Autoridades repercutem vídeo de reunião ministerial
Pietra Carvalho da CNN, em São Paulo
Após divulgação do vídeo, ministro Ricardo Salles defendeu que suas falas sobre a Amazônia estavam "dentro da lei
Foto: Marcos Corrêa/PR
Autoridades reagiram à divulgação da reunião ministerial de 22 de abril com o presidente da República, Jair Bolsonaro, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (22).
Um dos protagonistas das imagens, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, escreveu que "sempre defendeu desburocratizar e simplificar normas" com "bom senso" e "dentro da lei" como justificativa a sua sugestão exposta no vídeo de "aproveitar que a imprensa está de olho na Covid para mudar a legislação" sobre a Amazônia.
Sempre defendi desburocratizar e simplificar normas, em todas as áreas, com bom senso e tudo dentro da lei. O emaranhado de regras irracionais atrapalha investimentos, a geração de empregos e, portanto, o desenvolvimento sustentável no Brasil.
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Um dos governadores xingados pelo presidente durante o encontro, o paulista João Doria se pronunciou em seu perfil no Twitter no início da noite desta sexta. O político do PSDB afirmou que os "palavrões, ofensas e ataques" direcionados a autoridades dos três poderes "demonstram descaso com a democracia."
"Lamentável exemplo em meio a maior crise de saúde da história do país e diante de milhares de vítimas", completou Doria, poucos minutos depois do balanço do Ministério da Saúde, em que o Brasil ultrapassou a Rússia no segundo lugar do ranking de países com mais infectados pelo novo coronavírus.
Já o governador Flavio Dino, do PCdoB do Maranhão, fez críticas diretas ao conteúdo da reunião ministerial, afirmando que ela revela "um repertório inacreditável de crimes, quebras de decoro e infrações administrativas."
Entre os membros da oposição ao Governo Federal, Fernando Haddad, rival de Bolsonaro nas eleições de 2018, e Guilherme Boulos, que também concorreu à presidência, definiram as falas como inapropriadas para um chefe de Estado.
Haddad destacou que Jair Bolsonaro se referiu a um investigado pela Polícia Federal como "amigo", argumentando que isso desmente que a preocupação da autoridade era a segurança de sua família.
O assessor da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, elogiou o conteúdo das conversas, apesar das falas polêmicas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a necessidade de "aturar" a China.
Para o assessor, a reunião mostra que o presidente se reúne com ministros para atender "demandas" do povo brasileiro.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jorge de Oliveira Francisco, que também atua como subchefe de assuntos jurídicos de Bolsonaro, afirmou que as falas do presidente não tem "nexo com o inquérito" sobre sua intervenção na Polícia Federal.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto se manifestou através de nota
Os insultos do presidente Bolsonaro, dirigidos a mim e a outros homens públicos, representam um verdadeiro “strip-tease moral” feito por quem não tem a mais mínima condição de governar o Brasil.
Transforma a solenidade de uma reunião de Ministério em uma conversa de malandros de esquina. Quebra a liturgia do cargo. Vulgariza a instituição que deveria saber honrar. Exibe despreparo e me põe a questionar todos os presentes: como um ministro pode, sem se desmoralizar, conviver com uma pessoa dessa baixa extração? Que tempos! Que costumes.
Nosso povo merece acatamento e não a submissão a uma liderança do submundo das “rachadinhas” e das milícias, do submundo da ditadura e das torturas.
O presidente da República, em seu criminoso boicote ao isolamento social, em seu desprezo aos indígenas, em seu apreço a garimpeiros que poluem rios, sonegam impostos e invadem áreas indígenas, é claramente cúmplice de tantas mortes causadas pelo Covid 19. Trata-se de um ser despreparado, inculto e deseducado.
Não gosta de mim? Que bom. Sinal de que estou no lado certo da vida. Também não gosto da ditadura que já nos massacrou e que ele gostaria de reviver. Daqui a pouco mais de dois anos, o país estará livre de tão diminuta e mesquinha figura.