Carla Zambelli e o celular de Tagliaferro, por onde teriam vazado as "denúncias" da Folha contra Moraes

 

Carla Zambelli e o celular de Tagliaferro, por onde teriam vazado as "denúncias" da Folha contra Moraes

Carla Zambelli com Tarcísio e Alexandre de Moraes. Créditos: Rede X Carla Zambelli / Antonio Augusto STF
Por Plinio Teodoro
OPINIÃO15/8/2024 · 07:34

Ré no Supremo Tribunal Federal (STF) por mandar fabricar um pedido de prisão de Alexandre de Moraes - colocado pelo 'hacker' Walter Delgatti no site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Carla Zambelli (PL-SP) pode estar associada ao mais recente ataque ao ministro, alvo de denúncias até o momento vazias em reportagens da Folha de S.Paulo em parceria com Glenn Greenwald.

As "denúncias" reveladas por Glenn e pela Folha têm como base o vazamento de conversas entre dois assessores diretos de Moraes: Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete no STF; e Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), órgão subordinado à presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Tagliaferro foi detido por violência doméstica contra a esposa no dia 8 de maio de 2023 em Caieiras, região metropolitana de São Paulo. No dia seguinte, 9 de maio de 2023, o assessor foi exonerado por Moraes “devido sua prisão em flagrante por violência doméstica e aguardará a rigorosa apuração dos fatos”.

Contrariado, Tagliaferro argumentou à polícia "que jamais colocaria a integridade da família em risco" e que o disparo da arma durante a agressão à esposa teria sido acidental.

Vazamento

Nas reportagens, Glenn e a Folha afirmam que os 6 gigabites que teriam em mensagens trocadas pelos assessores de Moraes não são frutos de "hackeamento", mas foram entregues ao jornal por uma "fonte".

Nos bastidores, há duas hipóteses sobre o vazamento dos diálogos, que estariam no celular de Tagliaferro. Uma delas é uma possível "vingança" do ex-assessor de Moraes pela demissão.

Segundo o jornal, Tagliaferro teria dito que que não se manifestará, mas que "cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade". 

A outra hipótese envolve diretamente a deputada extremista Carla Zambelli e a polícia liderada por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, que afirmou nesta quarta-feira (14) que acha que a denúncia da Folha "é um caso que tem que ser apurado com todo rigor e ter as consequências necessárias".

Prisão

Tagliaferro foi preso na noite do dia 8 de maio de 2023. Antes de qualquer notícia na mídia, Carla Zambelli divulgou na rede X na manhã do dia 9 de maio que "o assessor de um homem poderoso no Brasil está na delegacia, porque tentou matar a esposa, dando vários tiros dentro de casa ontem à noite".

"A imprensa está querendo esconder, mas já temos gente nossa na porta da delegacia, esperando ele sair. Mais tarde darei notícias", diz a publicação da bolsonarista, resgatada pelos jornalistas Rodrigo Vianna, do ICL, e Pedro Zambarda, do DCM.

Às 9h03 do mesmo dia, Zambelli voltou à tona e publicou uma foto de Tagliaferro dentro do camburão, algemado. 

"O xerife das fake News. A pergunta que não sei responder e já fiz um pedido de informações: ele ainda está trabalhando para o ministro Alexandre de Moraes?", indagou a deputada nas redes.

Fórum entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), comandada pelo bolsonarista Guilherme Derrite, e indagou se o celular de Tagliaferro havia sido apreendido na ocasião.

A resposta foi evasiva: "O caso citado foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Caieiras e relatado ao Poder Judiciário em maio de 2023. O autor foi solto no dia seguinte à sua prisão em audiência de custódia. Demais detalhes devem ser solicitados ao Poder Judiciário".

No entanto, o boletim de ocorrência, datado de 12 de maio - 3 dias após o ocorrido - mostra que o celular do ex-assessor de Moraes foi apreendido.

O iPhone 14 de Tagliaferro foi devolvido no dia 15 de maio. Portanto, o aparelho ficou sob a responsabilidade da Polícia Civil de Tarcísio durante 6 dias. 

Resta saber quem antecipou as informações e forneceu sobre a prisão de Tagliaferro a Carla Zambelli. E o que foi feito com o celular de Tagliaferro, de onde teria partido, um ano e três meses depois, o arquivo repassado à Folha e à Glenn Greenwald no mais novo ataque a Moraes.

Veja as publicações de Rodrigo Vianna e Pedro Zambarda. 



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