Enem 2015 teve textos curtos, dizem professores de Ciências Humanas

Karina TrevizanDo G1, em São Paulo

Os professores que comentaram a prova de Ciências Humanas ao G1 não consideraram o Enem de 2015 difícil, e concordaram que os textos estavam mais breves. Eles ainda apontaram que os temas não surpreenderam, pois o exame tem criado uma “identidade” ao abordar assuntos semelhantes ao longo dos anos.

“O Enem tem promovido esse padrão de deixar textos mais curtos porque a prova é muito extensa. Normalmente, a questão tem no máximo dois parágrafos de texto, perguntas com textos curtos e a presença de charges, alguns mapas. Era o esperado, a prova não trouxe muitas surpresas”, diz Alex Nicácio, professor de Geografia.

O professor Luiz Augusto, de História, também ressaltou que os textos estavam breves, complementando ao apontar que há temas que se repetem. “Muitos temas recorrentes, tivemos agora questões sobre Getúlio Vargas, Segundo Reinado”, exemplifica.
Alex também apontou temas que são comuns na prova, como “modelos de produção e questões sociais”. “O Enem sempre aborda as questões das minorias. [Neste ano] teve uma questão que mistura cartografia com as populações quilombolas e indígenas”, afirmou, listando também assuntos como “globalização de urbanização”.

“Como a prova tem um perfil hoje que é bem delimitado”, acrescentou Luiz, “já era esperado uma questão e patrimônio. Houve uma questão que cobrava a destruição do patrimônio da humanidade pelo Estado Islâmico no Iraque. Todos os anos aparecem questões de patrimônio, das minorias. Caíram também uma questão sobre a abolição da escravidão e uma sobre o movimento feminista, que também é uma temática que sempre aparece.”

“É uma prova bem interessante que consegue abordar vários temas e exigir do aluno uma postura crítica”, afirmou o professor.

Temas menos recorrentes
Augusto destacou o aumento da presença de perguntas de filosofia e sociologia. “De uns três anos para cá a gente vem percebendo uma tendência de constância questões de sociologia e filosofia, e essas questões necessariamente vêm associadas a textos. Então, uma prova em que antes tinha mais imagens perdeu um pouco isso para dar espaço para questões de filosofia e sociologia.”

Já Alex apontou o número de perguntas sobre geografia física. “Eu achei interessante uma presença mais significativa de questões sobre a geografia física, que é uma parte que os alunos têm mais dificuldade de estudar.”

Já para os professores de física e química, o maior desafio na prova de Ciências da Natureza foi o tempo.

Professores de física e química comentaram o exame.
Assuntos cobrados na prova estavam dentro do esperado, disseram.


Faltou tempo para os participantes do Enem resolverem as questões da prova de Ciências da Natureza, na opinião de professores que comentaram a prova ao G1.

Para Vinícius Silveira, professor de física, essa foi a principal dificuldade para os alunos neste ano. “Tivemos questões imediatas, sim, mas também algumas bastante difíceis, que dariam muito trabalho para o cara que tem três minutos para resolver”, disse ele.

Silveira avalia que a melhor estratégia para quem enfrentou este problema teria sido identificar as questões mais longas e deixa-las por último na lista de prioridades. “No calor do momento ou no orgulho e querer resolver a questão, [o participante] acaba não percebendo que é hora de ir pra próxima para, quem sabe se sobrar tempo, retornar mais tarde. Aí pode acabar se enrolando no tempo”, aponta. “Muitas vezes ele teria sido mais sábio se tivesse pulado uma questão ou outra pelo trabalho que daria.”

O professor Guilherme Parreira, de química, concorda com o colega sobre a questão do tempo apertado de prova. “Tivemos grande dificuldade em umas [questões], e muita facilidade imediata em outras”, diz.

Sobre os temas, assim como os professores de Ciências Humanas, os de física e química disseram que os assuntos cobrados não surpreenderam. “Os assuntos estavam dentro do esperado, a gente encontrou questões de mecânica, de ondulatória, de ótica”, listou Silveira. “Está dentro do esperado”, completou Parreira. “Não foi nada muito diferente, uma questão ou outra que foge um pouquinho, mas quem fez as provas anteriores estava preparado.”

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