MP denuncia 7 por rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro

Conheça provas que MP ignorou ao livrar Carlos Bolsonaro da denúncia de rachadinha

Desde julho, a coluna mostra uma série de revelações que demonstram provas do envolvimento de Carlos


Juliana Dal Piva e Igor Mello

O promotor Alexandre Murilo Graça, titular da 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, do MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro), ofereceu denúncia apenas contra sete servidores e ex-funcionários de Carlos Bolsonaro (PL-RJ), mas excluiu o vereador. A coluna agora relembra uma série de revelações feitas ao longo do ano sobre o caso que demonstram provas do envolvimento de Carlos ignoradas pela promotoria.

Carlos era investigado como líder de uma organização criminosa que funcionou dentro do gabinete dele e que obrigava os servidores, que não trabalhavam, a devolver a maior parte de seus salários. A investigação foi instaurada em 2019 após uma reportagem da revista Época, feita por esta colunista e pela jornalista Juliana Castro, revelar até áudios de confissões de ex-servidores de Carlos sobre o esquema. Desde 2019, o caso tramitou por diversas instâncias dentro do MP do Rio, o promotor Alexandre Murilo Graça atua no caso desde 2021. 

Boletos pagos Jorge Fernandes, assessor de Carlos

Conheça as provas contra Carlos Bolsonaro

Idas ao cofre no Banco do Brasil

Em julho, a coluna revelou que o Banco do Brasil informou ao MP do Rio a existência de um cofre que Carlos mantinha junto com Flávio Bolsonaro. O vereador acessou o cofre nos dias em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), pai do “02”, registrou as compras de duas casas no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca. Carlos também esteve no cofre no dia em que seu irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), hoje deputado federal, comprou um apartamento em Copacabana. Neste caso, Eduardo declarou em cartório ter pago R$ 160 mil no imóvel, dos quais R$ 50 mil em dinheiro vivo.

Carlos Bolsonaro visitou cofre nos dias em que pai comprou casas no Vivendas da Barra

Carlos Bolsonaro visitou cofre nos dias em que pai comprou casas no Vivendas da Barra

Chefe de gabinete pagava despesas pessoais de Carlos

Na análise bancária do vereador e de seus funcionários foi verificado que o chefe de gabinete de Carlos, Jorge Luiz Fernandes, pagou sistematicamente boletos de suas despesas, como faturas de cartão de crédito, plano de saúde, impostos e multas de trânsito.

Foram encontrados 23 contas do vereador e de pessoas ligadas a ele pagas por Fernandes entre 2012 e 2019, que somam um total R$ 27.929,66. Ao mesmo tempo, só foi identificado uma transferência online de R$ 8 mil de Carlos para Jorge em dezembro de 2011.

O Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ analisou por amostragem esse tipo de movimentação financeira — sorteando aleatoriamente um número de documentos. Isso significa que o número pode ser ainda superior. O chefe de gabinete foi denunciado por receber cerca de R$ 2 milhões em sua conta de seis outros nomeados por Carlos Bolsonaro na Câmara.

Carlos Bolsonaro não pagou plano de saúde com a própria conta por 9 anos

Um relatório do Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ, obtido pela coluna com exclusividade, constatou que o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) só pagou um boleto de plano de saúde com sua conta bancária em nove anos de contratação desse tipo de serviço. Existe suspeita de que os pagamentos possam ter sido feitos em espécie com dinheiro oriundo de rachadinha.

Chefe de gabinete de Carlos também pagou contas de Bolsonaro e Michelle

Perícia realizada pelo MP-RJ em dados bancários de Carlos constatou que o chefe de gabinete do vereador, Jorge Luiz Fernandes, também pagou despesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), de sua esposa Michelle Bolsonaro (PL-DF) e de Rogéria Bolsonaro, mãe de Carlos. No documento, não foi registrado que Jair Bolsonaro, Michelle ou Rogéria tenham feito depósitos ou transferências de valores semelhantes em datas próximas a esses pagamentos efetuados com dinheiro da conta-corrente do chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro.

Carlos Bolsonaro comprou carro com 52 mil em dinheiro vivo

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) adquiriu um carro utilizando R$ 52 mil, em dinheiro vivo, em 2010, e um apartamento no centro do Rio de Janeiro, em 2012, pelo valor de R$ 180 mil. Nesses dois anos, porém, a análise do patrimônio dele feita pelo Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ (Ministério Público do Rio) indica que ele não tinha lastro para as operações na renda em que recebeu nos dois respectivos anos.

Carlos diz que doou R$ 130 mil a Flávio; maior parte nunca entrou na conta

O vereador Carlos Bolsonaro informou à Receita Federal que fez duas doações que somam R$ 130 mil para o irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), hoje senador. Contudo, em ao menos um dos casos um total de R$ 70 mil não passou pelas contas bancárias de Flávio, nem foi declarado por ele no Imposto de Renda.

Carlos sacava todo o salário

O chefe de gabinete de Carlos, Jorge Fernandes, afirmou em depoimento ao MP-RJ que toda a família Bolsonaro “sempre sacava” os salários de suas contas bancárias integralmente. Uma cópia das declarações foi obtida pela coluna com exclusividade.


https://iclnoticias.com.br/provas-mp-ignorou-caso-carlos-bolsonaro/



MP denuncia 7 por rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro

Por Douglas Corrêa — Agência Brasil 

A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), ofereceu denúncia, no dia 5 deste mês, contra sete pessoas, entre elas funcionários e ex-funcionários da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A acusação envolve um esquema de corrupção, conhecido como “rachadinha”, no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PL), entre os anos de 2005 e 2021.

Segundo o Ministério Público do Rio, Jorge Luiz Fernandes, que exercia o cargo de chefe de gabinete do vereador, com apoio de outros seis denunciados, teria criado a “rachadinha”, prática na qual parte dos salários dos assessores é desviada para o líder do esquema.

De acordo com a investigação do procedimento investigatório criminal (PIC), o grupo era composto por Juciara da Conceição Raimundo da Cunha, Alexander Florindo Baptista Junior, Thiago Medeiros da Silva, José Francisco dos Santos, Andrea Cristina da Cruz Martins e Regina Célia Sobral Fernandes, além de Jorge Fernandes. Todos os envolvidos foram nomeados para cargos de assessoria no gabinete de Carlos Bolsonaro durante o período investigado.

O MPRJ informou que o denunciado Jorge Fernandes, utilizando sua influência e proximidade com a “família Bolsonaro”, conseguiu a nomeação dos demais acusados, que repassavam parte de seus vencimentos a ele. O esquema teria resultado em um desvio de pelo menos R$ 1,7 milhão. A denúncia destaca que Jorge Fernandes era o líder do grupo e que utilizava uma conta bancária específica para gerenciar os valores desviados. O caso segue agora para apreciação na 1ª Vara Criminal Especializada da Comarca da Capital do Rio de Janeiro, onde os acusados serão ouvidos para apresentar defesa.

Sede do MP-RJ

Carlos não foi acusado

A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital concluiu que não há indícios suficientes para sustentar a acusação de prática criminosa contra o vereador Carlos Bolsonaro no suposto esquema de “rachadinha” em seu gabinete. De acordo com o documento, a decisão de arquivar o procedimento investigatório criminal, neste caso, foi baseada na falta de provas que indicassem movimentações financeiras irregulares para as contas do parlamentar ou pagamentos relacionados.

No pedido de arquivamento, a Promotoria de Justiça esclareceu que a atuação criminal só é possível quando a conduta se enquadra em uma infração penal prevista na legislação especial ou no Código Penal. “Embora existam indícios de que os assessores não cumpriam corretamente a jornada de trabalho, sem a devida prestação de serviços, não foi possível identificar nenhum indício de crime, apenas uma infração administrativa, o que torna os fatos atípicos do ponto de vista penal.”

A Agência Brasil tentou contato com o gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, mas não conseguiu, e está aberta para incluir posicionamento dos citados no texto.

https://iclnoticias.com.br/rachadinha-gabinete-do-carlos-bolsonaro/

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