AFRONTA AO ESTADO DE DIREITO
O ministro Flavio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou a operação policial que resultou em mais de 130 mortos, ontem (28), nos Complexos do Alemão e da Penha, de “circunstância tensa e trágica”. Dino também afirmou que o STF não pode legitimar o vale-tudo.
A ação policial foi a mais letal da história do estado e do país, superando o massacre do Carandiru, ocorrido em São Paulo, em 1992.
“Não se trata, jamais, de julgar a favor ou contra a polícia como instituição. Como qualquer atividade humana, com certeza há bons e maus profissionais na polícia, como no sistema de Justiça”, disse Dino, durante sessão na Corte, pouco antes de iniciar o voto em um processo que trata da atividade policial.
O magistrado também fez referência às dezenas de corpos encontrados por moradores dentro da mata, após a operação.
“Nossa posição não é nem de impedir a ação da polícia, nunca foi, mas, ao mesmo tempo, não é de legitimar o vale-tudo com corpos estendidos e jogados no meio da mata, jogados no chão. Porque isso não é Estado de Direito — afirmou.
O ministro Gilmar Mendes também classificou a operação no Rio de Janeiro como “lamentável”.
“Me parece que devemos estar atentos à criação de uma jurisprudência que reconheça a necessidade de ações policiais, mas que não comporte abusos e muito menos as violações de direitos fundamentais” — declarou o decano do STF.
Já o governador Cláudio Castro (PL) classificou, hoje, o banho de sangue resultado da chacina como um “sucesso” e afirmou que “de vítimas lá só tivemos os policiais”. Ou seja, para Castro, moradores de comunidades são todos criminosos e pouco importa a vida do cidadão: ali, são todos culpados. Lamentável.
Perdeu boa oportunidade de ficar calado.
Mas o que se pode esperar de bom do atual governador do estado?
