Lula e Trump: indústria comemora "disposição real das duas partes para acordo" sobre tarifaço
"Acreditamos que teremos uma solução que vai devolver previsibilidade e competitividade às exportações brasileiras, fortalecendo a indústria e o emprego no país”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Por Plinio Teodoro
Escrito ECONOMIA 26/10/2025 · 11:13 hs
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgou nota em que classifica o encontro entre os presidentes Lula, do Brasil, e Donald Trump, dos EUA, como "avanço concreto" para que o tarifaço de 50% sobre alguns produtos brasileiros pelo governo estadunidense chegue ao fim.
O anúncio do início das negociações sobre o tarifaço, com disposição real das duas partes para alcançar um acordo, é um passo relevante. Acreditamos que teremos uma solução que vai devolver previsibilidade e competitividade às exportações brasileiras, fortalecendo a indústria e o emprego no país”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban, na nota.
Segundo o texto, o diálogo entre os dois líderes representa um avanço concreto nas tratativas bilaterais e reforça o compromisso de ambos os governos com a construção de soluções equilibradas para o comércio entre Brasil e Estados Unidos.
A CNI, que tem participado das tratativas juntamente com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirma ainda que "continuará à disposição para contribuir tecnicamente no sentido da retomada da relação comercial entre os dois países sem tarifas abusivas".
“É natural que os Estados Unidos busquem proteger suas cadeias produtivas. O que defendemos é um processo racional, transparente e baseado em dados, que permita avançar de forma construtiva”, afirmou Alban.
De acordo com a nota, em setembro, na missão empresarial liderada pela CNI a Washington, foram abertas frentes de diálogo e cooperação em setores de alto potencial, como data centers, combustível sustentável de aviação (SAF) e minerais críticos — temas que permanecem no centro da agenda bilateral.
"Na ocasião, líderes industriais se reuniram com autoridades e empresários norte-americanos para discutir os impactos das tarifas sobre exportações brasileiras e abrir caminhos para novas negociações".
Encontros imediatos
Pelas redes sociais, Lula classificou como "ótima" a reunião e anunciou encontros imediatos entre as equipes dos dois países para resolução tanto da tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros, quanto das sanções aplicadas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e a esposa dele, Viviane Barci de Moraes.
"Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde [NR.: horário da Malásia] deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras", escreveu Lula.
Em entrevista logo após o encontro, o chanceler brasileiro Mauro Vieira, afirmou que a reunião foi muito produtiva e que as negociações entre representantes dos dois países vão começar ainda neste domingo.
"O presidente Trump afirmou que dará instruções à sua equipe para que comece um período de negociação bilateral, que deve iniciar-se hoje ainda porque é para tudo ser resolvido em pouco tempo", afirmou Vieira, que participou da reunião ao lado de Lula.
Trump levou para a reunião o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário do Tesouro, Scott Bessent - responsável pelas sanções pela Lei Magnitsky -, e o representante Comercial dos Estados Unidos, Jamieson Lee Greer.
Segundo o governo brasileiro, foram temas da reunião a retirada de tarifaço e da Lei Magnitsky contra o Brasil e brasileiros, além de visitas oficiais dos dois presidentes.
O tema político, no que diz respeito ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi definido como uma questão "lateral".
Durante o período de negociações, que se inicia "imediatamente" entre os países deve haver uma suspensão temporária do tarifaço e das sanções da Lei Magnitsky aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“O presidente solicitou e reiterou o que havia dito no telefonema, e ele concordou que faremos uma rápida negociação e durante esse período haverá uma suspensão”, afirmou o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. “Agora, hoje, não está. Acabamos de sair da reunião. Vamos ter negociações, conversas, com vistas a suspensão das tarifas, visto que são aplicadas a um país que não tem um superávit, portanto não é justa”, completou.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, o representante comercial, Jamieson Lee Greer, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, vão coordenar a equipe dos EUA nos encontros, que devem ocorrer ainda neste domingo, com a presença de Vieira, e do secretário-executivo do MDIC, Marcio Rosa.
“Foi tudo muito abrangente, o presidente Lula falou do tarifaço, da suspensão da Lei Magnitsky em relação a algumas autoridades. Trump, muito simpático, ouviu com muita atenção e orientou sua equipe a seguir dialogando conosco para chegarmos a um meio-termo”, adiantou Márcio Rosa.
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