Entenda por que o superfungo identificado em SP preocupa autoridades

 

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De VivaBem*, em São Paulo

08/06/2023 10h08

O estado de São Paulo registrou o primeiro caso do superfungo Candida auris. O paciente, um bebê recém-nascido, está sob acompanhamento de uma equipe médica.

Por que a Candida auris preocupa tanto?

Os organismos do reino Candida são velhos conhecidos da população. Eles causam infecções orais e vaginais bastante comuns nos seres humanos, como a candidíase, que é combatida com fungicidas vendidos em qualquer farmácia.


Mas especificamente a Candida auris causa grande preocupação nas autoridades sanitárias por ser resistente à maioria dos fungicidas existentes. Em alguns casos, a todos. Isso levou a espécie a receber o apelido de superfungo.

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A espécie produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandinao, três dos principais compostos antifúngicos.

O patógeno é capaz também de infectar o sangue, levando a casos agressivos e muitas vezes letais. Além disso, acomete em geral pacientes graves, que permanecem por longos períodos em unidades intensivas de tratamento.

Difícil de identificar

Não bastasse sua resistência, o patógeno é difícil de identificar, podendo ser confundindo, em laboratórios, com outras espécies de Candida. Isso porque há um desconhecimento sobre a nova espécie, então ela pode acabar passando desapercebido.

Outra característica que torna a espécie preocupante é sua capacidade de sobreviver por meses em superfícies como macas, móveis e instrumentos. É possível, por exemplo, que indivíduos saudáveis transportem o fungo entre unidades hospitalares sem saber.

A transmissão, contudo, se dá somente pelo contato direto com objetos ou pessoas infectadas, uma das poucas características que favorecem sua contenção.

Até hoje, por exemplo, nunca foi identificada uma infecção por Candida auris fora do ambiente hospitalar.

Origem do superfungo

O superfungo foi primeiro identificado no Japão, em 2009, no ouvido de um paciente internado, o que levou ao nome auris —orelha, em latim. Ao todo, foram cerca de 5 mil pessoas infectadas até agora em todo mundo.

nível de alerta cresceu bastante durante a pandemia de covid-19, que aumentou em muito o número de internações longas em todo o mundo. Isso porque pacientes graves passam muito tempo da UTI, tomando corticóide e, dependendo do caso, em ventilação mecânica —fatores que são riscos para infecções fúngicas.

Ainda não é possível saber a origem da Candida auris que apareceu no Brasil. A espécie foi identificada pela primeira vez no cateter de um paciente num hospital de Salvador, em dezembro de 2020.

*Com informações de reportagem publicada em 16/01/2022.

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2023/06/08/entenda-por-que-o-superfungo-identificado-em-sp-preocupa-autoridades.htm

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