'Imaginação pura', diz diretor da SBIm sobre vacina contra Covid-19 este ano

O infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), avalia que, à luz dos conhecimentos que se tem hoje, é uma "temeridade" falar que uma vacina contra o novo coronavírus estará disponível “em outubro, dezembro ou março”. 
Em entrevista à CNN nesta terça-feira (28), o médico disse também que “criar expectativa na população de que teremos uma vacina este ano, daqui seis, três, nove [meses] é imaginação pura”.  
“Sou meio reticente para dar data e previsões. Nós precisamos do tempo da ciência, até porque essas vacinas podem demonstrar uma eficácia maior ou menor a depender do resultado dos estudos”, argumentou.
Kfouri alegou ainda que, além de vencer os obstáculos da ciência, temos que enfrentar as barreiras da produção, distribuição e organização do sistema de saúde de um país continental como o Brasil.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, disse hoje à CNN que a pasta espera que até dezembro deste ano os medicamentos sejam aprovados para que o primeiro lote da vacina da Universidade de Oxford seja aplicado na população.
À CNN na segunda-feira (27), João Gabbardo, secretário-executivo do Comitê de Contingência da Covid-19 em São Paulo, também falou da expectativa de que a Coronavac, vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, possa ser aplicada na população a partir de janeiro de 2021.
As duas vacinas contra o novo coronavírus estão na fase três de testes. É nesta etapa, disse Kfouri, que a vacina vai mostrar se é eficaz ou não. 
Até agora, nos estudos das fases um e dois, poucas pessoas foram vacinadas. O próximo passo é aplicar em parte da população a vacina que se quer testar, e, em uma outra parte, o placebo. Depois, será preciso acompanhar as duas populações.
Mas o desfecho, segundo o infectologista, não é apenas saber se funciona ou não.
“As eficácias das vacinas são avaliadas em diversos parâmetros: se funciona em adultos, jovens e idosos, se previne a morte, se diminui a mortalidade e a hospitalização”, exemplificou.
Para ele, neste momento, é preciso ter calma para que todo o processo de estudo e produção seja feito com cautela, segurança e rigor exigidos pela ciência para que os resultados sejam válidos.
(Edição: Bernardo Barbosa)

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