A história se repete: Santa Casa, Câmara e prefeitura de Mogi ‘fazem drama’ por causa do PS -

 

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 Bras Santos

 

Oi Diário

12/10/2023
Foto: Câmara de Mogi

Está prevista para a próxima semana reunião na Câmara Municipal de Mogi das Cruzes para intermediar o diálogo entre a Prefeitura e a Santa Casa da Cidade com o objetivo de evitar o fechamento do Pronto-Socorro (PS) da filantrópica. A decisão do Legislativo em liderar a conciliação entre as partes surgiu em reunião na manhã desta quarta-feira, 11, na própria sede da Santa Casa.

O encontro foi agendado pelo vereador Otto Rezende (PSD), presidente da Comissão Permanente de Saúde, Zoonoses e Bem-estar Animal. Também participou da visita à filantrópica o presidente do Legislativo, Marcos Furlan (Pode), além dos vereadores Malu Fernandes (SD), Inês Paz (PSOL), Francimário Vieira (PL), o Farofa, Zé Luiz (PL), Mauro de Assis Margarido (PSDB), Bi Gêmeos (PSD) e Johnross (Pode).

Os parlamentares foram recebidos pela diretoria da Santa Casa, entre os quais o provedor da unidade, José Carlos Petreca, e o presidente do Conselho Fiscal da filantrópica, Flávio Ferreira Mattos. Antes de a reunião iniciar, os vereadores foram convidados a conhecer as instalações do Pronto-Socorro, onde puderam observar salas de observação lotadas e pacientes em macas nos corredores.

Segundo Mattos, a Prefeitura foi informada pela Santa Casa sobre a intenção de romper o convênio do PS no último dia 5 de julho. “Avisamos que não temos mais o interesse nesse contrato, e propusemos uma transição tranquila. Não queremos mais gente nos corredores nem que falte atendimento à população”. Diante disso, Furlan colocou a Câmara à disposição para mediar as negociações entre o Executivo e o equipamento hospitalar.

“Vamos abrir mais um canal de diálogo entre a Santa Casa e a Prefeitura. A Câmara vai intermediar essas negociações para que, juntos, possamos encontrar qual será o melhor caminho para nossa Cidade”, disse.

Furlan acrescentou que entre as saídas imediatas, a manutenção do PS atual seria a mais sensata. “O fechamento do PS da Santa Casa será muito prejudicial à população. Vamos lutar para manter o Pronto-Socorro na filantrópica, pelo menos por enquanto, e planejar uma solução definitiva para o futuro: um hospital ou então um novo equipamento público, que seja mais adequado a uma Cidade de 500 mil habitantes e uma região que ultrapassa os 1 milhão de moradores”.

O presidente do Legislativo afirmou ainda que será necessária a atuação do Governo do Estado para resolver o impasse. “Essa situação já se alastra há muito tempo. Antes desse governo, inclusive, o problema já existia. Além disso, precisamos da participação do Governo do Estado. A Prefeitura está abarcando responsabilidades estaduais, e o Governo Federal está enviando à Prefeitura apenas recursos para a saúde primária”.

Otto Rezende lembrou que a filantrópica afirma não ter condições físicas e operacionais para continuar com o setor de emergências aberto. “Não é questão de dinheiro, e sim de condições operacionais técnicas. A Santa Casa já tem 150 anos e é reconhecida em nossa Cidade. Hoje ouvimos na reunião o lado dos gestores da filantrópica, que afirmam que a mesma não tem espaço físico para manter um Pronto-Socorro. Na próxima segunda ou terça-feira, reuniremos no Legislativo representantes da Santa Casa e da Prefeitura”, comentou.

Mattos, presidente do Conselho Fiscal da Santa Casa, explicou sobre alguns dos problemas que interferiram na decisão de desistir de continuar com o convênio com o Município para o PS. “Temos problemas de superlotação e problemas com as chamadas vagas zero do CROSS [Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde, ligado ao Governo do Estado]. Não podemos recusar esse tipo de atendimento, mesmo quando não temos especialistas da área. Por exemplo: chega aqui um paciente com problema cardiológico, mas não temos cardiologistas. Não podemos recusar o atendimento. Mas abrimos as portas para esse paciente sem ter a menor condição de atender. Isso tem causado muitos óbitos. Não é uma questão de dinheiro, mas de estrutura e humanização do atendimento”.

Inês Paz (PSOL) lembrou que a responsabilidade de oferecer o serviço médico de urgência é do Município. “O Pronto-Socorro é uma responsabilidade do Município. No entanto, a Prefeitura, inclusive em gestões anteriores, fez um Hospital Municipal em Braz Cubas sem o PS. O Executivo viabilizou novo prédio para a maternidade, mas ela também não funciona”, ponderou.

Zé Luiz (PL) sugeriu que o atendimento seja montado em outro local. “O problema não é novo, mas agora está pior. A Santa Casa virou uma bomba-relógio. Precisamos de soluções e planejamento urgentes. Por que não pensar em reaproveitar o Doutor Arnaldo [Hospital Estadual Doutor Arnaldo Pezzuti Cavalcanti, em Jundiapeba], que tem espaço ocioso?”, indagou.

Malu Fernandes (SD) defendeu uma discussão coletiva. “Precisamos construir um caminho em conjunto. É fundamental encontrar a melhor forma possível de ajudar a nossa população”.

Já o vereador Farofa pediu menos atritos durante as buscas por entendimento. “Fiquei sabendo que a Prefeitura teria cogitado uma intervenção na filantrópica. Isso seria inimaginável, pois a Santa Casa está com suas contas em dia, está redonda. Não acho saudável esse tipo de ameaça, de picuinha. O assunto da saúde pública é muito sério”, disse.

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