Lula rebate desgaste Ex-presidente diz que há tentativa de impedir candidatura em 2018

KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA

Numa primeira análise do discurso de hoje do ex-presidente Lula em resposta à denúncia da Lava Jato, vale destacar a fala emotiva e as lembranças de feitos no governo. São atitudes que visam recuperar a imagem após o desgaste provocado pela apresentação da denúncia ontem. Também chama atenção o confronto com os investigadores e a imprensa.
Lula acusou os investigadores de mentir e a imprensa de endossar mentiras. Adotou a mesma linha política utilizada pelo procurador da República Deltan Dallagnol. No campo político, o petista tem muita experiência. É um campo no qual ele sabe jogar.
O ex-presidente disse que as acusações são falsas e que tem a consciência tranquila. Se colocou à disposição para prestar depoimentos. Se a denúncia for aceita, irá falar com Moro. Em relação ao sítio de Atibaia e ao apartamento do Guarujá, ele repetiu que não é proprietário desses imóveis, ao contrário do que disseram ontem os investigadores. Afirmou que os integrantes da força-tarefa deveriam pedir desculpas, pois estariam sustentando uma mentira.
O ex-presidente se disse perseguido, argumentando que seria vítima de uma tentativa de impedir uma candidatura dele em 2018 à Presidência da República. Na visão dele, isso faria parte do golpe.
Sobraram alfinetadas para Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente tucano, que foi chamado de “sociólogo”. Outra alfinetada: lembrou que fortaleceu o Ministério Público e a Polícia Federal quando esteve no governo.
Fez um apelo indireto ao procurador-geral da República e aos ministros do Supremo, dizendo que eles deveriam estar pensativos a respeito do que aconteceu ontem em Curitiba, sugerindo abusos da Lava Jato. Foi um discurso com muito cálculo político e que serve de resposta ao desgaste provocado pela apresentação da denúncia ontem.
O ex-presidente citou feitos na sua época de governo. Por exemplo, distribuição de renda, inclusão de pobres no orçamento e maior prestígio internacional do Brasil. Houve uma defesa da obra dele como forma de tentar reverter o dano de imagem.