Jucá admite diálogo sobre um suposto pacto contra a Lava-jato
O ministro do Planejamento, no entanto, confirmou que esteve com o ex-dirigente da Transpetro Sérgio Machado e que o diálogo revelado pela 'Folha' é verdadeiro. Segundo ele, reportagem traz 'frases pinçadas'.
Ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB)
Crédito: José Cruz/ Agência Brasil |
‘Quando
disse em estancar sangria não me referia à Lava-jato.
Falava sobre a
economia do país e entendia que o governo Dilma tinha se exaurido.
Entendia que o governo Temer teria condição de construir outro eixo na
política econômica e social para o país mudar de pauta’, diz.
Alvo
de inquérito no Supremo Tribunal Federal, ele afirma defender a
aceleração das investigações para que se delimite quem é culpado. ‘Hoje,
ao ser mencionado todos parecem ter o mesmo tipo de envolvimento.
O MP,
ao dizer que alguém é citado, coloca uma nuvem negra em cima de toda a
classe política’.
Na
conversa com Machado, Romero Jucá classifica Moro como ‘uma Torre de
Londres’, fazendo referência ao local onde ocorriam execuções e torturas
entre os séculos 15 a 16.
Questionado, o ministro do Planejamento diz
que o juiz federal e o Ministério Público estavam agindo de ‘forma
dura’, estabelecendo prisões preventivas para que pessoas façam
confissões e prestem depoimentos.
‘Em alguns
momentos tem agido com uma dureza que tem criado esse tipo de pressão
e, algumas vezes, envolvem outras pessoas que não tem nada a ver e
acabam mencionados, como acontece na delação do Delcídio (do Amaral).
Isso deve ser delimitado com provas, para não virar uma metralhadora
giratória que acuse todo mundo sem nenhum tipo de indício’, afirma.
Como
exemplo dos exageros de Sério Moro, Romero Jucá fala da condução
coercitiva de Lula, a classificando como um ‘ato além da necessidade’.
Jucá negou
ter entrado em contato com ministros do STF, onde é alvo de inquérito.
‘(O Supremo) tem papel importante de julgar rapidamente suas
investigações. Esse é o papel que ele precisa fazer’.
Sobre o
‘esquema do Aécio’ citado por Sérgio Machado, o ministro diz que o
ex-dirigente da Transpetro citava a articulação que ajudou o senador do
PSDB a elegê-lo como presidente da Câmara quando ele era líder do PSDB e
Jucá, vice-líder.
Romero
Jucá diz que se sente desconfortável por se ver como investigado na
Lava-jato nos jornais. ‘Eles precisam delimitar isso, porque eu não
cometi crime nenhum. Por isso tenho cobrado rapidez na investigação’.
O ministro
do Planejamento diz estar tranquilo quanto às investigações, e que se
sente em condições de manter o cargo. ‘Da minha parte, não há qualquer
tipo de sentimento que me crie qualquer constrangimento.
O
constrangimento que eu tenho é o Ministério Público não ter se
pronunciado sobre as investigações sobre a minha pessoa’, disse.