Na última semana, em 4 de julho, logo que Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pelo caso das joias, diversos parlamentares e comunicadores bolsonaristas recorreram a uma matéria de 2016 da Revista Isto É para defender o ex-presidente. De acordo com levantamento da agência Aos Fatos, especializada em checagem de desinformação, logo no dia seguinte ao indiciamento os deputados federais Bia Kicis (PL-DF) e Capitão Alden (PL-BA) compartilharam a tal matéria da Isto É que afirma que Lula e Dilma não teriam devolvido presentes recebidos durante seus mandatos. À época, as regras para definir o que seriam itens entendidos como pessoais do presidente e os que seriam itens destinados ao acervo da Presidência da República eram diferentes. Apenas objetos entregues durante cerimônia oficial de trocas de presentes eram considerados “patrimônios da União”. Mas em setembro daquele ano o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a mudança no regramento. Agora todos os presentes recebidos por ex-chefes de Estado devem ser incorporados ao acervo da União, à exceção daqueles considerados de natureza personalíssima como itens perecíveis, de consumo direto (como por exemplo perfumes) e medalhas e placas personalizadas.
Dilma, por sua vez, devolveu 111 dos 117 objetos que tinha em posse. Os demais objetos, avaliados em pouco menos de R$ 5 mil, também se perderam e o valor devido foi depositado pela ex-presidenta. Em 2020 o TCU considerou concluídos os trabalhos de devolução de bens dos ex-presidentes petistas.
Lula ainda tem em posse relógios e um cordão de ouro, incorporados ao seu acervo pessoal durante o primeiro mandato. Mas de acordo com parecer técnico do TCU de maio deste ano, está dentro da legalidade.
Bolsonaro bem que tentou resgatar a história da Isto É de 2016 em 9 de março de 2023, dias depois que o escândalo das suas joias sauditas chegou à imprensa. Mas não obteve êxito.
Em troca de mensagens devidamente obtidas pela Polícia Federal e incluídas no relatório a respeito do caso das joias, Jair teria enviado reportagens como a supracitada aos seus assessores e pedido uma apuração. A informação pode ser encontrada na página 97 do relatório.
“Capitão, em reserva, fui atrás dos objetos do Lula. Não sei como ele fez isso. Mas ele devolveu os que ele incorporou ao acervo pessoal e pagou ao TCU pelos objetos que não foram encontrados. Uns 11 mil reais mais ou menos”, disse o assessor na mensagem interceptada.