Muhammad Ali foi 'vivido' por Will Smith e 'venceu' Super-Homem; veja Boxeador, morto nesta sexta, foi retratado em músicas, filmes e em HQ. 'Impávido', disse Caetano; 'Dois punhos de pedra sólida', cantou Cat Power.

Cena da história em quadrinhos da DC Comics de 1978 que coloca frente a frente Muhammad Ali e Super-Homem. (Foto: Divulgação/DC Comics)
Cena da história em quadrinhos da DC Comics de 1978 que coloca frente a frente Muhammad Ali e Super-Homem. (Foto: Divulgação/DC Comics)
Falastrão, dono de um senso de humor explosivo e pronto para comprar brigas dentro e fora do ringue, Muhammad Ali foi protagonista de filmes, músicas, games e até histórias em quadrinho.

Morto nesta sexta-feira (3), a lenda do boxe era retratada sempre como grandioso, seja na voz de Cat Power (“cérebro que poderia explicar qualquer sentimento”), de Caetano Veloso (“impávido”) ou nas páginas da HQ da DC Comics em que luta – e vence, mas não leva – com o Super-Homem.

Ele já atacou de ator em "Freedom Road" (1979), em que dá vida a um ex-escravo do estado norte-americano da Virgínia que é eleito senador na década de 1870. A lista abaixo mostra, no entanto, uma seleção de produções da cultura pop em que Ali foi alvo de tributos e homenagens. Veja:
“Ali”
Will Smith foi indicado ao Oscar por sua interpretação de Muhammad Ali no longa "Ali", de 2001. (Foto: Divulgação)Will Smith foi indicado ao Oscar por sua interpretação de Muhammad Ali no longa "Ali", de 2001. (Foto: Divulgação)
 
No longa “Ali”, Muhammad Ali é vivido na fase adulta pelo ator Will Smith. O filme narra a vida do boxeador entre os anos de 1964 e 1974, fase mais efervescente de sua carreira dentro e fora dos ringues.

É nessa época que ele se torna campeão mundial dos pesos pesados, perdido após ter sua licença de boxeador cassada por se recusar a ir lutar na Guerra do Vietnã.

Depois disso, converte-se ao islamismo e muda de nome: sai Cassius Marcellus Clay Jr, entra Muhammed Ali.

Só volta a boxear em 1971, quando tenta tirar o cinturão de Joe Frazier, na que ficou conhecida como a “Luta do Século”. 

Derrotado, Ali só volta a disputar o mundial em 1974, contra George Foreman, que havia batido Frazier.

Realizada na República Democrática do Congo (Zaire à época), a disputa foi chamada de “Rumble in the Jungle”. Ali saiu dela como o primeiro boxeador na história a conquistar o cinturão pela segunda vez. Smith foi indicado ao Oscar por sua atuação no filme.

“Gangster Americano”
'Gangster Americano', estrelado por Denzel Washington, também retrata Muhammad Ali nos ringues. (Foto: Divulgação)'Gangster Americano', estrelado por Denzel Washington, também retrata Muhammad Ali nos ringues. (Foto: Divulgação)
 
O filme de Riddley Scott mostra a ascensão e o ocaso do gangster norte-americano Frank Lucas (Denzel Washington), de Nova York. 

O criminoso vive com discrição para não chamar a atenção das autoridades. Essa estratégia é colocada em risco quando ele vai a uma luta de boxe e é recebido como personalidade. Os detetives presentes desconfiam e começam a investigá-lo. 

A disputa em questão é justamente a “Luta do Século”, retorno de Ali aos ringues para enfrentar o campeão Joe Frazier.

“Um Índio”, de Caetano Veloso
Caetano Veloso (Foto: BBC Brasil)Caetano Veloso (Foto: BBC Brasil)
 
Na canção do álbum “Bicho”, de 1977, Caetano Veloso usa a confiança transmitida por Ali em suas entrevistas para descrever o índio: “Virá/Impávido que nem Muhammad Ali/Virá que eu vi”.

“Cassius Marcelo Clay”, de Jorge Ben Jor
Jorge Ben Jor faz um tributo ao boxeador em seu oitavo álbum de estúdio, “Negro é Lindo”, de 1971. “Cassius Marcelo Clay herói do século vinte / Sucessor de Batman / Sucessor de Batman, Capitão América e Super Man”, diz a música.


Apesar de o cantor chamá-lo de “eterno campeão”, Ali não detinha o título mundial à época e só voltaria a competir profissionalmente naquele ano. Ainda assim, canta Jorge: “Salve Narciso Negro / Salve Mohamed Ali salve Fight Brother / Salve King Clay / O eterno campeão na realidade um ídolo mundial”.

“The Greatest”, Cat Power
Capa do álbum 'The Greatest', de Cat Power, de 2006; canção-título fala da grandiosidade de Muhammad Ali. (Foto: Divulgação/Cat Power)Capa do álbum 'The Greatest', de Cat Power, de 2006; canção-título fala da grandiosidade de Muhammad Ali. (Foto: Divulgação/Cat Power)
 
A canção que dá título ao sétimo disco de Cat Power de 2006 é um dos apelidos dados a Muhammad Ali. Foi ele que deu à cantora o Shortlist Music Prize daquele ano, o primeiro conferido a uma mulher. O prêmio é considerado uma alternativa ao Grammy nos Estados Unidos.

Na música, Cat Power canta não só a habilidade de Ali com as luvas mas também falando: “Uma vez eu queria ser a maior / Dois punhos de pedra sólida / Com um cérebro que poderia explicar / Qualquer sentimento”.

Os versos tratam Ali como uma força da natureza capaz de subjugar outras fenômenos naturais: “Uma vez eu queria ser a maior / Nenhum vento ou cachoeira poderia me deter / Então veio a precipitação da inundação / Estrelas da noite tornaram-se um pó profundo”.

“I Shall Be Free, No.10’, Bob Dylan
Bob Dylan (Foto: Iehoshua Iahueh/Arquivo pessoal)Bob Dylan (Foto: Iehoshua Iahueh/Arquivo pessoal)
A música do disco “Another Side of Bob Dylan”, de 1964, Muhammad Ali ainda é Cassius Clay, mas já é insuperável.

Tanto que o cantor o trata como uma metáfora para um obstáculo difícil de superar: “Eu estava boxeando sozinho mais cedo / Eu percebi que estava pronto para Cassius Clay / Eu disse "Fe, fi, fo, fum, Cassius Clay, aí vou eu / 26, 27, 28, 29, eu vou deixar tua cara igual à minha / 5, 4, 3, 2, 1, Cassius Clay, é melhor você correr / 99, 100, 101, 102, tua mãe não vai nem te reconhecer / 14, 15, 16, 17, 18, 19, vou nocauteá-lo com um direto no baço.”

“Superman vs. Muhammad Ali”, Dennis O’Neil e Neal Adams
HIstória em quadrinhos da DC Comics de 1978 coloca frente a frente Muhammad Ali e Super-Homem. (Foto: Divulgação/DC Comics)História em quadrinhos da DC Comics de 1978 coloca frente a frente Muhammad Ali e Super-Homem. (Foto: Divulgação/DC Comics)

Na HQ de 1978, o vilão Rat’Lar ameaça destruir a Terra caso o campeão do planeta não tope lutar contra o maior lutador dos Scrubbs, raça de alienígenas que lidera. 

Para definir quem de fato é o representante terráqueo, Rat’Lar ordena que Muhammad Ali e Super-Homem subam no ringue. Para equiparar a situação, a disputa é realizada em um local onde o kriptoniano não dispõe de seus superpoderes. A luta é transmitida pela TV de todas as galáxias.

Ali nocauteia o Super-Homem no quarto round, mas não é declarado o vencedor. Rat’Lar não espera pelo soar do gongo, e, aproveitando da temporária falta de poderes do herói, decide invadir a Terra de toda a forma.

Só que Hun’Ya, o campeão da raça Scrubb, desaprova a decisão desonrosa, destrona Rat’Lar e põe fim à ameaça.

Hun’Ya abandona a intenção bélica dos Scrubbs e faz as pazes com Ali e Super-Homem.

O boxeador revela ao herói que descobriu sua identidade secreta, mas a manterá em sigilo. Além disso, numa rara concessão a um adversário, Ali sacramenta o “empate técnico”.

 “Super-homem, nós somos os maiores”, diz, dividindo com o kriptoniano o apelido de “O Maior”, que recebeu por seu desempenho arrasador com as luvas.

Do G1, em São Paulo

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