Estadão: Crise política adia perspectiva de melhora no mercado imobiliário


A delação premiada do empresário Joesley Batista, do JBS, que atingiu o presidente Michel Temer, abre uma nova crise política e joga um balde de água fria em empresários que contavam com a recuperação dos negócios. A situação afeta todos os setores, e pesa, principalmente, nas atividades dependentes de crédito e confiança.

Esse é o caso do mercado imobiliário, em que a decisão de compra de um imóvel passa por um conjunto de fatores, como juros baixos do financiamento, confiança de consumidores, inflação sob controle e bom nível de emprego. Esses elementos vinham melhorando nos últimos meses e alimentavam a expectativa de volta gradual no movimento nos estandes das construtoras, mas, agora, tendem a perder força novamente.

 “Quem ia comprar o imóvel hoje, vai esperar”, disse o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi­SP), Flávio Amary. “O impasse político trará impactos econômicos. O momento é de cautela.”

Para Amary, uma das principais preocupações diz respeito ao andamento das reformas estruturais, que devem entrar em compasso de espera. O mesmo deverá acontecer com a regulamentação dos distratos (rescisões de contratos), cujas conversas envolvem empresários, consumidores e membros dos ministérios da Justiça, Fazenda e Planejamento. “A questão dos distratos tinha negociações bem adiantadas, mas agora ficam na dúvida de novo, como tudo”, resumiu.

A coordenadora de estudos da construção da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Maria Castelo, acredita que o impacto da turbulência política será visto em todos os setores, principalmente naqueles mais dependentes de financiamento.

“É provável que as reformas sejam atingidas. Assim, as expectativas positivas podem ser revertidas, o que afetará as perspectivas de retomada. Afinal, com tanta incerteza, quem vai se comprometer a financiar?”, afirmou, referindo ­se ao endurecimento das condições para liberação de crédito bancário.

A FGV prevê alta de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da construção em 2017, mas a projeção está com viés de baixa devido ao ritmo mais lento que o esperado para a recuperação do setor.

(Estadão - Notícias - Geral - Economia & Negócios - 19/05/2017)
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