Desfiliações em massa no PDT aumentam conflito entre os irmãos Cid e Ciro - O Cafezinho

   Rhyan de Meira

16/11/2023 - 09h23


Foto: Portal In

No auge da contenda política na família Ferreira Gomes, liderada pelo ex-ministro Ciro Gomes e seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT-CE), 43 prefeitos do Ceará declararam sua saída do PDT. Segundo O GLOBO, essa dissidência se junta a outros 18 parlamentares, mais dez prefeitos e dois filiados sem cargo que já haviam abandonado o partido, totalizando 73 deserções desde o início da crise.

A decisão de desfiliação em massa, anunciada durante um evento que contou com a presença de 46 prefeitos na terça-feira em Fortaleza, reacendeu a disputa de narrativas e intensificou os ataques entre os dois grupos liderados por Ciro e Cid. Essa mais recente onda de deserções ocorreu entre aliados do parlamentar. Um dos prefeitos que se desvinculará do PDT é Ivo Gomes, irmão de Cid e Ciro, responsável pela administração da cidade de Sobral. Além disso, a irmã deles e deputada estadual, Lia Gomes, também está deixando o partido.

O grupo está em desacordo com a posição adotada pelo PDT nacional, liderado pelo deputado federal André Figueiredo, um aliado de Ciro. A crise atingiu um ponto crítico nas últimas semanas, após uma reunião que resultou em confronto e troca de acusações entre os irmãos Gomes. Na época, a intenção era encerrar um conflito relacionado ao diretório estadual do partido no Ceará, que se tornou objeto de disputa judicial entre os irmãos.

Cid Gomes classifica os desentendimentos com o diretório nacional como perseguição. Na semana passada, o senador obteve uma vitória judicial, recuperando o controle do PDT no Ceará para o seu grupo. Em retaliação, o presidente do PDT, alinhado a Ciro, anunciou a intenção de iniciar um processo de expulsão do senador. A reação política se concretizou esta semana com a saída em massa dos prefeitos. A ameaça de Figueiredo em expulsar Cid do partido, conforme fontes, causou irritação em Carlos Lupi, que se afastou temporariamente da presidência do partido para assumir o Ministério da Previdência.

A liderança do PDT está apreensiva diante do panorama, especialmente com as eleições municipais do próximo ano em mente. Os últimos desdobramentos indicam que o partido está perdendo força. Em 2020, a legenda conseguiu eleger 314 prefeitos (em comparação com os 331 em 2016), sendo 65 deles no Ceará, incluindo José Sarto, prefeito de Fortaleza. Perder mais da metade desse respaldo complica as negociações para formação de alianças e reduz a base de apoio do partido nos diversos municípios.

Foto: Max Monjardim/ PDT Nacional

Cid argumenta que, sem as alianças com outros partidos, como o PT, o PDT enfrentará desafios na formação de chapas e na obtenção de tempo na propaganda partidária televisiva:

“Há por parte da Nacional um desrespeito com a maioria do partido aqui. No Ceará, o PDT é o maior partido com representação. Só queremos retomar uma aliança histórica com PT e outros partidos. Tem uma fração minoritária que quer um caminho diferente, o de isolamento, repetindo o equívoco de 2022”.

Conforme a declaração do senador, essa opinião é compartilhada por cinco deputados federais, 13 deputados estaduais e mais de 40 prefeitos:

“Poderíamos continuar brigando, mas chega uma hora que as pessoas compreendem que não são bem-vindas”.

Por outro lado, o presidente do PDT, o deputado federal André Figueiredo (CE), minimiza possíveis impactos no desempenho do partido e destaca que nenhum dos prefeitos solicitou oficialmente a desfiliação até o momento:

“Infelizmente, o senador Cid, uma pessoa extremamente qualificada junto com o seu grupo, não consegue conviver com divergências dentro do mesmo partido e tem que impor as suas vontades”.

A ala do partido que se opõe a Cid contesta a maneira como a reunião que resultou na saída em massa dos prefeitos foi conduzida. Na perspectiva deles, ocorreram constrangimentos aos prefeitos durante o encontro.

Revisão dos conflitos entre os irmãos:

  • Aliança com Petistas: As desavenças entre Cid e Ciro Gomes têm origem nas eleições do ano passado, especialmente no que diz respeito à aliança com o PT. Cid apoiou o atual presidente, Lula (PT), no segundo turno, indo contra a posição de seu irmão.
  • Aproximação com Elmano: O grupo liderado por Cid passou a defender a retomada da aliança do PDT com o PT e o apoio ao governador Elmano de Freitas (CE). Ciro, por sua vez, segue em outra direção, defendendo a postura de oposição.
  • Disputa pelo Diretório: Em outubro, com o respaldo de Ciro, André Figueiredo destituiu a Executiva do Ceará, sendo posteriormente restabelecida por meio de uma liminar. Após a retomada, Cid convocou novas eleições locais e foi eleito presidente estadual. No entanto, horas depois, através de decisões judiciais, o grupo de Ciro retomou o controle, devolvendo a direção a Figueiredo.
  • Discussão em Reunião: No último dia 27, um encontro do PDT no Rio de Janeiro terminou em uma acalorada discussão entre Ciro e Cid.
  • Aumento nas Desfiliações: A disputa intensificou as desfiliações, totalizando 73 até o momento, incluindo 43 prefeitos até anteontem. Essa batalha tem atrasado a definição das pré-candidaturas a prefeito nas capitais, sendo que, até agora, apenas três foram anunciadas: Duda Salabert, em Belo Horizonte; Juliana Brizola, em Porto Alegre; e Goura, em Curitiba. 
  • https://www.ocafezinho.com/2023/11/16/desfiliacoes-em-massa-no-pdt-aumentam-conflito-entre-os-irmaos-cid-e-ciro/

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