotar o PT até em disputa de diretório acadêmico. Mas não é intransponível” – disse um desses interlocutores ao Blog do Noblat. Acreditam esses três que, primeiro, é necessário criar essa frente, com Lula como o candidato, para depois buscar um movimento de rua.
“Sem essa união, que urge, vai ser difícil. Esse indulto ao deputado pode até ter caído do céu, se promover essa união de todos versus Bolsonaro. Ou, se não for suficiente para provocar a composição dessa frente, é cumprir tabela e aguardar a reeleição do atual ocupante do Planalto” – disse o mesmo interlocutor.
No papel ou na conversa por telefone tudo pode parecer uma quimera. Mas não deixa ser um começo.
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