Economia no azul: analistas e bancos erraram quase todas previsões em 2025
Economia no azul: analistas e bancos erraram quase todas previsões em 2025
O ano que hoje se encerra deixará uma lição para os departamentos de pesquisa econômica da Faria Lima e do Leblon. O que se viu ao longo de 2025 foi um descolamento raro entre as projeções pessimistas do início do ano e o vigor demonstrado pelos indicadores reais. No “placar” final, o Brasil termina o período com as contas no azul e números que poucos ousaram prever.
As previsões do mercado financeiro para 2025, registradas no início do ano e durante o primeiro semestre, carregavam um forte viés de cautela e pessimismo que, ao chegarmos ao final de dezembro, mostraram-se descoladas da realidade.
Aqui estão os principais pontos onde o “consenso” dos bancos e analistas falhou:
1. O fantasma da recessão e o PIB “magro”
No início de 2025, o pessimismo era a regra. Uma pesquisa da Genial/Quaest em março apontava que 58% dos gestores e economistas viam risco de recessão no Brasil ainda naquele ano. O Boletim Focus de janeiro cravava um crescimento modesto de 2,02%.
O que não se confirmou: A economia manteve-se resiliente. O PIB fechou o ano com estimativas de 2,26% a 3,2% (dependendo da fonte), impulsionado por um mercado de trabalho que não desacelerou como previsto e por um setor agrícola que novamente superou as expectativas de quebra de safra.
2. O dólar a R$ 6,00
A virada de 2024 para 2025 foi marcada por uma escalada do câmbio. Muitos analistas projetavam que o dólar atingiria ou ultrapassaria a barreira dos R$ 6,00 devido às incertezas fiscais e ao cenário externo (efeito Trump e juros nos EUA).
O que não se confirmou: O real recuperou fôlego ao longo do ano. O câmbio encerra 2025 na casa dos R$ 5,40 a R$ 5,50, beneficiado por entradas robustas na conta comercial e por um ajuste fiscal que, embora difícil, trouxe mais previsibilidade do que o mercado antecipava em janeiro.
3. Inflação Fora do Controle
As primeiras edições do Focus em 2025 previam um IPCA de 4,99%, furando o teto da meta (4,5%). Analistas temiam que a alta do dólar e os preços de energia empurrassem a inflação para um patamar de difícil retorno.
O que não se confirmou: A inflação terminou o ano em 4,32%, dentro do intervalo de tolerância. A queda nos preços de alimentos (deflação no atacado/IGP-M em certos meses) e a política monetária rigorosa do Banco Central (BACEN) foram subestimadas pelos modelos econométricos iniciais.
4. Selic a 15% ao ano
Com o medo da inflação descontrolada, o consenso era de que a taxa de juros precisaria subir até 15% e lá permanecer por todo o ano de 2025 para conter o consumo e o câmbio.
O que não se confirmou: Embora os juros tenham permanecido elevados, o ciclo de alta foi interrompido antes do que muitos “falcões” do mercado previam. A manutenção da Selic em patamares contracionistas, mas não tão extremos quanto os 15% projetados, permitiu que o crédito (especialmente o imobiliário e consignado) continuasse a girar.
Por que o mercado errou?
Analistas apontam que o erro de 95% das previsões (dado histórico recorrente citado pela Nord Research) ocorre porque os modelos focam muito em “ruído político” e inércia, ignorando a capacidade de adaptação da economia real. Em 2025, a força do consumo interno e a balança comercial favorável foram os “cisnes negros” positivos que as planilhas dos bancos não conseguiram capturar no primeiro dia do ano.

Índices econômicos positivos
Os índices econômicos de 2025 consolidaram um cenário de surpresa positiva para o Brasil, especialmente por superarem as projeções pessimistas feitas no início do ano. O país termina o ciclo com crescimento econômico acima do esperado e números de emprego em níveis historicamente favoráveis.
Aqui estão os indicadores que mais se destacaram positivamente neste ano:
1. Produto Interno Bruto (PIB)
Diferente das projeções que falavam em estagnação, o PIB brasileiro demonstrou força.
Crescimento Acumulado: Até o terceiro trimestre, o país acumulava alta de 2,4% a 2,7% (dependendo do órgão de medição), contrariando o Banco Mundial que previa 2,2% em janeiro.
Protagonismo do Agro: O setor foi o grande “puxador” do índice, crescendo impressionantes 11,6% no acumulado dos três primeiros trimestres.
2. Mercado de Trabalho (Queda de desemprego recorde)
Este é, talvez, o índice mais positivo do ano. O Brasil atingiu a mínima histórica de desemprego.
Taxa de Desocupação: Caiu para 5,2% em novembro (o menor nível desde o início da série histórica em 2012).
Renda Real: A massa salarial e o rendimento médio do trabalhador também bateram recordes, chegando à média de R$ 3.528,00.
3. Inflação (IPCA) sob Controle
Apesar dos temores de que a inflação furaria o teto da meta (4,5%), os dados mostram uma convergência.
IPCA-15: A prévia da inflação fechou o ano de 2025 em 4,41%, dentro do intervalo de tolerância do Banco Central.
Deflação em Grupos Chave: Setores como artigos de residência e certos alimentos ajudaram a segurar o índice na reta final do ano.
4. Balança Comercial
O Brasil consolidou sua posição como potência exportadora.
Superavit Comercial: A projeção do Ministério do Desenvolvimento (Mdic) é fechar o ano com um saldo positivo de cerca de US$ 60,9 bilhões.
Recordes Setoriais: As exportações da agropecuária cresceram 24% em outubro, e a indústria extrativa (petróleo e minério) subiu 22%, garantindo uma entrada maciça de dólares no país.
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