Brasil é eleito ao Conselho de Direitos Humanos da ONU


Jamil Chade
Colunista do UOL
10/10/2023 12h40
Atualizada em
10/10/2023 13h14… 
Lula discursa na Assembleia Geral da ONU, em Nova York Imagem: Reprodução/ONU

O governo brasileiro obteve votos suficientes para voltar ao Conselho de Direitos Humanos da ONU a partir de 2024. A eleição ocorreu nesta terça-feira (10), em Nova York, e o país somou 144 apoios entre 192 votos possíveis. O processo, porém, ficou marcado pela polêmica eleição da China ao órgão — que conta com 47 membros.

Para as três vagas destinadas para a América Latina, existiam quatro candidatos: Peru, República Dominicana e Cuba, além do Brasil. O governo do Peru não obteve votação suficiente.

Cuba superou o Brasil, com 146 votos, contra 137 para a República Dominicana. Os peruanos somaram 108 votos.

A eleição serviu de termômetro para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva avaliar o grau de apoio que tem no exterior e seu capital político. Mas a campanha ainda sofreu outro obstáculo: o governo de Jair Bolsonaro foi o último a entrar na campanha pela vaga e anunciar que o Brasil queria o posto de volta.

Na prática, quando o governo brasileiro iniciou reuniões com delegações de todo o mundo para pedir apoio, muitas informaram que já tinham se comprometido com os três outros candidatos.

Mesmo assim, o trabalho da diplomacia e o discurso de Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU, em 19 de setembro, permitiram que a campanha ganhasse força.

Em 2019, no governo de Jair Bolsonaro, o Brasil havia sido eleito com 153 votos para ocupar a cadeira entre 2020 e 2021. Naquele momento, a Venezuela ficou com 105 votos.

Dentro do conselho, o Brasil poderá fazer parte de todos os debates, apresentar projetos de resolução e, acima de tudo, votar por propostas sobre alguns dos temas mais delicados do cenário internacional.

Consternação de ativistas e aplausos para derrota da Rússia

A eleição ainda foi marcada pela consternação de ativistas diante da vitória da China. Pequim, acusada até mesmo pela ONU por violações de direitos humanos, continua em 2024 no conselho com a missão de manter seu projeto de redefinir o conceito de direitos humanos.

Mas, entre os quatro países asiáticos que estavam na corrida para as quatro vagas, foi quem recolheu o menor número de votos. Indonesia, Kuwait e Japão superaram os chineses.

Para Pequim, o foco internacional não pode ser na acusação recíproca contra governos soberanos.

Os asiáticos ainda defendem uma maior atenção da agenda internacional aos direitos econômicos e sociais de uma população, não necessariamente nos aspectos dos direitos civis e políticos.

A votação ainda marcou a derrota da Rússia, abrindo uma onda de protestos internacionais. Moscou, porém, mostrou que, apesar do isolamento promovido pelos EUA e Europa, conta com apoios pelo mundo.

No final, o Kremlin somou 83 votos, ficando abaixo da quantidade mínima de 97 votos necessários para entrar no conselho.

Vladimir Putin é alvo de um mandado de prisão por parte do Tribunal Penal Internacional, por violações de direitos humanos e crimes de guerra na Ucrânia.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2023/10/10/brasil-e-eleito-ao-conselho-de-direitos-humanos-da-onu.htm

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