Jornalistas do Estadão pedem socorro contra o assédio moral que sofrem de Andreza Matais
Nova denúncia contra a jornalista é um grito de socorro levado ao Ministério Público por profissionais que pedem o direito de exercer seu ofício com ética e responsabilidade
247 – O Brasil 247 recebeu, nesta terça-feira 21, a íntegra da denúncia protocolada junto ao Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal por funcionários e funcionárias do jornal Estado de S. Paulo, em que eles relatam, em detalhes, o assédio moral que têm sofrido da jornalista Andreza Matais, editora-executiva do jornal. O documento é chocante e é também um pedido de socorro apresentado por jornalistas profissionais que lutam para exercer seu ofício com ética e responsabilidade. Ao ser questionada sobre o caso, Andreza se disse vítima de misoginia e de perseguição por parte do governo federal e da mídia independente. Leia, abaixo, a íntegra da notícia de fato apresentada ao MPT-DF sob o número 003036.2023.10.000/8:
Mais uma vez, colaboradores do jornal Estadão se veem obrigados a procurar o Ministério Público do Trabalho para que seus direitos trabalhistas e fundamentais sejam preservados. Depois de denúncias feitas contra a gestora Andreza Matais, contra a gestão editorial do Estadão e obviamente contra o próprio Estadão como pessoa jurídica, o jornal tenta se fazer de vítima, como se estivesse sendo "perseguido" por fazer jornalismo independente. Tal distorção, feita pelo jornal, investigado seguidas vezes por ilegalidades trabalhistas, é um disparate completo, porque o jornal só está sendo denunciado pelas inúmeras ilegalidades trabalhistas que cometeu. Que o Estadão aprenda a cumprir e a respeitar a lei antes de se vitimizar ou de ameaçar quem quer que seja. Que o Estadão não se aproprie das lutas de jornais que verdadeiramente precisam lutar contra o arbítrio -- o Estadão é apenas uma empresa lutando para continuar a praticar ilegalidades impunemente. O jornalismo é apenas uma desculpa para a prática impune dessas ilegalidades contra os próprios trabalhadores do jornal, visto que o jornal usa as proteções constitucionais do jornalismo para blindar essas ilegalidades. Vale dizer que esse "jornalismo independente" do Estadão, quando se realiza na editoria de Política, ocorre por mérito e esforço exclusivos das equipes de reportagem e de alguns subeditores da editoria de Política. Estamos aqui para denunciar em mais detalhes violações trabalhistas, abusos de poder e desvios éticos da gestão do jornal, com a expectativa de que o Ministério Público cumpra o seu papel constitucional e interrompa as ameaças, o assédio, os abusos e as violações contra os trabalhadores, para que busque reparações coletivas pelos danos morais coletivos infligidos aos trabalhadores e aos leitores, e para que proíba a gestão do jornal de cometer novas ameaças e ilegalidades. É evidente que essa é uma reivindicação única e exclusiva dos trabalhadores, dos jornalistas, atuais, antigos e futuros, que precisam de garantias legais de que poderão exercer suas funções com independência e com respeito ao Código de Ética da profissão. Os jornalistas precisam também de garantias de que poderão ter preservada sua integridade física ao cobrir assuntos relativos ao crime organizado, que não serão objeto de assédio moral ou retaliação em caso de não participarem de reportagens questionáveis eticamente, que terão respeitadas a cláusula de consciência, bem como o direito de dizer não a participar de tarefas que entendam perigosas, anti-éticas ou questionáveis eticamente por qualquer motivo. Ou seja, esta reclamação apresentada ao Ministério Público, bem como todas as outras que aparentemente já foram feitas contra o jornal, tratam exclusivamente dos direitos de jornalistas (na esfera do Ministério Público do Trabalho). Evidentemente que, por ser um produto destinado ao consumo massivo de toda a sociedade, jornais também podem provocar ganhos ou danos para toda a sociedade, então, ao garantir interesses dos trabalhadores, o Ministério Público também protege indiretamente o direito de leitores, anunciantes e, ao fim, de toda a coletividade. É evidente que direitos fundamentais e qualidades necessárias ao trabalho jornalístico (objetividade, imparcialidade e precisão) não serão seguidos por jornais que desrespeitam, de maneira tão aviltante, os seus próprios trabalhadores, com fraudes trabalhistas, sonegação de horas extras, humilhações, assédio direcionado e outras condutas proibiidas pela legislação e pelo código de ética jornalístico. Essa denúncia aqui não trata de interesses de partidos políticos, governos ou quaisquer outras partes que não sejam os trabalhadores do jornal. Não aceitamos nem permitimos que nossa luta seja utilizada ou manipulada por políticos ou terceiros para justiçamentos, vinganças pessoais ou nenhum outro tipo de interesse alheio aos trabalhadores. Discordamos e não temos qualquer relação com ataques de políticos, exposição de imagens ou qualquer outro comentário inapropriado de terceiros nas redes sociais. Nossa denúncia trata evidentemente dos interesses dos trabalhadores e da coletividade, ainda que o assédio e as ilegalidades cometidas pela gestão do jornal possam impactar injustamente quaisquer outras pessoas ou grupos da sociedade. Feito esse óbvio esclarecimento, e sem aumentar, amplificar ou distorcer as ações de gestores do jornal, vamos denunciar ações (verificáveis por qualquer investigação independente) de gestores do jornal que podem, à luz da legislação e do nosso entendimento, configurar assédio moral, fraude trabalhista, abuso contratual, entre outras ilegalidades. Não se trata aqui de demonizar ou difamar a gestora Andreza Matais, editora-chefe de Política do jornal, que sempre terá todo o direito de se defender de acusações e que, independentemente disso, tampouco deve ser alvo de intolerância, preconceito ou difamação, tendo obviamente seus direitos respeitados em um julgamento coletivo justo (assim como a empresa e outros gestores). Por outro lado, é direito de qualquer trabalhador recorrer ao Ministério Público para exigir responsabilização e reparação por ilegalidades quando não existirem outras formas de reparar essas ilegalidades. Não pode Andreza distorcer as acusações dirigidas contra ela e se dizer vítima de machismo, misoginia, ou qualquer outro preconceito pela sua condição de mulher. A situação dela nada tem a ver com as jornalistas atacadas por turbas e políticos anteriormente. Andreza é uma profissional que foi e está sendo denunciada pelos próprios pares, por outras mulheres e homens jornalistas, de modo que os atos de Andreza só foram denunciados por suas ações específicas como gestora e jornalista. Andreza está sendo denunciada e nomeada pelo que fez e vocalizou e não pode se apropriar da luta de mulheres jornalistas desrespeitas pelo exercício de seu ofício. Andreza não está sendo denunciada por ter investigado ou peitado o Comando Veremlho -- ela jamais produziu nada relevante nessa seara. Também não está sendo denunciada por ter enfrentado "Políticos do PT" ou qualquer outra tolice do gênero, embora ela tenha, sim, feito reportagens de impacto sobre políticos. Andreza não está sendo denunciada por qualidades que possua. Andreza está sendo denunciada como gestora e jornalista, porque praticou atos que afrontam diretamenteo bom jornalismo, protegido por lei e código de ética, e a legislação trabalhista, incorrendo em violações, abusos e ilegalidades trabalhistas que são inadmissíveis na legislação brasileira, tendo sido praticadas por mulheres ou não. Se Andreza cometeu tais atos inaceitáveis a mando dos outros, a mando dos gestores, se chamou alguém de "vaca" por ordens superiores, que Andreza se justifique e compartilhe as responsabilidades devidas. Seria absurdo sustentar que uma gestora tem o direito de assediar, humilhar, perseguir e fustigar os outros pelo simples fato de ser mulher. A situação de Andreza em nada tem a ver com os casos de mulheres atacadas ou perseguidas pelo exercício do jornalismo. Andreza está sendo denunciada aqui justamente por impedir esse livre exercício do jornalismo. Ainda que leigos tentem atribuir à direção do jornal ou a ela o mérito por reportagens investigativas de qualidade que o jornal tenha produzido, é evidente que Andreza não está sendo denunciada por nenhuma boa reportagem, ou por enfrentar a bandidagem. Andreza é aqui a principal denunciada, mas não a única, porque vocalizou e praticou, ao longo de anos, atos de humilhação e desrespeito contra MULHERES e HOMENS subordinados, além de ter praticado atos que afrontam o Código de Ética da profissão jornalística. Essa não é uma denúncia partidária ou persecutória contra Andreza. Por motivos que só ela e o Estadão podem esclarecer, Andreza praticou humilhações e perseguições não porque é mulher, mas porque se sentiu no direito de cometer abusos, inclusive contra mulheres, mesmo após sucessivas denúncias e queixas apresentadas contra ela no departamento de recursos humanos da empresa e em outras instâncias. Deve-se dizer, no entanto, que toda a direção editorial do jornal e da empresa validou e endossou ou se omitiu a tais violações praticadas por Andreza, de modo que é urgente que o Ministério Público, como fiscal da sociedade, utilize suas prerrogativas e cumpra suas funções para apurar as responsabilidades de cada gestor, de cada conselheiro de administração e de cada sócio do jornal nos atos aqui denunciados. Não estamos aqui apresentando uma sentença ou uma peça acusatória contra Andreza, mas denunciando atos vocalizados ou pessoalmente praticados por ela que entendemos que merecem investigação independente e que são impossíveis de serem investigados em paridade de condições por jornalistas ou funcionários, devido à influência política, empresarial e a todo o histórico de abusos de poder que foram relatados anteriormente e que serão complementados a seguir. Vale dizer que não é a primeira vez que o Estadão é denunciado e criticado por permitir a ascensão e a impunidade de chefes abusivos, sem nenhum tipo de controle empresarial. Há o caso extremo, infinitamente e vergonhosamente mais grave em termos legais, mas de válida lembrança em termos de descontrole funcional, do jornalista Pimenta Neves, que demonstra o histórico de falhas gerenciais da empresa Estadão, algo que jamais foi reparado ou corrigido. Pimenta Neves foi escolhido a dedo e legitimado a fazer o que quis na redação até demitir e matar sua namorada, também jornalista. Antes de matar sua namorada, Pimenta Neves ligou para empresas, redações e agências para que não contratassem ela (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2708200006.htm), um tipo de assédio que também é cometido pela atual gestão do Estadão contra funcionários. O Estadão jamais colocou em prática controles ou planos para evitar situações de abuso psicológico ou físico. E, como mencionamos, devido às sucessivas retaliações e omissões da direção do Estadão contra denunciantes, foi comprovado que a empresa jamais vai tomar ou tomaria qualquer atitude contra ilegalidades denunciadas que envolvam Andreza ou qualquer outro gestor. Fica visível que o jornal teme alimentar e fortalecer processos trabalhistas e teme ficar sujeito a multas milionárias caso reconheça falhas e interrompa tais práticas ou retire poderes de chefia de Andreza ou de gestores acima dela. Para o jornal, reconhecer qualquer falha soaria como confissão de culpa e fortaleceria processos e investigações em andamento contra o jornal. É por isso que o jornal se coloca como vítima, inventando que é perseguido por fazer "jornalismo independente", qualidade cada vez mais distante do jornal pelos favores que presta enquanto finge fazer "jornalismo independente", como demonstraremos a seguir e em juízo. Já Andreza inventa que é perseguida por ser mulher e jornalista "independente", uma falsidade completa que busca esconder as violações pelas quais ela está sendo denunciada e investigada, por terem sido igualmente praticadas contra mulheres. Reiterando aqui que não se trata de denunciar o jornal por cobrir ou noticiar essa ou aquela notícia contra o governo A ou B. Não queremos convidar aqui o Ministério Público a editar ou censurar jornais. Tratamos aqui das práticas ilegais contra trabalhadores, dos danos morais coletivos, que ficaram impunes no meio dessa produção. Há um custo social óbvio para esse assédio moral e para essas péssimas práticas éticas. Queremos justamente que o jornal pratique o bom jornalismo, ou pelo menos tente garantir controles institucionais para isso, e que ao menos tente seguir a lei. Queremos justamente que o jornal pare de favorecer políticos, personalidades e grupos como o partido Novo e a federação PSDB-Cidadania, ou determinados ministros de tribunais. Não queremos que o jornal favoreça ninguém. Queremos apenas que o jornal cumpra a lei, cumpra o código de ética profissional, assim como garanta as prerrogativas e os deveres legais que a condição de jornal lhe permite e exige. Não queremos em momento algum que o jornal declare apoio ao político A ou B. Queremos apenas que o jornal pare de servir como plataforma partidária para indivíduos e grupos específicos, ou que ao menos pare de exigir que seus funcionários tenham qualquer tipo de participação nessa atuação indevida. Se os diretores ou sócios querem atuar de maneira enviesada ou panfletária para favorecer A ou B, que parem de submeter profissionais contratados a essas tarefas aviltantes. Queremos que o jornal pare de assediar e violar direitos trabalhistas dos profissionais que vendem temporariamente seu trabalho, de boa-fé, com a expectativa de que consigam remuneração apenas pelo jornalismo preconizado na legislação brasileira, no código de conduta do próprio jornal e nos contratos de trabalho firmados pelo jornal. Hoje e ontem, é um exercício hercúleo conseguir respeito mínimo e espaço mínimo para exercer o jornalismo nos termos garantidos pela legislação e pelo código de ética. Não há mérito institucional ou esforço gerencial algum pela publicação de reportagens como o chamado orçamento secreto ou por outros escândalos revelados pelo jornal-- o mérito é exclusivo dos repórteres que conseguiram descobrir e publicar essas reportagens a despeito do ambiente hostil no Estadão. Esses repórteres teriam conseguido publicar essas reportagens em outros veículos ou atuando por conta própria, que o jornal jamais tente se apropriar dos seus esforços pessoais. Lamentavelmente, já vivemos uma situação em que o jornal se apropria dos créditos trabalhistas dos funcionários e ex-funcionários. Pratica-se bom jornalismo, quando se pratica, a despeito da direção do Estadão; jamais por causa da direção do Estadão. Vamos agora aos episódios que evidenciam as denúncias, com as provas disponíveis, e que exigem investigação complementar e análise independente para medidas de proteção dos direitos dos trabalhadores, de modo que o Ministério Público avalie se há motivos para afastar a atual gestão da empresa e/ou tomar medidas protetivas à preservação dos haveres financeiros dos trabalhadores.
Queremos reiterar aqui que o jornal, por interesses ocultos privados de Andreza Matais, distorceu e desviou o caráter jornalístico da cobertura das visitas da tal "dama do tráfico" às autoridades do governo federal. É evidente que o jornal não estava meramente enfrentando o crime organizado ou os desmandos do governo. Andreza e o jornal mobilizaram mais de 10 profissionais para inflar as notícias das visitas da tal dama do tráfico. Toda essa cobertura ocorreu em meio a práticas abusivas, consideradas assédio moral, tipo de prática pela qual Andreza inclusive já é investigada, enquanto distorcia a cobertura do tal escândalo para seus interesses pessoais. Sem transparência sobre suas intenções pessoais neste escândalo, e não outros, Andreza mobilizou mais de 10 repórteres, colunistas e editores para ajudar indiretamente o ministro Bruno Dantas, presidente do TCU, de quem Andreza se diz amiga pessoal e próxima, em sua disputa com o ministro da Justiça, Flavio Dino, por vaga no Supremo Tribunal Federal. Essa ajuda indireta fica patente quando se comprovam os erros jornalísticos, as distorções empregadas no noticiário e os recursos inusuais para inflar o escândalo, em detrimento de outras notícias de interesse público e coletivo nas quais os jornalistas da empresa poderiam ter sido divididos. É evidente que era relevante notícia, manchete, o fato de que a mulher de um chefão do tráfico, igualmente condenada criminalmente por associação ao tráfico, visitou autoridades federais. Mas a distorção existe nas omissões e nas invenções que o jornal deliberadamente empregou para manter essa cobertura inflamada, entre as quais: inventar um apelido (dama do tráfico), o que foi alegado por um dos profissionais submetidos a essa tarefa, omitir a absolvição em primeira instância da tal dama do tráfico, distorcer em manchetes e enquadramentos editoriais as responsabilidades de cada um pelos atos, e, ao fim, forçar dezenas de textos e colunas, sem informações novas (pura embalagem publicitária para o material revelado anteriormente, ex: "entenda ponto a ponto"), sobre as tais visitas, em nítidas tentativas de manter o escândalo inflamado mesmo sem informação nova (tempo valioso que o jornal poderia empregar para de fato investigar este escândalo ou outros). O jornal chegou a submeter um dos repórteres a uma defesa quase ininterrupta nas redes sociais da validade das reportagens (algo que sequer é usual de ocorrer), de modo que até elogiasse os chefes publicamente (Andreza e Leonencio Nossa). Andreza chegou a recorrer ao ministro Gilmar Mendes, do STF, suposto apoiador da candidatura de Bruno Dantas ao STF, de quem igualmente se diz amiga, para conseguir uma entrevista para inflamar a gravidade das visitas (https://www.estadao.com.br/politica/crime-encontrou-meios-de-se-situar-na-sociedade-diz-gilmar-sobre-acesso-do-cv-ao-governo/), e também recorreu a uma entrevista visivelmente panfletária e inapropriada jornalisticamente com o presidente do partido Novo (https://www.estadao.com.br/politica/em-pais-serio-governo-teria-caido-diz-presidente-do-novo-sobre-comando-vermelho-em-ministerios/), sigla de político para a qual o jornal negocia a venda de uma participação societária (vide entrevista do ex-presidente do Novo, Luiz Felipe D'Ávila, a partir do trecho que vai de 1h12minutos e 20 segundos até 1h17minutos https://www.youtube.com/watch?v=nZuNvFoSG9c). Vale lembrar que não é papel do jornalismo valorizar ou impulsionar as demandas ou as opiniões de nenhum partido, ou especificamente do partido Novo que sequer tem representação parlamentar relevante para gozar de espaço possivelmente concedido a outros atores políticos. Sem relevância jornalística, fica evidente o tratamento generoso do Estadão com o partido Novo, algo que só pode ser explicado, por exemplo, por essa negociação com D'Ávila e seus amigos que se comprometeram ou avaliaram se comprometer a dar um alívio financeiro à família dona do Estadão. Evidentemente que jornais existem para fiscalizar autoridades, revelar abusos e crimes dos poderosos, mas os recursos empregados para isso (tudo feito de forma obtusa para manter o escândalo inflamado e recorrendo até ao partido Novo) evidenciam que o jornal não estava meramente exercendo o "bom jornalismo", pois, se esse fosse o objetivo, o jornal priorizaria o investimento em novas revelações, novos criminosos presentes em reuniões, para avançar na investigação, sem depender de ajuda do partido Novo para manter o assunto inflamado. É evidente que o jornal controlou e impulsionou artificialmente a cobertura, com o objetivo oculto de ajudar Dantas e prejudicar Dino na corrida pelo STF. Coincidentemente, foram recrutados para essa "valorização" basicamente profissionais recém-contratados por Andreza. No meio desses textos e colunas feitos para inflamar artificialmente o assunto, um dos artigos chega a defender a profecia auto-realizável de que as visitas do CV "dificultam" a vida de Dino na disputa pelo STF. https://www.estadao.com.br/politica/monica-gugliano/visita-de-integrante-do-cv-a-ministerio-dificulta-a-vida-de-flavio-dino-na-corrida-a-vaga-ao-stf/
Não se trata aqui de tratar a "dama do tráfico", o ministro ou o secretário XYZ como vítimas, mas, sim, de evidenciar que o jornal não empregou sequer práticas medianas jornalísticas para exercer o jornalismo imparcial, independente, preciso e objetivo, ao ponto de ter recorrido a um apelido inventado (dama do tráfico) para conferir maior gravidade ao assunto. No meio disso tudo, o jornal submeteu seus profissionais, notadamente os jovens repórteres (na maioria recém-contratados ou recém-formados), às reiteradas práticas de assédio moral e também a riscos inadmissíveis para cobrir uma facção criminosa como o Comando Vermelho. O jornal pode garantir, ou comprovar, que ofereceu aos repórteres alternativas, como a cláusula de consciência, para não participar ou não assinar reportagem em que supostamente enfrentam interesses do maior chefe do tráfico no Amazonas? O que o jornal fez para garantir a segurança dos profissionais envolvidos na reportagem? Foram fornecidos telefones em nome do jornal para as ligações e as entrevistas para "ouvir o outro lado" da facção criminosa? O jornal seguiu recomendações e boas práticas da categoria, como as recomendações dos sindicatos e do Instituto Internacional para a Segurança da Imprensa (Insi), para garantir e preservar a integridade física e psicológica dos profissionais envolvidos na produção de notícias sobre o chefão de uma das maiores facções do país? Os profissionais receberam telefones do jornal, ou outros mecanismos de proteção, ou foram orientados POR ESCRITO a não correr riscos pela notícia, como recomenda a INSI na seguinte diretriz: "deve informar-se o pessoal do quadro e os colaboradores que é inaceitável, e desaprova-se vivamente, que se assumam riscos injustificados para a obtenção de uma notícia". https://jornalistas.eu/insi-apresentado-formalmente-em-bruxelas/ Foi feito algum treinamento, proteção ou orientação aos profissionais envolvidos (e não habituados) a notícias sobre uma facção criminosa como o CV? O jornal pode comprovar que não pressionou repórteres e outros profissionais a fazerem tudo para manter inflamada a "cobertura da dama do tráfico"? Por que o jornal estimulou ou permitiu que jovens repórteres e outros contratados pessoalmente por Andreza ficassem no papel de ter de provar por A+B sobre o quão criminosa ou quão comprometedora é a tal "dama do tráfico" (apelido inventado pelo próprio jornal)? Por que o jornal não relatou fatos e se limitou a fazer interpretações baseadas em dados, em fatos e na legislação penal, extrapolando seus textos para especulações e wishful thinking? É evidente que o jornal tem o dever de noticiar as ramificações de facções criminosas, inclusive suas eventuais ligações com ministros, presidentes, etc, em um tipo de cobertura de crime organizado que o Estadão sequer executa de maneira satisfatória e regular no seu estado natal, pois não cobre de maneira minimamente decente o PCC. Tampouco há cobertura decente do Estadão sobre as milícias do Rio ou o próprio CV, de modo que é risível o jornal se apresentar como um aguerrido combatente das facções criminosas. O jornal pode dizer que garantiu cláusula de consciência, direito de recusa, segurança, proteção física, liberdade de ação para todos os profissionais envolvidos nessa missão "dama do tráfico"? Ou os profissionais ficaram reféns de cumprir os desígnios pessoais expressos por Andreza, chefe de toda a editoria Política, ou também Andreza vai dizer que meramente repassava ordens de Euripedes ou dos sócios da empresa? Se não havia interesse privado oculto, por que o jornal distorceu o noticiário dessa forma, submeteu seus profissionais a riscos tolos de embates pessoais com uma facção e cometeu erros básicos nesse processo? Por que os profissionais foram submetidos a esse nível de pressão, ao ponto de precisarem se expor e bater boca nas redes sociais? Qual o tratamento dado pela empresa a um profissional que precisa carregar sozinho o ônus de defender nas redes a integridade do seu trabalho? Andreza exigiu ser defendida e apoiada pelos profissionais nas redes ou publicamente? O jornal contratou carro blindado ou reforçou a segurança pelos riscos de entrar em embates tão pessoais com chefes de facções criminosas? Qual foi o verdadeiro respeito às vontades e aos direitos individuais de cada profissional da editoria Política? Vale a pena submeter trabalhadores, de maneira tão desleal, a enfrentamentos com chefes de facções e embates pessoais com outros criminosos de facções e seus familiares? O jornal adotou cautelas mínimas para investigar com recursos próprios as visitas ao Ministério da Justiça, ao TCU e à Advocacia-Geral da União, caso tenha buscado imparcialidade e equidistância dos concorrentes à vaga do STF? Essas perguntas não são especulações. Demonstramos aqui (e igualmente provam as próprias reportagens publicadas), além de exisitirem meios de repisar isso em juízo, que Andreza e o jornal pressionaram, cobraram e atormentaram funcionários a se desdobrarem pela cobertura da "dama do tráfico", ao ponto de incorrerem em erros básicos e imprudências. Respondemos e denunciamos aqui também que o jornal não reforçou a segurança ou orientou corretamente os repórteres sobre os riscos envolvidos. Denunciamos também que o jornal não adotou contrapontos, cautelas e procedimentos para ao menos fingir uma cobertura equânime e critica sobre os 3 concorrentes à vaga do STF. É evidente que cada caso é um caso, mas por que recorrer a práticas do jornalismo marrom para inflamar artificialmente um escândalo ao invés de adotar uma cobertura tenaz e verdadeiramente investigativa sobre o ministro A ou a facção B? Por que o jornal nunca fez cobertura crítica ou investigativa de Bruno Dantas e das suas relações com seus padrinhos políticos como Renan Calheiros (MDB)?
Além dos xingamentos que proferiu contra subordinadas, chamando-as de "vaca" e "vadia" na frente de testemunhas, além dos ataques para silenciar e calar a boca de funcionários igualmente na frente de testemunhas, além das demissões de mães sem motivo empresarial-financeiro ou profissional, Andreza também utilizou o cargo de editora-chefe de Política para envolver funcionários e subordinados na defesa dos interesses pessoais de sua família, especialmente na cobertura parcial, publicitária, enviesada, distorcida de assuntos da Federação PSDB-Cidadania, em que seu marido Joao Artur ("Tuca") de Almeida Pinheiro é vice-presidente do conselho fiscal do Cidadania. Como dirigente do Cidadania e cônjuge da editora de Política do Estadão, "Tuca" Pinheiro esteve envolvido recentemente em disputa partidária na qual conseguiu remover do cargo o então presidente do Cidadania, Roberto Freire, no segundo semestre deste ano. Embora o código de ética jornalístico proíba a busca por interesses pessoais ou familiares, Andreza cometeu abusos, promoveu e editou reportagens alinhadas aos interesses de seu cônjuge, embora esse tipo de conflito ético seja considerado inaceitável tanto pelo código de ética da categoria quanto pelo da empresa. Não há precedentes de editores de política nos outros jornais ou veículos, no Brasil ou nos Estados Unidos, que editem, promovam e direcionem reportagens para favorecer interesses de alas de cônjuges em partidos, com participação ativa do cônjuge na empreitada. Apesar disso, Andreza impulsionou e distorceu demanda do seu cônjuge, e de outros 13 aliados, contra outra facção do partido Cidadania, para tirar Freire do poder. Andreza pautou e interferiu diretamente no texto sobre o assunto, humilhando verbalmente profissionais submetidos por ela ao inaceitável papel de escrever sobre interesses familiares da chefe. A celeuma partidária poderia ter sido noticiada de forma imparcial e isenta, sem humilhações e assédio, sem a prática de conduta vedada pelo código de ética da categoria. Parece razoável que algum gestor tenha o direito de controlar toda a pauta de Política e de favorecer, humilhar e interferir diretamente em pauta do interesse direto do seu cônjuge-dirigente em um partido? Seria razoável que Lindbergh Farias editasse no Estadão as reportagens sobre as brigas partidárias de sua cônjuge, Gleisi Hoffman? Por que o Estadão não chama o/a cônjuge do/da vice-presidente do conselho fiscal do PT para editar suas reportagens sobre o PT? Parece juridicamente razoável, legítimo, permitido pelo Código de Ética, que qualquer jornalista tenha esse tipo de poder e imunidade para humilhar subordinados e fazer o que quiser ao impulsionar interesses e brigas dos cônjuges? Qual o interesse empresarial da direção do Estadão em validar e permitir isso? O envolvimento do marido e o óbvio interesse familiar da editora de política do Estadão foram omitidos dos leitores. https://www.estadao.com.br/politica/coluna-do-estadao/querem-me-tirar-para-aderir-ao-governo-lula-diz-roberto-freire-presidente-do-cidadania/
O envolvimento pessoal de Andreza com pautas da Federação PSDB-Cidadania (ex-PPS) não se encerra por aí. Entre outros exemplos, Andreza também promoveu e conferiu tratamento distorcido, injustificável e publicitário a uma entrevista com o deputado Aécio Neves (PSDB), que ganhou um generoso, inimaginável, espaço superior a 20 minutos de leitura (provavelmente superior a 20 páginas em muitos processadores de texto), para se promover na arena política. Não se trata aqui de defender que rivais de Aécio ganhem o mesmo espaço gigantesco, mas de lembrar o básico, que jornal/site/veículo jornalístico não pode ser usado como palanque ou megafone de políticos ou partidos. Nem do Novo, nem do PT, nem do Podemos, menos ainda do PSDB-Cidadania em que há o inaceitável interesse pessoal da atual editora de política do jornal. É evidente que os funcionários envolvidos na mencionada entrevista precisavam ter o direito de se recusar a fazer essa entrevista e de saberem que a entrevista afetava diretamente os interesses familiares da editora responsável por recrutá-los para a tarefa. Por que o jornal submeteu os jornalistas a entrevista tão publicitária, tão contrária a preceitos básicos de jornalismo, e controlada por pessoa com interesse familiar direto em favorecer e ajudar o entrevistado? Leitores têm o direito de saber que tal espaço desproporcional e tal tratamento generoso foram concedidos por uma editora que é casada com um dirigente-parceiro de Aécio na Federação PSDB-Cidadania. De outro modo, é também evidente que uma gestora não pode submeter seus funcionários à inaceitável situação de ter de entrevistar um colega de federação do cônjuge em meio a negociações entre o PSDB e o CIdadania por verbas e espaço representativo. Com só quatro deputados no Congresso, o Cidadania tem pouco a oferecer ao PSDB em verbas ou eleitores, mas, por motivos injustificáveis, Aécio ganhou um espaço de entrevista (superior a 20 minutos de leitura) que não conquistou nem em 2014, quando era, de fato, pauta nacional como candidato à Presidência. https://www.estadao.com.br/politica/aecio-prega-que-psdb-deve-endurecer-na-oposicao-a-lula-nao-da-para-ficar-nesse-nem-nem/
Outro fato grave que precisa ser ressaltado especificamente em relação à função de gestora de Andreza Matais, e aos controles empresariais do Estadão, é a reiterada sonegação e não contabilização de horas extras praticadas pelos funcionários, em jornadas exaustivas, estafantes e degradantes, que se prolongam por mais de 12 horas por dia. Tão grave quanto não contabilizar e não pagar as horas extras é o fato de que, para aterrorizar os funcionários, Andreza e a empresa circulam ocasionalmente mensagens, por WhatsApp e e-mail, ameaçando os funcionários de ficarem sem receber o salário ao fim do mês caso não tenham aprovadas suas folhas de ponto com suas marcações de horários. É o tipo de ameaça que nenhuma empresa jornalística faz e evidentemente é ilegal sonegar ou reter salários por mera falta de preenchimento burocrático de documento. O problema é que, para ter aprovadas suas folhas de ponto, os funcionários precisam aceitar que suas folhas sejam reprovadas até sumirem ou serem imensamente reduzidas as horas extras informadas inicialmente. Ex: se o funcionário preenche a folha de maneira que some 20 horas extras no mês, Andreza pessoalmente reprova a folha, ou delega a um subeditor para reprovar, e aí começa um inferno para que o funcionário consiga ter suas folhas aprovadas e não fique com medo de perder o salário do fim do mês. Em paralelo, Andreza cobra funcionários a cumprirem intermináveis jornadas de horas extras, ligando e exigindo tarefas das 8h da manhã à meia noite, ou até na madrugada. De modo que o funcionário é levado a crer que, por ela ter pessoalmente se empenhado nessas cobranças por horas extras, a jornada será contabilizada com as horas extras no fim do mês. Mas as folhas de ponto continuam sendo reprovadas e as horas extras magicamente somem e deixam de ser contabilizadas. É fácil de verificar isso. Basta ao Ministério Público verificar o sistema NEXUS, ou outros sistemas do Estadão, para verificar a quantidade de reprovações de folha de ponto e a falta de contabilização das horas extras correspondentes. É possível ainda exigir a comparação das folhas de ponto do Estadão com as folhas privadas de ponto anotadas pelos funcionários, porque quase todos os funcionários passaram a manter seus próprios registros e documentação para não ficarem sem a contabilização de suas horas extras. Alguns funcionários chegam a fotografar as telas do sistema com as horas extras reportadas. Ao deixar a empresa, o funcionário sofre calote e não é pago pelas horas extras que cumpriu, restando a via judicial para recuperá-las. Há casos até em que o funcionário é assediado e achacado a assinar termos rescisórios fingindo, com a assinatura, que não tem direito a horas extras.
Seria possível detalhar dezenas de outros episódios com ilegalidades semelhantes às denunciadas aqui, mas por objetividade vamos aguardar os próximos passos para detalhar mais violações e eventos. Não vamos desistir dos nossos direitos, não vamos desistir de uma reparação. Reiteramos aqui o pedido de investigação do Ministério Público para que se tente preservar esses direitos e créditos trabalhistas.