Veja os principais pontos da reunião ministerial que teve gravação divulgada pelo STF

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta sexta-feira (22) a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril. 
Por G1

A reunião foi mencionada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro como prova de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal.

Na decisão, o ministro liberou tanto a íntegra do conteúdo do vídeo quanto da transcrição da reunião. 

Celso de Mello somente não permitiu a divulgação de "poucas passagens do vídeo e da respectiva gravação nas quais há referência a determinados Estados estrangeiros".
A reunião ministerial teve a participação do presidente Jair Bolsonaro, do vice, Hamilton Mourão, de Moro e outros ministros. Ao todo, participaram 25 autoridades.
Veja alguns dos principais pontos da reunião:
  • Bolsonaro disse que vai intervir nos ministérios e que não pode ser surpreendido por notícias divulgadas pela imprensa porque não recebe informações da PF, Inteligência das Forças Armadas e Abin
  • O presidente chamou o governador de São Paulo, João Doria, de “bosta” e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de “estrume”
  • Bolsonaro disse ‘Eu não vou esperar foder a minha família toda’ para trocar segurança, chefia da segurança ou ministro
  • O presidente reclamou de pressão para mostrar exames da Covid-19 e que abrir impeachment por isso seria 'babaquice'
  • O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que os ministros do STF deveriam ser presos
  • O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defende passar 'a boiada' e 'mudar' regramento enquanto atenção da mídia está voltada para a Covid-19
  • O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil "tem que aguentar" a China e sugere mandar 1 milhão de jovens para quartéis a R$ 300 mensais
  • Veja, abaixo, alguns dos principais trechos do vídeo da reunião ministerial:

    Falta de informações e intervenção na Polícia Federal

    Jair Bolsonaro: "E nós sabemos, tá certo? Que nós temos um compromisso com a verdade. Eu jamais mentiria se não tivesse realmente um exame negativo. Jamais eu ia mentir a negativa deu positivo, ou vice-versa. Jamais. A verdade acima de tudo. Então é um apelo que eu faço a todos, que se preocupem com política, pra não ser surpreendido. Eu não vou esperar o barco começar a afundar pra tirar água. Estou tirando água, e vou continuar tirando água de todos os ministérios no tocante a isso. A pessoa tem que entender. Se não quer entender, paciência, pô! E eu tenho o poder e vou interferir em todos os ministérios, sem exceção. Nos bancos eu falo com o Paulo Guedes, se tiver que interferir. Nunca tive problema com ele, zero problema com Paulo Guedes. Agora os demais, vou! Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações."
    Jair Bolsonaro: "Eu tenho as... as inteligências das Forças Armadas que não tenho informações. ABIN tem os seus problemas, tenho algumas informações. Só não tenho mais porque tá faltando, realmente, temos problemas, pô! Aparelhamento etc. Mas a gente num pode viver sem informação. Sem info... co... quem é que nunca ficou atrás do... da... da... da... da... da... da... da porta ouvindo o que seu filho ou sua filha tá... tá comentando. Tem que ver pra depois que e... depois que ela engravida, não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes... depois que o moleque encheu os cornos de... de droga, já não adianta mais falar com ele, já era."

    Xingamentos aos governadores Doria e Witzel

    Jair Bolsonaro: “Que os caras querem é a nossa hemorroida! É a nossa liberdade! Isso é uma verdade. O que esses caras fizeram com o vírus, esse bosta desse governador de São Paulo, esse estrume do Rio de Janeiro, entre outros, é exatamente isso. Aproveitaram o vírus, tá um bosta de um prefeito lá de Manaus agora, abrindo covas coletivas. Um bosta. Que quem não conhece a história dele, procura conhecer, que eu conheci dentro da Câmara, com ele do meu lado! Né?”
  • Família e troca de cargos

    Jair Bolsonaro: "O meu particular funciona. Os ofi... que tem oficialmente, desinforma. E voltando ao ... ao tema: prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistema de informações que eu tenho. Então, pessoal, muitos vão poder sair do Brasil, mas não quero sair e ver a minha irmã de Eldorado, outra de Cajati, o coitado do meu irmão capitão do Exército de ... de ... de ... lá de Miracatu se foder, porra! Como é perseguido o tempo todo. Aí a bosta da Folha de São Paulo diz que meu irmão foi expulso de um açougue em Registro, que tava comprando carne sem máscara. Comprovou no papel, tava em São Paulo esse dia. O dono do ... do restaurante do ... do pa ... de ... do açougue falou que ele não tava lá. E fica por isso mesmo. "Eu sei que é problema dele, né? Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira."

    Exames da Covid-19 e impeachment

    Jair Bolsonaro: "Tem aí OAB da vida, enchendo o saco do Supremo, pra abrir o processo de impeachment porque eu não apresentei meu meu exame de vírus, essas frescurada toda, que todo mundo tem que tá ligado."
    Jair Bolsonaro: "E se eu cair, cai todo mundo. Se tiver que cair um dia, vamos cair lutando, uma bandeira justa. Não por uma babaquice de exame antivírus, pô. Pelo amor de Deus, pô. Tá? Eu até... deixar bem claro, de uns oito ano pra cá, quando pedia farmácia de manipulação um remédio qualquer, eu falava com o médico: "Bota um nome de fantasia". Porque se for o meu nome pra lá, como era, sempre fui um cara manjado. Tem três, quatro que vão manipular lá o medicamento, podem me envenenar, pô! E assim é a mesma coisa a questão do vírus, entre outros. De acordo com interesse, o cara dá negativo ou dá positivo. Depois que deu, vai pra contraprova mas dá problema."
  • Ministro da Educação pede prisão de ministros do STF

    Abraham Weintraub: “A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais... o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge... o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF.”
    Abraham Weintraub: "Odeio o termo 'povos indígenas', odeio esse termo. Odeio. O 'povo cigano'. Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré. É povo brasileiro, só tem um povo. Pode ser preto, pode ser branco, pode ser japonês, pode ser descendente de índio, mas tem que ser brasileiro, pô! Acabar com esse negócio de povos e privilégios."

    Mudar regras ambientais durante pandemia

    Ricardo Salles: "Nós temos a possibilidade nesse momento que a atenção da imprensa tá voltada exclusiva quase que exclusivamente pro COVID, e daqui a pouco para a Amazônia, o General Mourão tem feito aí os trabalhos preparatórios para que a gente possa entrar nesse assunto da Amazônia um pouco mais calçado, mas não é isso que eu quero falar. A oportunidade que nós temos, que a imprensa está nos dando um pouco de alívio nos outros temas, é passar as reformas infralegais de desregulamentação, simplificação, todas as reformas que o mundo inteiro nessas viagens que se referiu o Onyx certamente cobrou dele, cobrou do Paulo, cobrou da Tereza, cobrou do Tarcísio, cobrou de todo mundo, a segurança jurídica, da previsibilidade, da simplificação, essa grande parte dessa matéria ela se dá em portarias e norma dos ministérios que aqui estão, inclusive o de Meio Ambiente. E que são muito difíceis, nesse aspecto eu acho que o Meio Ambiente é o mais difícil, de passar qualquer mudança infralegal em termos de infraestrutura, é instrução normativa e portaria, porque tudo que a gente faz é pau no Judiciário, no dia seguinte."
  • Brasil e China

    Paulo Guedes: "A China é aquele cara que cê sabe que cê tem que aguentar, porque procês terem uma ideia, para cada um dólar que o Brasil exporta pros Estados Unidos, exporta três para a China (sic)."
    Paulo Guedes: "Nós sabemos para onde nós vamos voltar já, já, tá certo? E se o mundo for diferente, nós vamos ter capacidade de adaptação. Por exemplo: eu já tenho conversado com o ministro da Defesa, já conversamos algumas vezes. Quantos? Quantos? Duzentos mil, trezentos mil. Quantos jovens aprendizes nós podemos absorver nos quartéis brasileiros? Um milhão? Um milhão a 200 reais, que é o Bolsa Família, 300, para o cara."
    Paulo Guedes: "É voluntário para fazer estrada, para fazer isso, fazer aquilo. Sabe quanto custa isso? É 200 reais por mês, 1 milhão de cá, 200 milhões, pô! Joga dez meses aí, 2 bi. Isso é nada!"

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