Presidente do Itaú: 'peço desculpas a nosso economista-chefe, mas acho que economia vai cair mais'

O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, afirmou que a economia brasileira neste ano vai recuar mais do que a projeção oficial do banco, que aponta queda de 0,7%. “Peço desculpas a meu economista-chefe, Mário Mesquita, mas acho que a economia vai cair mais”, disse o executivo em live promovida pelo Estadão.
Por Talita Moreira, Valor — São Paulo - 02/04/2020 

Bracher afirmou que a crise atual é de produção, não financeira - diferentemente das anteriores - e ressaltou que a duração e a intensidade não estão claras ainda. Além da queda profunda, o presidente do Itaú disse esperar que a volta da atividade seja lenta. “A retomada do consumo vai se dar paulatinamente”, afirmou. “Precisa ver com que velocidade você pode retomar o contato com as pessoas. Tem que controlar o ritmo de produção de doentes.”
O exemplo da China, destacou Bracher, mostra isso. No país asiático, o governo liberou pouco a pouco a retomada da produção e das atividades das empresas.
Questionado sobre o melhor modelo de isolamento - horizontal ou vertical -, Bracher inicialmente disse que essa é uma pergunta para infectologistas. No entanto, afirmou se pautar pelos especialistas, que defendem o sistema de restrição mais amplo.
“Todas as leituras que tenho feito, e não são poucas, apontam para o isolamento horizontal”, afirmou. “É doloroso, mas mais doloroso é ver pessoas morrendo nas ruas e nos hospitais. É imprescindível fazer isso neste momento.”

Estado tem necessidade imperativa de injetar recursos

Na mesma live, Bracher afirmou que é fundamental o Estado colocar recursos na economia para que a crise econômica provocada pelo coronavírus seja superada. “O Estado tem necessidade imperativa de injetar recursos na economia”, disse, em live promovida pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
Bracher afirmou não saber se o melhor caminho para isso é aumentar a dívida pública ou se também há espaço para imprimir dinheiro. “Vejo pessoas seríssimas defendendo que dá para imprimir dinheiro sim, porque não há o menor risco de inflação neste momento", observou.
De acordo com o executivo, o setor financeiro propôs ao governo medidas “fiscais, contracíclicas, fundamentais neste momento”. A primeira delas foi a criação de uma linha de crédito para financiar a folha de pagamento de empresas com faturamento de até R$ 10 milhões, que terá 85% do risco bancado pelo Tesouro Nacional. O Banco Central foi “muito rápido” ao agir para viabilizar a operação, destacou.

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