Economia no azul: analistas e bancos erraram quase todas previsões em 2025


 



Economia no azul: analistas e bancos erraram quase todas previsões em 2025

Fechamento preliminar indica um crescimento do PIB próximo a 3,2%, muito acima do previsto
31/12/2025 | 16h12 

O ano que hoje se encerra deixará uma lição para os departamentos de pesquisa econômica da Faria Lima e do Leblon. O que se viu ao longo de 2025 foi um descolamento raro entre as projeções pessimistas do início do ano e o vigor demonstrado pelos indicadores reais. No “placar” final, o Brasil termina o período com as contas no azul e números que poucos ousaram prever.

As previsões do mercado financeiro para 2025, registradas no início do ano e durante o primeiro semestre, carregavam um forte viés de cautela e pessimismo que, ao chegarmos ao final de dezembro, mostraram-se descoladas da realidade.

Aqui estão os principais pontos onde o “consenso” dos bancos e analistas falhou:

1. O fantasma da recessão e o PIB “magro”

No início de 2025, o pessimismo era a regra. Uma pesquisa da Genial/Quaest em março apontava que 58% dos gestores e economistas viam risco de recessão no Brasil ainda naquele ano. O Boletim Focus de janeiro cravava um crescimento modesto de 2,02%.

O que não se confirmou: A economia manteve-se resiliente. O PIB fechou o ano com estimativas de 2,26% a 3,2% (dependendo da fonte), impulsionado por um mercado de trabalho que não desacelerou como previsto e por um setor agrícola que novamente superou as expectativas de quebra de safra.

2. O dólar a R$ 6,00

A virada de 2024 para 2025 foi marcada por uma escalada do câmbio. Muitos analistas projetavam que o dólar atingiria ou ultrapassaria a barreira dos R$ 6,00 devido às incertezas fiscais e ao cenário externo (efeito Trump e juros nos EUA).

O que não se confirmou: O real recuperou fôlego ao longo do ano. O câmbio encerra 2025 na casa dos R$ 5,40 a R$ 5,50, beneficiado por entradas robustas na conta comercial e por um ajuste fiscal que, embora difícil, trouxe mais previsibilidade do que o mercado antecipava em janeiro.

3. Inflação Fora do Controle

As primeiras edições do Focus em 2025 previam um IPCA de 4,99%, furando o teto da meta (4,5%). Analistas temiam que a alta do dólar e os preços de energia empurrassem a inflação para um patamar de difícil retorno.

O que não se confirmou: A inflação terminou o ano em 4,32%, dentro do intervalo de tolerância. A queda nos preços de alimentos (deflação no atacado/IGP-M em certos meses) e a política monetária rigorosa do Banco Central (BACEN) foram subestimadas pelos modelos econométricos iniciais.

4. Selic a 15% ao ano

Com o medo da inflação descontrolada, o consenso era de que a taxa de juros precisaria subir até 15% e lá permanecer por todo o ano de 2025 para conter o consumo e o câmbio.

O que não se confirmou: Embora os juros tenham permanecido elevados, o ciclo de alta foi interrompido antes do que muitos “falcões” do mercado previam. A manutenção da Selic em patamares contracionistas, mas não tão extremos quanto os 15% projetados, permitiu que o crédito (especialmente o imobiliário e consignado) continuasse a girar.

Por que o mercado errou?

Analistas apontam que o erro de 95% das previsões (dado histórico recorrente citado pela Nord Research) ocorre porque os modelos focam muito em “ruído político” e inércia, ignorando a capacidade de adaptação da economia real. Em 2025, a força do consumo interno e a balança comercial favorável foram os “cisnes negros” positivos que as planilhas dos bancos não conseguiram capturar no primeiro dia do ano.

A divulgação periódica dos resultados das empresas abertas influencia o humor do mercado e gera oscilações relevantes na bolsa de valores. Imagem: Amanda Perobelli/ Reuters
Amanda Perobelli/ Reuters

Índices econômicos positivos

Os índices econômicos de 2025 consolidaram um cenário de surpresa positiva para o Brasil, especialmente por superarem as projeções pessimistas feitas no início do ano. O país termina o ciclo com crescimento econômico acima do esperado e números de emprego em níveis historicamente favoráveis.

Aqui estão os indicadores que mais se destacaram positivamente neste ano:

1. Produto Interno Bruto (PIB)

Diferente das projeções que falavam em estagnação, o PIB brasileiro demonstrou força.

Crescimento Acumulado: Até o terceiro trimestre, o país acumulava alta de 2,4% a 2,7% (dependendo do órgão de medição), contrariando o Banco Mundial que previa 2,2% em janeiro.
Protagonismo do Agro: O setor foi o grande “puxador” do índice, crescendo impressionantes 11,6% no acumulado dos três primeiros trimestres.

2. Mercado de Trabalho (Queda de desemprego recorde)

Este é, talvez, o índice mais positivo do ano. O Brasil atingiu a mínima histórica de desemprego.

Taxa de Desocupação: Caiu para 5,2% em novembro (o menor nível desde o início da série histórica em 2012).

Renda Real: A massa salarial e o rendimento médio do trabalhador também bateram recordes, chegando à média de R$ 3.528,00.

3. Inflação (IPCA) sob Controle 

Apesar dos temores de que a inflação furaria o teto da meta (4,5%), os dados mostram uma convergência.

IPCA-15: A prévia da inflação fechou o ano de 2025 em 4,41%, dentro do intervalo de tolerância do Banco Central.

Deflação em Grupos Chave: Setores como artigos de residência e certos alimentos ajudaram a segurar o índice na reta final do ano.

4. Balança Comercial

O Brasil consolidou sua posição como potência exportadora.

Superavit Comercial: A projeção do Ministério do Desenvolvimento (Mdic) é fechar o ano com um saldo positivo de cerca de US$ 60,9 bilhões.

Recordes Setoriais: As exportações da agropecuária cresceram 24% em outubro, e a indústria extrativa (petróleo e minério) subiu 22%, garantindo uma entrada maciça de dólares no país.

https://iclnoticias.com.br/economia/economia-no-azul-analistas-e-bancos-erraram-quase-todas-previsoes-em-2025/

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